Anais da I Jornada Interdisciplinar do CCSA Contribuições das Sociais Aplicadas na Sociedade Sergipana
06 e 07 de julho de 2023
Entrepreneurial education in professional courses: a research proposal
Whendel Whesley Segundo dos Santos1
Tércia Leocádio Temóteo2 Gracyanne Freire de Araújo3
A educação profissionalizante tem demandado uma preocupação no sistema educacional brasileiro a fim atender diversos problemas que afetam a inserção dos indivíduos no mercado de trabalho, a exemplo do desemprego. Diversos cursos técnicos surgem para capacitar profissionais para empreenderem. Essa pesquisa tem como objetivo compreender como a educação empreendedora contribui para a formação profissional dos estudantes de cursos profissionalizantes em Administração da cidade de Aracaju, Sergipe. O presente estudo classifica-se em qualitativo e exploratório, utilizando-se de uma análise bibliográfica para seu desenvolvimento. Os resultados obtidos informam que a educação empreendedora nos cursos técnicos se apresenta como uma ferramenta de mudança, que fortalece a perfil empreendedor dos alunos e desenvolve habilidades como iniciativa, criatividade, planejamento e competitividade. A partir desses resultados podemos concluir que essa proposta de pesquisa é relevante no campo da educação profissional ao contribuir com elementos relacionados à intenção empreendedora dos estudantes, suprindo uma lacuna na literatura sobre o ensino de empreendedorismo em cursos técnicos e seus benefícios para o mercado de trabalho.
Vocational education has demanded attention in the Brazilian educational system in order to address various problems that affect individuals' entry into the labor market, such as unemployment. Several technical courses have emerged to train professionals for
1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPADM) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). E-mail: whendeldetalle@gmail.com
2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPADM) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). E-mail: temoteo.tercial@gmail.com
3 Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora do Departamento de Administração (DAD) e do Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPADM) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). E-mail: gracyanne@gmail.com
entrepreneurship. This research aims to understand how entrepreneurial education contributes to the professional development of students in vocational courses in Administration in the city of Aracaju, Sergipe. The present study is classified as qualitative and exploratory, using a bibliographic analysis for its development. The obtained results indicate that entrepreneurial education in technical courses serves as a tool for change, strengthening students' entrepreneurial profile and developing skills such as initiative, creativity, planning, and competitiveness. Based on these results, we can conclude that this research proposal is relevant in the field of vocational education by contributing elements related to students' entrepreneurial intention, filling a gap in the literature on entrepreneurship education in technical courses and its benefits for the job market.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023) no primeiro trimestre do ano de 2023, o índice de desemprego brasileiro chegou a 8,8% da população, representando 9,4 milhões de desempregados. Uma das alternativas financeiras para esse grupo foi buscar uma nova renda tornando-se empresário, porém a falta de experiência como dono do próprio negócio e de qualificação profissional espelham a mortalidade das empresas nos seus primeiros anos de vida empresarial (IBGE, 2023). No cenário atual, o empreendedorismo ocupa um lugar de destaque que está diretamente ligado ao crescimento da economia, existindo incentivos dos órgãos públicos na criação e desenvolvimento dos pequenos negócios, fomentando a crescente demanda no Brasil (GEM Brasil, 2020).
O entendimento sobre termo empreendedorismo vai além de abrir uma empresa, um empreendedor busca a todo instante se renovar e aprender sobre o mercado em que está inserido (Baggio, 2014). Para isso é necessário que exista uma educação empreendedora que forme profissionais com habilidades empreendedoras e com características pessoais que o mercado necessita (Guimarães, 2002). Para Silva e Patrus (2017), na sociedade contemporânea isso requer múltiplos desafios, resgatando a ideia de que no passado a preocupação do sistema educacional ficava na preparação dos alunos para serem empregados, hoje o empreendedorismo pode ser compreendido como uma opção de carreira profissional.
