O lugar da poesia na filosofia de Platão

Autores

  • Cicero Cunha Bezerra Departamento de Filosofia/UFS

Resumo

Platão viveu em uma época de decadência política. A Grécia, dividida em cidades rivais, mantinha a fama de Atenas como a cidade mais bela e imponente. Famosa por suas conquistas e cultura, no entanto, indefesa frente aos tiranos, bárbaros e demagogos. A cidade que inventou conceitos fundamentais que ainda hoje usamos como guias, tais como democracia, liberdade, isonomia, lei, política, tem na morte de Sócrates, para Platão, a consumação de seu declínio. Não é por casualidade que a virtude política é um tema que perfaz grande parte dos diálogos menores de Platão. Protágoras e Górgias são exemplos claros, não de uma busca por fundar sistema, mas de colocar a descoberto o processo de conhecimento. A República (Politeia) não é diferente. Nesse diálogo Platão realiza uma exposição “plástica” do Estado e de seus problemas ético-sociais. Embora essa obra não possa ser classificada como texto de direito político ou administrativo, é indubitável que Platão está tratando de um tema caro a todo sistema político, a saber, a justiça. O caminho encontrado pelo filósofo para refletir sobre a natureza do Estado justo é talvez o mais recorrente na história da filosofia antiga, a saber, a alma e suas manifestações. Mas que relação existe entre alma e poesia?

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Publicado

17-10-2010

Como Citar

BEZERRA, Cicero Cunha. O lugar da poesia na filosofia de Platão. A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura, São Cristóvão-SE: GeFeLit, n. 2, p. 12–19, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/apaloseco/article/view/n2p12. Acesso em: 7 set. 2024.

Edição

Seção

Artigos