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Museu da Vida da Fiocruz: media��es cient�ficas e
culturais em ci�ncia, tecnologia e sa�de
Mus�e de la vie de Fiocruz : m�diation scientifique et culturelle dans les domaines
de la science, de la technologie et de la sant�
Fiocruz Museum of Life: Scientific and cultural mediation in
science, technology and health
Museo Fiocruz de la Vida: mediaci�n
cient�fica y cultural en ciencia, tecnolog�a
y salud
Debora MENEZES[1]
R�gina MARTELETO[2]
Patrick FRAYSSE[3]
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RESUMO
Esta publica��o prop�e
analisar as media��es cient�fico-culturais implementadas pelo Museu da Vida e
sua atua��o no per�odo da pandemia de Covid-19. A pesquisa adota como
referencial te�rico metodol�gico a perspectiva sociocultural da Ci�ncia da
Informa��o e das Ci�ncias Sociais e Sa�de. Os m�todos utilizados possuem
car�ter qualitativo e explorat�rio, baseada em pesquisa documental e
observa��es no campo, realizadas entre 2019 e 2023. Os autores apresentam o
Museu da Vida da Funda��o Oswaldo Cruz, localizado no Rio de Janeiro,
refletindo sobre suas pr�ticas e abordagens. Percebe-se que os processos
institucionais s�o permeados por sua miss�o de promover o di�logo p�blico em
ci�ncia, tecnologia e sa�de e respectivos processos hist�ricos, tamb�m
contribuindo para melhores condi��es de vida, autonomia e o exerc�cio dos
direitos de cidadania.
Palavras-chave: Comunica��o, Covid-19, Informa��o, Media��o
de saberes, Territ�rio.
R�SUM�
Cette publication vise � analyser les m�diations scientifico-culturelles mises en �uvre par le Mus�e de la Vie et ses travaux lors
de la pand�mie de Covid-19. La recherche
adopte la perspective socioculturelle des sciences de l'information et des sciences sociales et de la sant� comme cadre
th�orique et m�thodologique.
Les m�thodes utilis�es sont qualitatives et exploratoires, bas�es sur des recherches documentaires et des observations de terrain r�alis�es entre 2019 et 2023. Les
auteurs pr�sentent le Mus�e de la vie de la Fondation Oswaldo Cruz, situ� �
Rio de Janeiro, en r�fl�chissant � ses pratiques et approches. Il en
ressort que les processus institutionnels sont impr�gn�s par sa mission de promouvoir
le dialogue public sur la science, la technologie et
la sant� et leurs processus historiques respectifs, tout en contribuant �
l'am�lioration des conditions
de vie, � l'autonomie et � l'exercice des droits de citoyennet�.
Mots-cl�s: Communication,
Covid-19, Information, M�diation des savoirs, Territoire.
RESUMO
Esta publica��o prop�e
analisar as media��es cient�fico-culturais implementadas pelo Museu da Vida e
sua atua��o no per�odo da pandemia de Covid-19. A pesquisa adota como
referencial te�rico metodol�gico a perspectiva sociocultural da Ci�ncia da
Informa��o e das Ci�ncias Sociais e Sa�de. Os m�todos utilizados possuem
car�ter qualitativo e explorat�rio, baseada em pesquisa documental e
observa��es no campo, realizadas entre 2019 e 2023. Os autores apresentam o
Museu da Vida da Funda��o Oswaldo Cruz, localizado no Rio de Janeiro,
refletindo sobre suas pr�ticas e abordagens. Percebe-se que os processos
institucionais s�o permeados por sua miss�o de promover o di�logo p�blico em
ci�ncia, tecnologia e sa�de e respectivos processos hist�ricos, tamb�m
contribuindo para melhores condi��es de vida, autonomia e o exerc�cio dos
direitos de cidadania.
Palavras-chave: Comunica��o, Covid-19, Informa��o, Media��o
de saberes, Territ�rio.