O ensino profissionalizante foi instituído no Brasil em 23 de setembro de 1909, pelo Decreto n.º 7.566, que baliza o começo do ensino profissional, científico e tecnológico no país, inicialmente voltado para a inclusão social de adolescentes desprovidos socialmente, por meio das Escolas de Aprendizes Artífices (EAA). Associado a isso, a busca por esses cursos de curta duração tem sido escolha da maioria dos jovens, devido ao aprendizado rápido e enfoque nas áreas práticas, contribuindo para uma capacitação profissional que vivencia a realidade logo nas primeiras disciplinas do programa (Gawryszewski, 2021).
Naia (2009) afirmam que no mercado profissional é cada vez mais necessária uma educação com estratégias diversificadas e criativas promovendo as mudanças para a construção de uma sociedade mais produtiva, justa, humana, diferenciada e transformadora de sua realidade. Pensando nisso, a cada dia instituições introduzem os alunos ao mundo dos negócios.
Para Schaefer e Minello (2016) a educação empreendedora tem características específicas que a diferencia dos modelos tradicionais de aprendizagem, focando na ação e no aprender a fazer e para isso o docente deve assumir um novo papel, incentivando as novas formas de pensar. Somando a isso, é notável atualmente uma maior percepção em relação a educação empreendedora nas instituições de ensino, surgindo como uma forma que propõe novas práticas impulsionadoras das competências empreendedoras, estimulando os alunos a buscarem pela inovação e preparando-os para os riscos que o mercado apresenta (Dornelas, 2001).
Por outro lado, existem algumas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem do empreendedorismo, tais como: a ausência de metodologias inovadoras no processo de ensino e o questionamento sobre o que é a educação empreendedora em um curso profissionalizante de curta duração (Filion, 2000). Fatores esses que levam ao problema de pesquisa: Qual é a contribuição da educação empreendedora para a formação profissional dos estudantes de cursos profissionalizantes em Administração na cidade de Aracaju, Sergipe?
Assim, essa pesquisa tem como objetivo compreender como a educação empreendedora contribui para a formação profissional dos estudantes de cursos profissionalizantes em Administração da cidade de Aracaju, Sergipe. Com isso, temos os seguintes objetivos específicos: a) identificar e descrever a metodologia tradicional de ensino;
b) correlacionar educação empreendedora e cursos profissionalizantes e c) entender a importância da relação entre empreendedorismo e o curso técnico profissionalizante em Administração.
Este estudo se justifica por investigar o papel da educação empreendedora e sua influência na aprendizagem dos discentes dos cursos técnicos profissionalizantes, como também identificar possíveis elementos que possam contribuir com a melhoria do ensino e consequentemente com um mercado de empreendedores sólidos e capazes de desenvolver negócios melhores embasados em conhecimento. Além de legitimar o campo de pesquisa nesse universo dos cursos técnico profissionalizantes quanto ao campo da Educação Empreendedora.
As instituições de ensino são as portas de um universo de ensino e aprendizagem que trazem ao aluno o contato com visões e pensamentos distintos daqueles aprendidos em qualquer outro ambiente e ali é moldado toda uma formação social e cultural. O bom profissional da educação deve criar situações dinâmicas, sendo uma espécie de jogo para que os alunos possam absorver com mais facilidade os conteúdos, de forma a não se tornar cansativa uma aula (Morais, 2013).
Prazer para o aprendizado é necessário, pois a partir disto, o conhecimento adquirido deixa de ser uma obrigação, ficando claro que absorvemos muito mais informações quando gostamos de um certo assunto. Quando podemos jogar o seu próprio jogo, o professor está exercitando o “jogo do poder”. Precisando entender que a sala de aula como sendo, um espaço político e democrático, onde também pode ser jogado o “jogo do poder por todos” (Morais, 2013, p.54).
