DÓ E ALEGRIA: RELAÇÕES ENTRE OS GUARANI-MBYA E SEUS CÃES NO JARAGUÁ/SP
DOI:
https://doi.org/10.21665/2318-3888.v5n10p49-81Resumo
Esse artigo tem por objeto as relações estabelecidas entre os Guarani-Mbya e os cachorros domésticos, tendo como foco a convivência cotidiana dos moradores das aldeias indígenas do Jaraguá (zona noroeste de São Paulo) com os cães que ali são abandonados pela população da metrópole. Este texto é resultado de uma Iniciação Científica financiada junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) na qual buscou-se compreender a posição destes animais no universo Mbya, assim como as práticas materiais e simbólicas que conectam os cães e os demais seres do mundo – outros animais, espíritos, divindades e humanos, índios e não índios. Tendo por pano de fundo o crescente interesse antropológico acerca das relações entre humanos e animais, esta reflexão espera contribuir para tal debate através descrição do coletivo formado pelos Mbya-Guarani e os cachorros nas aldeias na capital paulista. A abordagem etnológica desse trabalho justifica-se pela possibilidade de fornecer subsídios para discussões e ações tendo em vista a questão dos cães nas aldeias do Jaraguá. As descrições e dados apresentados aqui foram produzidos durante pouco mais de um mês de trabalho de campo nas aldeias Guarani no Jaraguá, de modo que seu principal resultado é a compreensão das afecções enredadas nas relações entre os cães e os Guarani-Mbya – como dó e alegria. O foco nas relações estabelecidas entre os Mbya dessas aldeias e os cães pode vir a contribuir para o diálogo entre os indígenas, o poder público e as pessoas envolvidas na questão, pois reconhece-se que qualquer intervenção legítima na situação deve levar em consideração a perspectiva dos Mbya sobre o tema.
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