RESUMO
Esta publicaci�n pretende analizar las mediaciones cient�fico-culturales implementadas por el
Museo de la Vida y su labor durante la pandemia de
Covid-19. La investigaci�n adopta como marco te�rico
y metodol�gico la perspectiva sociocultural de las Ciencias de la Informaci�n y las Ciencias Sociales y de la
Salud. Los m�todos utilizados son cualitativos
y exploratorios, basados en
investigaci�n documental y observaciones
de campo realizadas entre 2019 y 2023. Los autores presentan
el Museo de la Vida de la Fundaci�n
Oswaldo Cruz, ubicado en R�o de Janeiro,
reflexionando sobre sus pr�cticas y enfoques. Surge
que los procesos institucionales est�n permeados
por su misi�n de promover el di�logo p�blico sobre la ciencia,
la tecnolog�a y la salud y
sus respectivos procesos hist�ricos, al tiempo que contribuyen a la mejora de las condiciones de
vida, la autonom�a y el ejercicio de los derechos de ciudadan�a.
Palabras clave: Comunicaci�n,
Covid-19, Informaci�n, Mediaci�n
del conocimiento, Territorio.
1 INTRODU��O
Este trabalho faz parte de uma pesquisa que investiga os processos
socioculturais de media��o de saberes, implementados por institui��es
cient�ficas e organiza��es comunit�rias em territ�rios marginalizados de
grandes centros urbanos, durante a pandemia de Covid-19. Neste per�odo,
determinados grupos sociais j� penalizados pela desigualdade social brasileira
sofreram ainda mais. Esta reflex�o tem como objetivo analisar as media��es
cient�ficas e culturais implementadas pelo Museu da Vida, da Funda��o Oswaldo
Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, Brasil. Buscamos explorar como as pr�ticas e
abordagens adotadas contribuem para ampliar o acesso �s informa��es sobre
ci�ncia, tecnologia e sa�de, em especial para camadas mais amplas da sociedade.�
Sabe-se que a museologia social influencia as institui��es
museol�gicas h� d�cadas;�
e, que os processos de desenvolvimento de dispositivos devem ter
o visitante como ponto de partida (Fraysse, 2015; Teixeira;
Fraysse, 2022). Por�m, apesar de esfor�os e alguns
avan�os, a realiza��o da media��o do patrim�nio em todo o seu potencial ainda �
um desafio.
A partir do arcabou�o te�rico metodol�gico da Ci�ncia da
Informa��o e das Ci�ncias Sociais e Sa�de, busca-se compartilhar um pouco da
trajet�ria de uma institui��o (Fiocruz) por meio de seu dispositivo (Museu da
Vida), em di�logo com outras inst�ncias e unidades organizacionais, redes de
organiza��es, coletivos, profissionais, at� chegar ao territ�rio e seu(s)
p�blico(s). Nesta an�lise, encontramos a influ�ncia determinante da Fran�a e do
Instituto Pasteur, onde Oswaldo Cruz realizou seus estudos antes de dirigir a
institui��o que hoje leva seu nome. Mas, principalmente, encontramos pr�ticas
realizadas em bases e valores democr�ticos, e aprendizado constante nos
processos de exerc�cio da sua miss�o institucional.
2 CAMPO TE�RICO CONCEITUAL
A
pesquisa adota a perspectiva sociocultural da Ci�ncia da Informa��o e das
Ci�ncias Sociais e Sa�de, com o objetivo de estudar os processos de media��o
social de saberes e conhecer as formas
e modalidades do funcionamento simb�lico da sociedade (Davallon,
2004; Jeanneret, 2009; Marteleto
et al., 2022), complementados pelas abordagens da media��o document�ria (Couzinet, 2014, 2022; Meyriat,
1981), da media��o social e institucional (Fraysse,
2011, 2015; Teixeira; Fraysse, 2022) e da Educa��o
Popular e Sa�de (EPS) (Marteleto, 2020; Marteleto; David, 2021; Marteleto;
Stotz, 2009). Uma refer�ncia transversal �s perspectivas
te�ricas adotadas � a influ�ncia da educa��o popular freiriana (Freire, 1970),
mirando abordagens dial�gicas para alcan�ar o prop�sito de ampliar o acesso ao
conhecimento cient�fico, permitir ao povo entender melhor o mundo (Bazin, 1997),
contribuindo para o exerc�cio dos seus direitos de cidadania.