Segundo Malacarne, Brunstein e Brito (2014), os sistemas educacionais em geral buscam formar apenas empregados e nem sempre o estímulo da educação empreendedora acontece, e com isso, pode enfrentar resistências e divergências entre alunos e professores. Com o ensino do empreendedorismo os estudantes podem desenvolver competências
importantes para o início de um novo negócio ou até mesmo para quem é empregado, utilizando os recursos da melhor forma e reaprendendo a inovar todo dia (Oliveira, 2005).
De fato, a educação empreendedora atinge principalmente o público estudantil jovem e tem-se solidificado como mecanismo de tentar despertar a importância sobre a inclusão no mercado de trabalho, seja como um profissional empregado com características distintas da grande maioria ou como empreendedores que se tornam empregadores, tornando um fator preponderante para promoção o desenvolvimento socioeconômico brasileiro (Bulgacov, 2010; Lima-Filho; Sproesser; Martins, 2009).
Em virtude do crescimento da população e do grande avanço tecnológico dos centros urbanos, esse processo de educar vem mudando suas facetas, trocando a exposição pelo problema, mudando a experiência da sala de aula num espaço fechado por aparelhos móveis e modernos (Lopes, 2013). Paralelo a isso, o crescimento de novos negócios tornou-se fator para que os projetos pedagógicos das instituições de ensino comecem a introduzir disciplinas que promovam habilidades gerenciais, como o Empreendedorismo.
A educação empreendedora tem um importante papel para o desenvolvimento de uma nação pois tem sido colocada como prioritária nas agendas e debates políticos, econômicos e acadêmicos no Brasil e em diversos países do mundo, sendo inserido nos mais altos níveis de discussão das Nações Unidas (Souza; Saraiva, 2010). Fomentando o preparo de jovens capazes de tomar decisões, solucionar problemas e adquirir uma visão voltada para o futuro.
Dolabela (2008, p. 24-35) cita as razões para a disseminação da educação empreendedora, dentre elas estão a autorrealização, o desenvolvimento social, o crescimento econômico, a criação de pequenas empresas, redução do desemprego, a preparação do empreendedor, a expansão da cultura intraempreendedora, o fortalecimento do empreendedorismo spin-off e a educação sobre ética, cidadania e responsabilidade social. No Brasil, segundo Dolabela (2008), o pioneirismo em relação às iniciativas empreendedoras surgiu na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, em 1981, em um curso de Especialização em Administração. Assim
Dornelas (2001) complementa sobre ensino do empreendedorismo:
[...] acredita-se que o processo empreendedor pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negócio, do perfil do empreendedor e de como ele administra as adversidades que encontra no dia a dia (Dolabela, 2008).
Dessa forma, deve-se assimilar a teoria com a prática prevista pela lei em Brasil (1996) de número 9.394/96 no art. 35 que valida a necessidade de que haja compreensão, como base uma visão científico-tecnológico (Brasil, 1996). Com isto, o papel do professor deve incorporar competências para estabelecer uma variedade de estratégias, levando o aluno a assumir papéis ativos, participativos e de envolvimento com o processo em curso (Araújo; Moraes, 2012, p.95).
O principal foco da educação empreendedora é, em última instância, contribuir para a geração de empregos e renda. Compreender o desenvolvimento da tecnologia educacional e sua base teórica permite que os professores analisem criticamente os métodos usados, suas fraquezas e sua contribuição para os objetivos de aprendizagem necessárias (Lopes; Teixeira, 2010).
As habilidades empreendedoras devem ser trabalhadas tanto de forma segmentada como unificada. Dolabela (2008) sugere que o professor promova atividades específicas para o desenvolvimento de cada habilidade, mas concomitantemente, proporcione aos alunos situações onde todas as habilidades possam ser trabalhadas juntas. Isso pode ocorre, por exemplo, com feiras de exposições e vendas aos pais e responsáveis, onde os alunos precisarão ser criativos na escolha do produto ou serviço oferecido, além de estarem preparados para eventuais insucessos, trabalhando a autonomia e liderança na organização do ambiente e desenvolvendo suas habilidades financeiras, analisando os frutos que a iniciativa empreendedora trouxe.
