Dynamics of investments in healthtechs in the national scenario
Maria Andresa Santana Silva1 Maria Elena León Olave2
A pandemia da Covid-19 tornou explícito, no mundo as desigualdades no setor de saúde, fator decisivo para impulsionar o desenvolvimento das healthtechs. Neste contexto, este estudo objetiva caracterizar o perfil das empresas healthtechs brasileiras que receberam fundos de investimentos de risco a partir do ano de 2018, com base nos relatórios de inteligência setorial nacional. Metodologicamente, foi realizada uma pesquisa com abordagem qualitativa, de natureza exploratória e descritiva. Os principais resultados apontam quase 60% das healthtechs brasileiras já receberam algum tipo de investimento. Entretanto, somente 14% dessas startups deixaram de receber investimentos devido à dificuldade em encontrar um investidor com potencial. Assim, este estudo oportunizou algumas contribuições à nível teórico, realçando a carência de pesquisas que abordam a perspectiva dos investimentos em healthtechs, sobretudo, nacionalmente.
The Covid-19 pandemic made explicit, in the world the inequalities in the health sector, a decisive factor to drive the development of healthtechs. In this context, this study aims to characterize the profile of Brazilian healthtechs companies that received venture investment funds as of the year 2018, based on national sector intelligence reports. Methodologically, a research was conducted with a qualitative approach, of exploratory and descriptive nature. The main results point out that almost 60% of Brazilian healthtechs have already received some type of investment. However, only 14% of these startups stopped receiving investments due to the difficulty in finding a potential investor. Thus, this study provided an opportunity for some contributions at the theoretical level, highlighting the lack of research that addresses the perspective of investments in healthtechs, especially nationally.
1 Egressa do Programa de Pós-Graduação em Administração- PROPADM da UFS - Campus São Cristóvão. E-mail: m.andresa22@hotmail.com
2 Docente do Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPADM) e Programa de Pós- Graduação em Administração Pública –(PROFIAP) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). E- mail: mleonolave@gmail.com
É responsabilidade dos governos nacionais garantir a prestação de serviços de saúde eficientes e acessíveis a todos. No entanto, oferecer serviços universais de saúde representa um desafio para os países em desenvolvimento (Chakraborty; Ilavarasan; Edirippulige, 2021), como é o caso do Brasil. Em resposta às deficiências na área da saúde, surgem, entre outras iniciativas, empresas startups, que apresentam propostas inovadoras para resolver os problemas e enfrentar os desafios desse setor (Godoi, 2018).
Healthtechs são startups voltadas ao setor de saúde cujo objetivo é utilizar tecnologia, dados e conhecimentos médicos para melhorar a qualidade de vida das pessoas, criando soluções inovadoras na interação entre pacientes, médicos, clínicas e indústrias (Mapeamento..., 2022; Medicina S/A, 2021). O rápido crescimento dessas startups é impulsionado pela capacidade de se adaptarem às demandas do mercado (Pereira et al., 2021).
O cenário pandêmico proporcionou um avanço considerável no número de healthtechs no Brasil, com crescimento acentuado de 142% em relação aos últimos anos, totalizando 1.023 startups no setor de saúde (Distrito Dataminer, 2022). Apesar das dificuldades e das instabilidades econômicas, as healthtechs têm sido protagonistas na luta contra a pandemia.
As empresas startups são responsáveis pela criação de inovação e conhecimento, além de contribuir para a geração de empregos, fatores que corroboram a sua relevância no cenário econômico mundial (Hoffmann; Radojevich-Kelley, 2012), seja pela promoção da inovação, pela competitividade ou pelo crescimento econômico. Para uma startup tornar-se economicamente sustentável é necessária a captação de recursos financeiros (Cunha Filho; Reis; Zilber, 2018). Contudo, investir em startups é considerada uma atividade de alto risco e o acesso ao capital torna-se um fator crítico nessas empresas (Sarmento; Costa, 2016), ao passo que, esses empreendimentos enfrentam restrições para obterem financiamento, por serem empresas com pouca tradição e visibilidade nos negócios e, assim, não apresentam antecedentes que ajudem na criação de uma imagem consolidada no mercado e, consequentemente, a credibilidade para obter recursos (Grilli; Mrkajic; Latifi, 2021).
Desse modo, quando esses empreendimentos buscam a captação de investimentos de capital de risco no mercado, o índice de incerteza em que operam faz com que o interesse dos
investidores seja reduzido (Fonseca; Domingues, 2017). Tanto à nível global quanto nacional, as healthtechs atraem notórios investimentos, fator que impulsiona a economia e proporciona aos seus clientes soluções inovadoras em tecnologia voltadas à saúde.