2.1 Media��o social de Saberes
Este trabalho buscou
a articula��o de elementos comunicacionais e os dispositivos presentes no Museu
da Vida, identificando sujeitos, suas rela��es e trocas sociais � o terceiro
elemento simbolizante, que opera no processo comunicacional (Davallon, 2004). O percurso anal�tico, em constru��o, aspirou
as diretrizes da Tripla Base nos processos da informa��o-comunica��o: Procedimento,
que descreve os processos de comunica��o; a Figura Social que qualifica
socialmente as din�micas e os regimes da cultura, suas quest�es sociais e
pol�ticas ligadas �s formas sociais, semi�ticas e t�cnicas; e, a Reflexividade,
ao questionar o lugar da media��o no processo social de circula��o dos saberes
(Jeanneret, 2009, p. 2).
H� que se pontuar a media��o
da media��o, na constru��o do processo anal�tico baseado nos conceitos
acad�micos que s�o utilizados como arcabou�o te�rico-metodol�gico no processo
de an�lise e constru��o coletiva de conhecimento e comunica��o cient�fica (Jeanneret; Rondot, 2013).
As an�lises sobre a
populariza��o do conhecimento atribuem papel central � no��o de media��o e ao
papel do mediador �terceiro homem�, o reconciliador entre os instru�dos e os
ignorantes. Quando realizada uma an�lise infocomunicacional,
depara-se com maior complexidade - a m�dia, aparatos, situa��o de comunica��o e
documento. A populariza��o do conhecimento est� organizada numa estrutura que pode
condicionar as pr�ticas sociais, e n�o apenas as refletir. As m�ltiplas
possibilidades de usos (policrese) contribuem
plenamente para a constru��o do seu real significado. A populariza��o
cient�fica � parte dos sistemas que organizam a comunica��o da ci�ncia na
sociedade, assim como a rela��o entre pol�tica, ci�ncia, tecnologia e ind�stria.
Embora naturalizados, os discursos sociais sobre o conhecimento constituem produ��es
midi�ticas, as quais interp�em objetos entre os atores sociais, sejam eles document�rios
ou exposi��es em museus de ci�ncia (Jeanneret, 2009).
No campo da sa�de,
os processos de informa��o e comunica��o envolvem uma complexa rede de rela��es
e saberes, que trabalham em conjunto na constru��o coletiva do conhecimento e no
di�logo entre o conhecimento popular e o conhecimento cient�fico (Marteleto, 2020; Marteleto; David,
2021; Marteleto; Stotz,
2009). Neste contexto, a Educa��o Popular e Sa�de (EPS) compreende a sa�de e a
doen�a na interface dos n�veis biom�dico e sociocultural. Os aspectos culturais
e a cria��o de meios de produ��o de conhecimento s�o compartilhados entre
acad�micos, profissionais de sa�de, organiza��es da sociedade civil, movimentos
sociais e o p�blico em geral (Marteleto, 2020).
2.2 Media��o institucional
A perspectiva
da media��o cient�fico-cultural realizada por institui��es recomenda pensar no
p�blico como ponto de partida e n�o o saber �acad�mico� do museu nem o discurso
cient�fico. Os dispositivos t�cnicos constituem um polo log�stico da media��o,
eles viabilizam o acesso ao conhecimento que est� presente no acervo do museu,
para que seja posteriormente apropriado e transformado em conhecimento pelo
p�blico (Fraysse, 2015).