Formar um profissional flexível diante dos desafios impostos pelo mercado de trabalho se faz necessário em nossa sociedade, pois o ambiente profissional sofre constantes mudanças acompanhadas pelo mercado e governo. Com isso, o ensino de empreendedorismo é para a aquisição de habilidades em três áreas: gerenciais, técnicas e de conhecimento pessoal (Dornelas, 2001).
Os Cursos Técnicos ou Profissionalizantes são estudos rápidos com duração máxima de dois anos focando áreas mais práticas ou carentes de profissionais capacitados (SOUZA, 2004). Educação Profissional é o modelo de aprendizagem com foco no desenvolvimento de competências e habilidades técnicas para suprir a demanda do mercado de trabalho. Além disso, para quem trabalha, os cursos profissionalizantes auxiliam no desenvolvimento profissional, possibilitando uma atualização sobre as novas exigências adotadas nas empresas.
As observações de Schõn (2000) conduzem a algumas reflexões sobre a educação profissional:
A criação de um ensino prático demanda tipos de pesquisa que são novos à maioria das escolas profissionais, pesquisa sobre a reflexão na ação característica de profissionais competentes, especialmente em zonas indeterminadas da prática, e pesquisa sobre a instrução e aprendizagem no fazer. Se não procederem assim, será difícil para as escolas determinarem como suas concepções anteriores de conhecimento profissional e ensino estão colocadas em relação às competências que são centrais à prática e ao ensino prático (Schõn, 2000, p.133).
A proposta atual da educação profissional busca valorizar as experiências pessoais do aluno, colocando-o como sujeito ativo no processo de aprendizagem. O professor precisa se envolver com a comunidade escolar e a realidade do discente. Trata-se de uma nova postura, que exige conhecimento do mundo do trabalho sem renunciar à flexibilidade, à interdisciplinaridade e à contextualização (Moura, 2008). Assim, o professor tem que abrir mão do papel de narrador para dar espaço ao protagonismo do aprendiz (Freire, 1997).
A ação docente é a base de uma boa formação escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante. O professor deve sempre estar pronto para lidar com novas situações, buscar cada vez mais conhecimentos, desenvolver estratégias diversas em apoio às dificuldades dos discentes. Mas para que isso ocorra de fato, é necessário colocar na sua prática pedagógica aquilo que aprendeu ao longo de sua formação (Freire, 1997).
De acordo com Estrela (2018), a metodologia pode ser definida como método de pesquisa ou investigação pela qual se chega à determinada solução. Dessa forma, a
metodologia é o estudo das regras e dos procedimentos para desvendar fatos sobre determinado objeto de pesquisa. Logo, pode-se definir o método científico como o conjunto de dados iniciais e procedimentos previstos utilizados para formar uma conclusão sobre os objetivos definidos inicialmente (Yin, 2015).
Quanto à natureza metodológica, é possível classificar essa pesquisa em aplicada, conforme afirma Barros (2000) que é aquela pesquisa em que o pesquisador deve ser movido pela exigência em gerar novos conhecimentos para aplicação imediata nos resultados, com finalidade prática e buscando a solução para problemas específicos e interligando a teoria com a prática.
Quanto aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa possui abordagem qualitativa por apresentar as características do objeto de estudo e as possíveis soluções para a real compreensão do problema apresentado. De acordo com Rampazzo (2017), a pesquisa qualitativa é aquela na qual estão presentes as características das anteriores, sendo apropriada para analisar as motivações e compreender os sentimentos com dados reais.
Quanto aos objetivos ou fins, de acordo com Yin (2015), às pesquisas podem ser classificadas conforme os fins que apresentam, como exploratórias, descritivas ou explicativas. Esta pesquisa classifica-se em explicativa, pois o estudo interpreta a importância da Educação Empreendedora para os discentes de Cursos Profissionalizantes, e descritiva, pois são pesquisas que objetivam a descrição das características de uma população ou fenômeno que estabelecem relações e variáveis.