Neste contexto, este estudo objetiva caracterizar o perfil das empresas healthtechs brasileiras que receberam fundos de investimentos de risco a partir do ano de 2018, com base nos relatórios de inteligência setorial nacional. Metodologicamente, foi realizada uma pesquisa com abordagem qualitativa, de natureza exploratória e descritiva.
Este artigo dividiu-se nas seguintes seções: a primeira apresenta a contextualização sobre a temática de estudo, problematização, justificativa e objetivo da pesquisa. A segunda seção compõe-se pelo arcabouço teórico acerca da contextualização sobre a dinâmica de investimentos em healthtechs no Brasil. Na terceira seção, descreve-se a metodologia adotada no estudo. Na quarta seção apresenta as análises e discussão dos resultados e, por fim, na sexta seção, apresenta-se as considerações finais.
Nos últimos cinco anos, um dos segmentos corporativos que mais destacou-se no cenário econômico foram as healthtechs. Em decorrência ao contexto instaurado pela pandemia da COVID – 19, essas startups obtiveram impulso à nível mundial. No Brasil, a expansão das healthtechs deu-se no momento que as gigantes de investimentos passaram a atentar-se ao setor (Engelmann, 2022; Mapeamento..., 2022; Nicolau, 2022; Rocha, 2021). Diante essa realidade, de acordo o Mapeamento Healthtech (2022), realizado pela Associação Brasileira de Startups, no Brasil, cerca de 45% das healthtechs tem até 3 anos de operação. Ainda segundo o relatório, a maior taxa de abertura ocorreu durante a pandemia.
Tanto à nível global quanto nacional, as healthtechs atraem notórios investimentos, fator que impulsiona a economia e proporciona aos seus clientes soluções inovadoras em tecnologia voltadas à saúde. Ademais, somente no Brasil, foram investidos mais de US$ 530 milhões em startups deste segmento desde o ano de 2015, despertando ainda mais o interesse dos investidores voltados aos grandes mercados existentes na área de saúde (Distrito Dataminer, 2021).
Os investimentos em venture capital em healthtechs despontaram nos últimos nove meses do ano de 2021, esses investimentos totalizaram US$ 38,1 milhões (Inside Venture Capital, 2021). Esse tipo de startup representam um total de 13% dos investimentos em venture capital3 (VC) no Brasil, fica apenas na retaguarda das fintechs e insurtechs, como pode ser observado na figura 1, a seguir.
Figura 1 – Investimentos em Venture Capital no Brasil
Conforme os dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (2022), os investimentos em startups brasileiras atingiram R$ 11.547 milhões, no primeiro trimestre de 2022, número 181,3% maior que o ano de 2021. As startups de tecnologia associadas aos setores financeiros e de seguros, receberam juntas 37% dos investimentos.
Tendo em vista apenas os investimentos em private equity, sem considerar os dados do venture capital, tiveram um aumento de 268%, quando comparado ao mesmo período do ano de 2021. A alta reflete a aceleração econômica do país, visto que esses fundos de investimentos tendem a concentrar seus aportes em empresas maiores, aquecendo o mercado (ABVCAP, 2022).
3 Venture Capital, em tradução livre, capital de risco, terminologia difundida nos EUA pelo francês Georges Doriot. Nos anos de 1950, os profissionais americanos se organizaram para investir de forma estruturada em empresas privadas (Reis, 2018).
O número de rodadas e o montante de aportes em venture capital e private equity, podem ser observados no quadro 1.
Quadro 1 – Rodadas de investimentos em Venture Capital e Private Equity no Brasil
SETORES | NÚMERO TOTAL DE RODADAS* | RODADAS COM VALOR DIVULDADO | |
QUANTIDADES | VALORES** | ||
Serviços financeiros | 25 | 23 | 3.799,0 |
Energia | 1 | 1 | 1.730,0 |
Tecnologia da informação | 17 | 15 | 1.403,5 |
Construção Cível | 1 | 1 | 1.350,0 |
Varejo | 11 | 8 | 1.156,0 |
Logística e transporte | 8 | 5 | 398,0 |
Saúde, farmácia e estética | 12 | 9 | 194,0 |
Real Estate | 5 | 5 | 164,6 |
Educação | 6 | 6 | 155,0 |
Agronegócio | 5 | 4 | 90,7 |
Comunicação/mídia | 1 | 1 | 50,0 |
Alimentos e bebidas | 4 | 4 | 35,0 |
Outros | 6 | 6 | 1.021,0 |
TOTAL | 102 | 88 | 11.547,3 |
* Dados do 1º trimestre de 2022 ** Valores em milhões de reais.