Desde
os anos 1960, o aporte da museologia social e subsequentes discuss�es te�ricas
ressaltam o papel social das institui��es enquanto polos de difus�o de
conhecimento t�cnico-cient�fico-cultural (Teixeira; Fraysse,
2022). Destaca-se a import�ncia do patrim�nio ser acess�vel
pois pertence � comunidade cient�fica e � sociedade (De Mattos; Labat, 2022).
Pensando
sobre o futuro da media��o, o que esperamos de um museu? N�o h� mais a miss�o exclusiva
de conserva��o, do s�culo XIX, nem � mais suficiente a miss�o educativa, do
s�culo XX (Jacobi, 2021, p. 237). No contexto mais acelerado do s�culo XXI, os eventos
tornam-se a locomotiva da institui��o. N�o oferecer exposi��es tempor�rias o
torna praticamente moribundo, mas oferecer uma programa��o de eventos o coloca em
seu tempo. Curadores e mediadores precisam conciliar a oferta de media��o, em
linha com a acelera��o social que gera acelera��o cultural. Este movimento
tamb�m � importante para fidelizar os visitantes, que significa faz�-los voltar
a visitar, todo ano (Jacobi, 2021).
2.3 A Populariza��o da Ci�ncia
A educa��o
cient�fica ganha status de urg�ncia nacional, em especial nos EUA, ap�s o
lan�amento do sat�lite russo Sputnik I (1957). Na educa��o, a teoria
construtivista refor�a o papel da experi�ncia concreta e inspira novo curr�culo
escolar (Hooper-Greenhill, 2000).
Bazin
(1997)[4] atribui o
nascimento dos museus de ci�ncias interativos ao movimento de maio de 1968, o
qual propunha uma maneira mais aberta e honesta de viver, inclusive nas
ci�ncias. O Exploratorium, em S�o Francisco, EUA, foi
o pioneiro a adotar este modelo. Por�m, o autor critica o fato das institui��es terem se distanciado desta proposta inicial,
ao longo do tempo. Distanciando-se do porqu� e para que fazem as coisas para
priorizarem a arquitetura e os projetos megaloman�acos, sob a gest�o dos burocratas
da elite.
Os centros
de ci�ncias interativos e participativos expandiram-se rapidamente pelo mundo,
em geral apresentam exposi��es com dispositivos que trabalham conceitos da
f�sica, uma disciplina considerada dif�cil. Contudo, o modelo tamb�m recebe cr�ticas
porque normalmente n�o � acompanhado de uma contextualiza��o hist�rica e social
(Mcmanus, 1992; Valente, 2005).
Por
outro lado, no contexto contempor�neo onde a ci�ncia � onipresente, por meio
dos seus produtos, mas raramente compreendida nos seus processos, cada vez mais
complexos e dominados por especialistas, os museus de ci�ncias s�o ambientes
prop�cios para aproximar a ci�ncia da sociedade. A educa��o em ci�ncias n�o pode
limitar-se ao ambiente escolar, tornando fundamentais as iniciativas de
divulga��o cient�fica e de educa��o n�o formal realizada nestes espa�os (Falc�o;
Coimbra; Cazelli, 2010).
3 METODOLOGIA
Para
analisar as media��es cient�fico-culturais implementadas pelo Museu da Vida, da
Fiocruz, foi realizada uma pesquisa explorat�ria e preliminar, no �mbito de
doutorado em Ci�ncia da Informa��o, baseada em pesquisa documental, pesquisa
bibliogr�fica em livros, artigos cient�ficos, relat�rios e s�tios na internet,
al�m de observa��es em visitas e fotografias, realizadas entre 2019 e 2023.