Quanto aos procedimentos técnicos, para o alcance do objetivo geral do trabalho será utilizado como instrumento: a pesquisa bibliográfica, por meio de livros e periódicos físicos e disponíveis na internet sobre o tema (Gil, 2011). Segundo Yin (2015), a estratégia de pesquisa define a forma como os dados serão coletados e analisados, logo o presente trabalho pode ser classificado como um estudo de caso por meio da observação do objeto de estudo e a problemática nos cursos profissionalizantes.
É necessário entender a forma como é desenvolvida a disciplina de Educação Empreendedora em cursos profissionalizantes, para que pesquisadores e até as instituições pesquisadas possam ter subsídios e busquem criar métodos interdisciplinaridades com outras disciplinas dentro da estrutura curricular do curso, buscando diálogos necessários acerca do feedback obtidos pelos discentes da pesquisa, podendo assim desenvolver novas possibilidades de trabalhos científicos sob nova perspectiva de educação empreendedora, avançar no conhecimento sobre o tema, de um modo particular nos cursos profissionalizantes. Dolabela (2008) nos leva a refletir sobre a importância da educação empreendedora, destacando que ela pode contribuir para reduzir os problemas enfrentados pelo mercado, como a alta taxa de mortalidade das empresas brasileiras, especialmente nos primeiros anos de atividade. Uma vez que as empresas desempenham um papel fundamental no crescimento econômico de uma sociedade, é crucial que os indivíduos tenham a oportunidade de adquirir
conhecimentos em empreendedorismo.
Em seu quinto pilar da educação, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, incluiu o requisito de Aprender a Empreender, destacando o sagrado da educação na preparação para o empreendedorismo. Essa abordagem visa desenvolver nos jovens habilidades como capacidade de inovação, retenção de conhecimento, criação de projetos próprios e habilidade de lidar com mudanças (Lopes, 2010).
Outro fator, é analisar por uma nova ótica o conhecimento adquirido pelos discentes para repensar as abordagens pedagógicas de ensino, de modo a compreender as percepções dos alunos no tocante ao ensino-aprendizagem do currículo da disciplina com artefatos baseados em educação empreendedora. Segundo Oliveira (2016), até mesmo os estudantes que cursaram disciplinas como Empreendedorismo não sabem o real sentido de empreender, relatando que a experiência foi boa, porém não consolidou ora pelo curto período da matéria ora por não conseguirem vincular o aprendizado aos seus objetivos de vida.
Disponibilizar um estudo que busque relacionar educação empreendedora e cursos de profissionalizantes, porque as maiores dificuldades que ainda persistem na educação empreendedora, como podemos citar: práticas, metodologias e particularidades da temática,
como sugerido trabalharem a autonomia e liderança na organização do ambiente, e desenvolverem suas habilidades, incentivando o crescimento individual e profissional do discente. Diante dos desafios enfrentados pela sociedade, a educação voltada para a formação de empreendedores se torna essencial.
Moran (2000) destaca que educar implica colaborar para transformar a vida em um processo contínuo de aprendizagem. Isso envolve auxiliar os alunos na construção de sua identidade, no estabelecimento de um caminho pessoal, no desenvolvimento de um projeto de vida e no aprimoramento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação. Essas habilidades permitirão que eles encontrem seu lugar nos âmbitos pessoal, social e profissional, tornando-se cidadãos realizados e produtivos.
Construir um empreendedor do zero é um trabalho raro, porém é possível e necessário incentivá-lo a construir-se, adotando novos comportamentos e atitudes. O espírito empreendedor é parte integrante do capital humano, está ligado ao desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos, bem como à inovação (Colbari, 2008). Portanto, o empreendedorismo não é um fenômeno exclusivo de alguns indivíduos com talento inato (Dolabela, 2008). Ao contrário do que alguns podem acreditar, o sucesso no empreendedorismo não é alcançado de forma rápida e fácil.