Com base nos dados do relatório do Distrito Healthtech Report (2022), dentre as categorias das healthtechs que mais receberam investimentos destaca-se a categoria telemedicina que oferecem serviços próprios ou de terceiros relacionados à área da saúde. Dentre as healthtechs, a categoria telemedicina recebeu 54% dos aportes realizados no setor, representando um montante US$ 62 milhões, nos últimos nove meses do ano de 2022. A segunda categoria com destaque no número de investimentos são as startups associadas ao acesso à saúde, totalizando, aproximadamente 17%, um montante de U$ 20 milhões (Distrito Dataminer, 2022). Os investimentos realizados em cada categoria das healthtechs podem ser observados na figura 2.
*referentes aos anos 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022.
**Valores em milhões de U$D
Os dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (2021) e do relatório do Distrito Healthtech Report (2021), fornecem informações acerca das maiores rodadas de investimentos, o volume de capital investido e os investidores, realizados pelas healthtechs, no Brasil desde o ano de 2017. De maneira sucinta, as rodadas de Séries A foram as que mais destacaram-se entre as fases de investimentos em healthtechs. Em síntese, isso expressa a falta de maturidade do setor (Distrito Dataminter, 2021).
Consequentemente, as healthtechs destacam-se no cenário econômico mundial e nacional, uma vez que suas inovações corroboram para melhoria da qualidade, agilidade e as possibilidades de monitoramentos de pessoas enfermas ou que precisam de atendimentos à distância. Fator que fez com que esses tipos de empreendimentos despertasse a atenção dos investidores, profissionais da saúde e pacientes nos últimos anos (Morsch, 2021).
Tendo em vista o objetivo de caracterizar o perfil das empresas healthtechs brasileiras que receberam fundos de investimentos de risco a partir do ano de 2018, foram mapeadas
1.023 healthtechs nos últimos dois anos, com base nos relatórios de inteligência setorial nacional, este estudo desenvolveu-se sob uma perspectiva qualitativa, de caráter exploratório e descritivo.
Com relação ao tipo de pesquisa, este estudo alicerça-se sob um prisma descritivo, posto que os fatos são observados, catalogados e analisados, sem que haja interferência do pesquisador. Dessa forma, a pesquisa descritiva tem por objetivo a interpretação dos fenômenos estudados e uma possível relação entre os achados da pesquisa (Bloise, 2020).
Quanto à abordagem do problema, o presente artigo classifica-se como qualitativo. Nessa abordagem de pesquisa, o pesquisador desloca-se ao campo para analisar o fenômeno em estudo, a partir de uma gama de perspectivas, modalidades, abordagens, modelos, métodos e técnicas. Levando-se em consideração todos os pontos de vista relevantes, como é o caso de analisar as estratégias do processo de captação de investimentos, mediante a visão dos gestores das healthtechs (Jacob, 1987; Jordan, 2018).
Quanto aos meios, foram utilizados relatórios setoriais nacionais acerca dos investimentos em healthtechs. As documentações utilizadas foram: 1) Relatório da Liga Venture com levantamentos sobre os investimentos em healthtechs; 2) Relatório sobre o mapeamento das healthtechs atuantes no Brasil realizado pela Distrito; 3) Relatório com levantamentos de dados sobre o Covid-19 e os impactos no mundo empresarial; 4) Relatórios da base de dados da Associação Brasileira de Startups, e, por fim, 5) Relatórios do Distrito Dataminer acerca dos investimentos realizados em healthtechs no Brasil.
Conforme apontado na metodologia, foram utilizadas documentos e relatórios de inteligência setorial nacional para mapear e caracterizar empresas healthtechs existentes no país. De acordo com o Relatório de Saúde Digital do Distrito (2022), houve um crescimento exponencial no número de healthtechs no Brasil nos últimos dois anos, totalizando 1.023 startups atuando no setor. A distribuição das empresas startups, segmentadas de acordo com sua atuação na indústria brasileira, pode ser observada no gráfico 1, a seguir.
Gráfico 1 – Distribuição das empresas startups por segmento na indústria
Com as mudanças no cenário econômico mundial, provocados pela pandemia da COVID-19, as empresas startups voltadas a solucionarem problemas relacionados à saúde ampliaram intensamente sua atuação no país. Diante das circunstâncias, de acordo com o relatório do Distrito Healthtech Report (2022), notou-se que o número de healthtechs cresceu 142% no âmbito nacional. Em contrapartida, o estudo realizado pela Associação Brasileira de Startups (2022), destacam as healthtechs em 3° lugar em volume de empreendimentos entre os demais segmentos industriais do Brasil, atrás apenas das Edtechs e das Fintechs.