Per�odo que compreendeu o mestrado que investigou o di�logo de centros e museus
de ci�ncias brasileiros com o p�blico em vulnerabilidade social no territ�rio
das institui��es (Menezes, 2021).�
Os
resultados deste trabalho s�o apresentados em quatro se��es. Em linha com a
proposta te�rico-metodol�gica, primeiramente s�o situados aspectos hist�ricos
sobre a Fiocruz. Em seguida, � apresentado o Museu da Vida e sua abordagem dos
processos de informa��o e comunica��o t�cnico-cient�fica. Duas das �reas expositivas
s�o descritas em maior detalhe, o Castelo Mourisco, iconografia da marca da Fiocruz
e a C�lula Gigante, artefato que comp�e a marca do Museu. Posteriormente, � apresentada
a coordena��o de A��es Territorializadas, �rea que lidera o estabelecimento de
di�logo com o p�blico em vulnerabilidade social do territ�rio. Por fim, s�o
mencionadas a��es implementadas pela Fiocruz ao longo da pandemia de Covid-19 e
a inser��o do Museu neste contexto.
Ressalta-se
que o trabalho apresenta limita��es de uma pesquisa documental, e n�o �
exaustivo, considerando-se as nuances e o volume de a��es realizadas pelo Museu
da Vida da Fiocruz.
4 BREVE HIST�RICO DA FIOCRUZ
O m�dico Oswaldo Gon�alves Cruz
(1872-1917) realizou sua especializa��o em �Microbiologia T�cnica� e estagiou no
Instituto Pasteur, Paris, entre 1896 e 1899. Inicialmente, ele contou com apoio
financeiro do sogro, mas quando a dire��o do Instituto tomou conhecimento da
sua origem brasileira, lhe concedeu uma bolsa de estudos. A a��o tamb�m
representou uma homenagem ao ex-Imperador do Brasil
Pedro II (1825-1891), amigo de Louis Pasteur (1822-1895), com quem trocava
correspond�ncias, recebia incentivo e doa��es. Em 1900, aos 27 anos, Oswaldo
Cruz assume a dire��o t�cnica do rec�m-criado Instituto Seroter�pico Federal,
localizado na Fazenda de Manguinhos, Rio de Janeiro (Lima; Marchand, 2005, p. 163�164). Hoje, as duas institui��es seguem realizando a��es em colabora��o,
sendo a Fiocruz a �nica institui��o brasileira integrante da Rede Mundial
Pasteur (Fiocruz, 2024a).
Em 1902, Oswaldo Cruz passa
a dirigir o Instituto, quando o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Pereira
Passos, realiza uma reforma urbana. No ano seguinte, ele � nomeado Diretor de
Sa�de P�blica pelo Presidente Rodrigues Alvez, com a miss�o de combater a febre
amarela, a var�ola e a peste bub�nica. A partir de ent�o, torna-se refer�ncia
em sa�de p�blica, quando tamb�m inicia a realiza��o de expedi��es cient�ficas
no interior do pa�s (Fiocruz, 2022).
A atual denomina��o,
Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi atribu�da em 1974, quando o Brasil era governado
pela ditadura militar (1964-1985). O per�odo de repress�o ficou marcado pela censura,
o ex�lio de pesquisadores; e, consequentemente, o retrocesso nas pesquisas
cient�ficas, documentados na obra �O Massacre de Manguinhos� (Lent, 2019). Na reedi��o do original, publicado em 1978, pesquisadores destacam a
inser��o da pr�tica cient�fica no contexto social e pol�tico e ratificam a
import�ncia da democracia no desenvolvimento da atividade cient�fica e
intelectual.
A Fiocruz colaborou para o
Movimento da Reforma Sanit�ria (1976-1988) e para a institui��o do SUS, no
contexto de restaura��o do regime democr�tico no pa�s, na Constitui��o da
Rep�blica de 1988 (Fiocruz, 2023a). A partir de ent�o, a sa�de passa a ser reconhecida como direito social
inerente ao exerc�cio da cidadania, garantindo o acesso universal e equitativo
aos servi�os. Cabe mencionar que apesar da lei prever uma atua��o abrangente do
SUS, ao longo dos anos houve perdas significativas e desmontes (Paim, 2015).