De acordo com Freire (2018, p. 20), "assim como não há homem sem mundo, nem mundo sem homem, não pode haver reflexão e ação fora da relação entre o ser humano e a realidade", então esta pesquisa permitirá que as instituições possam repensar seus currículos, para aprimorarem o processo de ensino-aprendizagem do empreendedorismo e criando ferramentas. Segundo Dolabela (2001) afirma habilidades que devem ser trabalhadas na educação para o empreendedorismo, destacando a: criatividade; autonomia; comprometimento; liderança; alta tolerância a ambiguidades e incertezas; ousadia para assumir. Contribuir para o exercício docente, fazendo com que professores avaliem suas didáticas e reflitam sobre a educação empreendedora, pois servirá de auxílio para professores auxiliando na fundamentação de aulas no campo do empreendedorismo.
A educação empreendedora não se concentra apenas no indivíduo e na formação profissional, mas também no desenvolvimento social e na formação de cidadãos. Ao priorizar a integração entre os alunos, por meio de uma abordagem de aprendizagem baseada em problemas e processos de ação e reflexão, a educação empreendedora incentiva os estudantes a assumirem responsabilidades e a dirigirem seu próprio processo educacional.
A educação empreendedora também contribui para a qualidade da preparação educacional dos jovens que possuem mais chances de serem inovadores e proativos, tanto para trabalharem em uma organização, quanto para tocarem seu próprio negócio. No entanto, a educação empreendedora ainda carece de uma base mais sólida em termos de estudos teóricos e empíricos, a fim de amadurecer e direcionar seu desenvolvimento, além de promover sua disseminação no meio acadêmico.
Observa-se que o termo empreendedorismo ainda gera interpretações contraditórias no meio acadêmico, pois alguns entendem que, mesmo com os novos conceitos introduzidos, o objetivo final continua sendo o mesmo, ou seja, atender aos interesses do mercado. Portanto, é necessário desconstruir esse conceito restrito da educação empreendedora e adotar uma perspectiva mais ampla, indo além da abordagem econômica e empresarial, e compreendendo-a de forma holística, abrangendo a existência humana como um todo.
Nesse sentido, é fundamental repensar a educação empreendedora no contexto brasileiro, visando à disseminação de uma verdadeira cultura empreendedora como impulsionadora do desenvolvimento. Isso proporcionará aos alunos uma formação que resultará em experiências de vida com impacto nos aspectos sociais, econômicos e culturais. No âmbito da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), é essencial preparar os alunos para atender à demanda da sociedade por profissionais competentes, capazes de conciliar o crescimento econômico com a responsabilidade social e ambiental.
A partir da análise das produções científicas consultadas neste estudo, fica evidente que a educação empreendedora fortalece o envolvimento da comunidade, abrangendo empreendedores, ambientes produtivos locais e indivíduos como fontes de informação e recursos. Esse efeito ressalta a importância de práticas pedagógicas que contribuam para uma educação com esse perfil.
Dentro dessa perspectiva, a educação empreendedora pode ser integrada à Educação Profissional e Tecnológica (EPT) por meio de uma formação abrangente que inclua não apenas competências técnicas profissionais, mas também uma visão crítica aliada à responsabilidade social. Como proposta para trabalhos futuros, sugere-se o uso de práticas e ferramentas que possam fortalecer a construção de um ambiente propício para a disseminação de propostas inovadoras de educação empreendedora no âmbito da EPT nos municípios sergipanos.
Dessa forma, ela pode contribuir para a EPT ao promover a criticidade do aluno, capacitando-o a identificar problemas, propor soluções em diferentes contextos e situações, além de desenvolver sua mentalidade empreendedora e emancipação no cenário sócio- político e econômico. Por meio deste estudo, espera-se ampliar o conceito de educação empreendedora para uma abordagem holística, possibilitando uma maior inserção dessa educação na formação profissional, promovendo o desenvolvimento humano dentro de um contexto social.
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