No tocante à distribuição das empresas healthtechs por estados (Figura 3), a maior concentração das startups voltadas à área da saúde, está na região sudeste do país, liderado por São Paulo, com aproximadamente 50% das healthtechs, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 7,98%, e Rio de Janeiro, com 7,73% (Startup Scanner, 2022).
Figura 3 – Distribuição das empresas Healthtechs pelo Brasil
Fonte: Adaptado do Relatório da Mapeamento..., 2022; (2022), do Distrito Dataminer (2022) e do STARTUP SCANNER (2022).
As divisões setoriais das healthtechs é o reflexo da concentração do PIB brasileiro, conforme aponta os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2022). Indicador do fluxo de bens e serviços finais produzidos no país, o PIB da região sudeste passou de 53% do total, no ano de 2019, para 52%. Apesar dessa conjectura, segundo o relatório da Mapeamento... (2022), a região sudeste destaca-se no cenário nacional com a concentração de 52,09% do número total das healthtechs, seguido pela região sul e nordeste com 25,12% e 15, 35%, respectivamente. Até o início do ano de 2020, nenhuma healthtech tinha sido mapeada nos estados Pará, Rondônia e Mato Grosso do Sul. Por fim, as regiões centro oeste e norte, que juntas somam, aproximadamente, 7,5% das startups do setor de saúde no Brasil.
As especialidades médicas de maior destaque no cenário nacional podem ser observadas no gráfico 3, a seguir.
Assim como qualquer área do conhecimento, a medicina é uma área bastante abrangente, bem como as empresas startups que atuam no setor. O Conselho Federal de Medicina (CFM), reconhece 55 especialidades médicas existentes no Brasil (Conselho..., 2019). À vista disso, conforme o relatório da Iniciativa Fis/BioMinas Brasil (2022), as especialidades médicas mais presentes entre as healthtechs são saúde mental, saúde da mulher e geriatria, com um percentual de 43,7%, 36,7% e 32,3%, respectivamente. Seguidos pela especialidade voltada a oncologia com, aproximadamente, 32%. Na sequência, observa- se a que a especialidade relacionada à saúde do homem e a pediatria, apresentam o percentual de 30,2% e 29,8%, respectivamente. O gráfico 4, traz as principais especialidades
médicas de destaque entre as healthtechs nacionais.
Gráfico 4 – Distribuição das empresas Healthtechs com base no de fundação
Conforme destaca o relatório do Distrito Dataminer (2022), mais da metade das healthtechs brasileiras têm menos de cinco anos de operação no mercado. De acordo com o relatório, a maioria das healthtechs encontram-se no estágio de tração, corroborando que existe um elevado índice de maturidade nas soluções encontradas e que a transformação do setor é considerada como realidade (gráfico 4).
Em contrapartida, o relatório da Iniciativa Fis/BioMinas Brasil (2022), acentua que mesmo sendo startups jovens, esses empreendimentos já se apresentam em estágios de desenvolvimentos mais avançados. Com uma curva de amadurecimento mais extensa (Gráfico 5), quando comparada com outros setores, as healthtechs, em sua maioria, encontram-se nas fases intermediarias de desenvolvimento (Distrito Dataminer, 2022).
Gráfico 5 – Distribuição de Healthtech por estágio de desenvolvimento
Segundo o relatório da Abstartup (Mapeamento..., 2022), apenas 1,4% das healthtechs estão concentradas na fase inicial do processo de desenvolvimento, a ideação. Em sequência, observa-se uma maior concentração desses empreendimentos nas fases de validação, operação e tração, com percentual de 25,37%, 24,65% e 32,09%, respectivamente. Entretanto, nas fases de declínio, tem-se apenas 13,49% no total das healthtechs brasileiras que alcançaram a escalabilidade de mercado. No gráfico 05, pode-se observar a distribuição dessas startups, no tocante aos estágios de desenvolvimento.
Segundo dados do relatório do Distrito Healthtech Report (2022), o número de healthtechs cresceu exponencialmente no Brasil, nos últimos dois anos, totalizando 1.023 startups do setor, divididas em 14 categorias distintas (Gráfico 6). O crescimento acentuado ocorreu devido a pandemia da COVID-19, a maior eventualidade de saúde acometida nos tempos, na qual o setor enfrentou uma das maiores crises sanitárias da história. Não obstante, frente as dificuldades e as instabilidades econômicas mundiais, as healthtechs têm sido protagonistas na luta contra a pandemia do coronavírus.