Atualmente presente em onze
estados do pa�s, a Fiocruz conta com mais de doze mil trabalhadores, contribui para
o desenvolvimento econ�mico e para a resposta aos problemas de sa�de nacionais
e internacionais numa atua��o abrangente, que envolve desde a pesquisa
cient�fica, a presta��o de servi�os hospitalares, a fabrica��o de vacinas e
medicamentos, a implementa��o de programas sociais, o ensino e forma��o de
recursos humanos e a informa��o e comunica��o em sa�de, ci�ncia e tecnologia (Fiocruz,
2022).
5 O MUSEU DA VIDA DA FIOCRUZ
A Casa de Oswaldo Cruz (COC) � a unidade da Fiocruz
dedicada � preserva��o da mem�ria, documenta��o, pesquisa, educa��o e
divulga��o cient�fica, sendo tamb�m respons�vel pela gest�o do Museu da Vida (MV).
Inaugurado em 1999, no campus de Manguinhos, a sua miss�o � �Despertar o
interesse e promover o di�logo p�blico em ci�ncia, tecnologia e sa�de, e seus
processos hist�ricos, visando � promo��o da cidadania e � melhoria da qualidade
de vida� (Museu da Vida, 2017, p. 22). O museu possui �reas ao ar livre e
interiores, distribu�das por 25 mil metros quadrados e recebe em m�dia 47 mil
visitantes por ano[5] (Mano et
al., 2015). A visita ao museu � gratuita e inicia no Centro de Recep��o, espa�o
cuja arquitetura � inspirada numa esta��o de trem, sem paredes e integrado ao
ambiente natural.
No Centro de Recep��o s�o expostas obras de arte, e o
espa�o conta com anfiteatro, lanchonete, mesas, cadeiras, bebedouros e
banheiros. L�, os profissionais do museu informam as atividades dispon�veis e �
combinado o roteiro da visita, quando n�o realizado previamente. Este momento normalmente
conta com o suporte de uma maquete do campus que exibe as �reas de
visita��o, s�o elas: Castelo Mourisco, Parque da Ci�ncia, Pir�mide, Tenda da
Ci�ncia, Borbolet�rio, Sal�o de Exposi��es Tempor�rias e Trilhas
hist�rico-ecol�gicas (Museu da Vida, 2023).
A Tenda da Ci�ncia Virg�nia Shall
apresenta espet�culos de teatro e outras atividades que integram arte e
ci�ncia. Sua estrutura foi herdada do F�rum Global, evento paralelo � Eco-92
que reuniu a sociedade civil (Bevilaqua, 2018). O MV � tamb�m respons�vel pelo
grupo Ci�ncia em Cena, que produz e apresenta espet�culos nesta tenda, em a��es
itinerantes e em outras �reas da Fiocruz (Almeida et al., 2019).
Para ampliar o acesso � institui��o, o MV oferece o
Expresso da Ci�ncia, um �nibus destinado ao transporte de grupos de escolas
p�blicas ou ONGs. Tamb�m realiza a��es itinerantes, gratuitas, mas realizadas
sob determinadas contrapartidas, como as Exposi��es Itinerantes, que constituem
no empr�stimo para outras institui��es do territ�rio ou do pa�s; e, o Ci�ncia
M�vel, um caminh�o que se transforma em �rea de exposi��o e se desloca para
temporadas nas cidades da Regi�o Sudeste, sob agendamento (Museu da Vida,
2023).
5.1 Castel Mourisco, o �Pal�cio da Ci�ncia�
O Castelo Mourisco � o
s�mbolo da Fiocruz, tombado em 1981 pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e
Art�stico Nacional (Iphan) e candidato a se tornar Patrim�nio Cultural da Humanidade,
conserva suas caracter�sticas originais com ornamenta��o Neomourisca.
O edif�cio abriga fun��es administrativas, al�m de sala de exposi��es e
biblioteca de obras raras. Atualmente, pode ser visitado com media��o humana ou
virtualmente (Fiocruz, 2024b).
