Nemeia 7 (485?), de Píndaro - Para Sógenes de Egina, vencedor no pentátlo para meninos

Autores

  • Roosevelt Rocha Universidade Federal do Paraná/UFPR

Resumo

Breve nota explicativa

Sógenes foi vencedor no pentátlo para adolescentes, que incluía as provas de corrida, salto, arremesso de lança, lançamento de disco e luta. Essa última prova poderia ser dispensada se o competidor vencesse as quatro provas anteriores. A ode começa com a menção a Ilítia, deusa patrona dos nascimentos e das crianças, e, quase no fim (v. 86), faz uma menção a Héracles. Isso parece indicar que o jovem vencedor tinha vivido toda a sua infância e toda a sua adolescência e agora estava pronto para começar sua vida como adulto. Como Sógenes era de Egina, era adequado fazer alusão a personagens ligados à ilha na qual nascera Éaco, pai de Peleu e de Télamon. Peleu foi pai de Aquiles, que, por sua vez, foi pai de Neoptólemo. E Télamon foi pai de Ájax, também mencionado nesse epinício. Essa é uma das odes de mais difícil interpretação. Há questões textuais nos versos 33-34. Em alguns momentos Píndaro parece assumir um tom defensivo sem dar maiores explicações (64-69, 75-76 e 102-105). Vemos mudanças de tema sem que haja transições entre as partes do poema. E, por fim, há algumas passagens de significado dúbio (17-20, 31, 70-73, 77-79 e 102-105). No passado muitos estudiosos tentaram dar soluções para essas dificuldades aceitando a explicação encontrada no escólio N. 7.150a, no qual lemos a informação segundo a qual Aristodemo (um aluno de Aristarco da Samotrácia, grande filólogo alexandrino) acreditava que Píndaro apresentou o mito na Nemeia 7 da maneira como o lemos hoje em dia, porque ele estava reagindo às críticas que teriam sido feitas a ele por causa do modo pouco elogioso como ele retratou Neoptólemo no Peã 6, 112-119 (fr. 52F Maehler). Nesse poema, Apolo mata Neoptólemo porque ele estava tentando roubar objetos do templo do deus em Delfos. Mas, na Nemeia 7, 42, Neoptólemo é morto por causa de uma briga por carne sacrificial e também porque havia uma profecia que dizia que um dos eácidas estava destinado a ser sepultado em Delfos. O problema é que nenhum dos dois poemas, a Nemeia 7 e o Peã 6, pode ser datado com segurança e essas teorias, na verdade, não ajudam muito a interpretar o poema traduzido aqui. De qualquer modo, o que chama nossa atenção é o fato de Píndaro ter composto um epinício tão complexo para um rapaz que estava saindo da adolescência e cuja família não tinha obtido ainda nenhuma vitória digna de ser mencionada numa canção de celebração como essa. Talvez isso explique o fato de ele dar tanta ênfase aos mitos. Cabe frisar que essa é a primeira tradução dessa ode para a língua portuguesa.


Nemeia 7 (texto editado por Herwig Maehler, a partir da edição preparada antes por Bruno Snell e publicado pela Teubner, em Leipzig, em 1987)

Referências

PINDAR. Pindari Carmina cum fragmentis. Edited by Bruno Snell and Herwig Maehler. Leipzig: Teubner, 1987.

Publicado

10-11-2015

Como Citar

ROCHA, Roosevelt. Nemeia 7 (485?), de Píndaro - Para Sógenes de Egina, vencedor no pentátlo para meninos. A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura, São Cristóvão-SE: GeFeLit, n. 7, p. 79–89, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/apaloseco/article/view/n7p79. Acesso em: 26 jul. 2024.

Edição

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