Gráfico 6 – Distribuição de healthtechs de acordo com o segmento da saúde
De acordo com dados do relatório Healthtechs Report Brasil (2022), destaca-se no cenário das healthtechs brasileiras a categoria de Gestão e Prescrições Médicas com o maior número de empreendimentos com soluções direcionadas para melhorar a gestão em clínicas, hospitais e laboratórios, com um percentual de, aproximadamente, 28% das healthtechs. Em seguida, destacam-se as categorias relacionadas ao marketplace, telemedicina e acesso à informação, com percentual de 14,5%, 12,5% e 12%, respectivamente. As categorias relacionadas ao engajamento com os pacientes, medical devices e AI & Big Data apresentam um percentual de 6,7%, 6,5% e 6,5%, nessa ordem. Na sequência, tem-se a categoria Wearables & IOT, com percentual de1,4% das healthtechs (Gráfico 6).
Ainda conforme o relatório, as healthtechs relacionadas à gestão e prescrições médicas foram as precursões e atuam no mundo desde meados da década de 80. Entretanto, apenas nos últimos anos e em decorrência da pandemia, que essa categoria obteve destaque. No Brasil somam-se, até o presente momento, 291 healthtechs no campo da Gestão e PEP.
Em termos de investimentos captados pelas healthtechs, quase 60% das healthtechs brasileiras já receberam algum tipo de investimento. Contudo, apenas 14% não receberam investimentos, por não conseguirem encontrar um potencial investidor (Distrito Dataminer,
2022). Segundo o relatório da iniciativa Fis/BioMinas Brasil (2022), pode-se notar que a categoria gestão e monitoramento foram as que obtiveram maior percentual de investimentos nas esferas mais altas (acima de 10 milhões).
Em contrapartida, a área de fármacos, terapias e químicos apresentaram maior distribuição de investimentos nas faixas intermediarias (acima de 1 milhão), seguida pelo segmento relacionado a análise e diagnostico, conforme apresenta o gráfico 7, a seguir.
Os investimentos em empresas healthtechs aumentaram exponencialmente devido ao avanço da pandemia. Entretanto, o principal desafio do setor da saúde é ampliar a capacidade de lidar com as contingências e saber aproveitar as oportunidades (Cembranelli, 2022)4.
Este estudo teve o objetivo de caracterizar o perfil das empresas healthtechs brasileiras que receberam fundos de investimentos de risco a partir do ano de 2018, foram mapeadas
4 Fernando Cembranelli é CEO na HIHUB.TECH – Uma HUB digital de inovação na área da saúde no Brasil.
1.023 healthtechs nos últimos dois anos, com base nos relatórios de inteligência setorial nacional. Pode-se notar, um aumento de 142% no número de empreendimento desse tipo no âmbito nacional, mesmo diante das circunstâncias causadas pela pandemia. Quando comparadas com startups de outros setores, as healthtechs aparecem em 3º lugar em quantidade de empresas concentradas no país, atrás apenas das Edtechs e das fintechs. Com relação a concentração de startups voltadas à saúde no Brasil, a região sudeste destaca-se entre as demais, seguida pelas regiões sul, nordeste, centro-oeste e norte.
Em termos de investimentos captados pelas healthtechs, quase 60% das healthtechs brasileiras já receberam algum tipo de investimento. Entretanto, somente 14% dessas startups deixaram de receber investimentos devido à dificuldade em encontrar um investidor com potencial. Dentre as categorias existente, a gestão e monitoramento foram as que receberam investimentos acima de 10 milhões, quando comparadas com outras categorias. Em contrapartida, a categoria fármacos, terapias e químicos apresentaram maior distribuição de investimentos nas faixas intermediarias, com valores acima de 1 milhão, seguida pelo segmento relacionado a análise e diagnostico.
Por essa razão, a temática acerca da dinâmica investimentos de risco por parte das healthtechs, oportunizou algumas contribuições. Dentre as contribuições teóricas, acentua-se a contribuição ao âmbito acadêmico, tendo em vista a carência de estudos que abordem esse tema, sobretudo com relação as healthtechs (Colombo; Gomes; Eça; Valle, 2021), principalmente no âmbito nacional.
Com relação às recomendações para pesquisas futuras nesta mesma temática, seria de todo pertinente enfatizar a necessidade de mais pesquisas e aprofundamentos sobre este tema, sobretudo nacionalmente.
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