EDUCAÇÃO INTERCULTURAL E SOBREDOTAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.21665/2318-3888.v2n4p06-34Resumo
O presente artigo apresenta, de forma resumida, uma investigação de doutoramento (Santos, 2012) realizada na Universidade Aberta de Lisboa. O trabalho objetivou conhecer e compreender os processos de desenvolvimento de algumas dinâmicas familiares, escolares e socioculturais de crianças sobredotadas residentes em Portugal (nos distritos de Setúbal e Lisboa) e que frequentam instituições escolares (do ensino público ou particular) do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Considerou-se de efetiva importância entender de que forma as famílias e as escolas gerem as problemáticas inerentes às crianças sobredotadas e qual o nível de aceitação destas crianças nas famílias, por parte dos colegas e professores nas escolas, mas também no meio sociocultural em que vivem e se encontram inseridas. Entendeu-se também pertinente indagar se as instituições escolares estão preparadas para operacionalizar a efectiva inclusão das crianças sobredotadas, proporcionando-lhes a oportunidade de um ensino adequado, que responda de forma positiva às suas necessidades específicas e individuais, valorizando e potenciando as suas capacidades e respeitando a sua singularidade. Este artigo aborda especificamente a importância da educação intercultural e a perspetiva intercultural na área da sobredotação. Para realizar este estudo utilizou-se a metodologia de investigação qualitativa. Optou-se por um estudo de tipo descritivo, na categoria de estudos de caso. Inferiu-se que os pais e os educadores/professores revelam dificuldades significativas na compreensão da problemática da sobredotação, o que dificulta notoriamente a organização de intervenções ajustadas aos problemas que poderão surgir com estas crianças e jovens, resultando em limitações e fragilidades na criação das condições necessárias à adequada promoção do desenvolvimento emocional e psíquico das mesmas e à plena maximização de todo o seu potencial e criatividade. Assim, se as famílias e as escolas/professores compreenderem a problemática da sobredotação e beneficiarem de estruturas de apoio adequadas e um efetivo acompanhamento na intervenção junto destas crianças, existirão menos dificuldades na gestão dos problemas observados ao nível familiar e escolar, o que irá contribuir claramente para uma visão positiva da sobredotação e uma melhor aceitação, compreensão e inclusão destas crianças nas famílias, nas escolas e na sociedade.
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