Projetado pelo arquiteto
portugu�s Luiz Moraes J�nior (1872-1955), o Castelo foi constru�do em fases, entre
1905 e 1918. Parte dos materiais utilizados na constru��o foram retirados do
pr�prio terreno, como terra, madeira, areia, saibro e pedra. Os demais
materiais foram importados, como telhas, tijolos e cer�micas, de Marselha,
Fran�a e da marca Bordallo Pinheiro, de Portugal;
lumin�rias, a�o, esquadrias e azulejos da marca Villeroy-Bosch, da
Alemanha; fechaduras Yale, dos Estados Unidos; cimento, da Inglaterra; e,
m�rmore da It�lia. Oswaldo Cruz chegou a trabalhar l�, mas faleceu em 1917 e
n�o foi poss�vel ele presenciar a inaugura��o desta obra (Costa; Pessoa, 2003) (Quadro
1).
Quadro 1 � Imagens
do Castelo Mourisco, Fiocruz, RJ
(1.1) |
(1.2) |
(1.3) |
Fontes: (1.1) D�bora T. S.
Menezes; (1.2) Fiocruz � cer�mica decorativa da f�brica Bordalo Pinheiro; (1.3)
Fiocruz � marca da Funda��o, cujo Castelo � iconografia.
Idealizado por
Oswaldo Cruz para representar o �Pal�cio da Ci�ncia�, o edif�cio destaca-se no
conjunto arquitet�nico hist�rico de Manguinhos, entre outras constru��es do
in�cio do s�culo XX localizadas nas suas proximidades, como a Cavalari�a, o
Pombal e a Casa de Ch�. Acredita-se que o projeto do Castelo recebeu tr�s
influ�ncias arquitet�nicas. Al�m do Pal�cio da Alhambra, localizado na cidade
de Granada, Espanha; do Pal�cio de Montsouris, em
Paris, que Oswaldo Cruz teria visitado durante a sua forma��o no Instituto
Pasteur; e da sinagoga de Berlim. A cidade foi visitada duas vezes pelo
cientista e o arquiteto, por ocasi�o das Exposi��es Internacionais de Higiene,
em 1907 - quando o Instituto recebeu a Medalha de Ouro; e, em 1911, quando de
passagem para a cidade de Dresden (Costa, 2014).
5.2 Parque da Ci�ncia
�
Prosseguindo nas �reas
expositivas, o Parque da Ci�ncia (Parque) � um espa�o ao ar livre, composto por
dispositivos interativos sobre tem�ticas de Energia, Comunica��o e Organiza��o
da Vida. Um dos destaques do Parque � a C�lula Gigante, que foi a inspira��o
para a iconografia do Museu. � local de brincadeiras, relaxamento ou registros fotogr�ficos,
por parte dos visitantes e das equipes do MV e Fiocruz (Museu da Vida, 2023) (Quadro
2).
Quadro 2 � Imagens da C�lula
Gigante, Museu da Vida, Fiocruz, RJ
(2.1) (2.3) |
(2.2) (2.4) |
Quadro 2 � Imagens da C�lula Gigante, Museu da Vida, Fiocruz, RJ
(continua��o) |
|
(2.5) |
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Fonte (2.1): Museu da Vida (2024). Fontes (2.2 � 2.8): imagens D�bora T
S Menezes. O padr�o das etiquetas busca a contextualiza��o dos conceitos
cient�ficos. (2.2) Ponto de registro fotogr�fico, ideia das propor��es e
posi��o das etiquetas (2.3) C�lula Gigante (2.4) Explica as partes da c�lula e
suas fun��es (2.5) Hist�rico sobre estudos da c�lula e processos de observa��o em
microsc�pio digital, que permitem coloridos, convida a identificar cada parte,
no dispositivo (2.6) Descri��o da c�lula, convite para brincar e desconstru��o
sobre colorido das imagens: as c�lulas s�o quase transparentes (2.7) Convite a
saber mais e reflex�o sobre exames de DNA (2.8) Elementos est�ticos que mesclam
arte e ci�ncia, seres vivos e imagens variadas: processos de divis�o celular; vegetais;
rostos humanos de diferentes etnias; feto; estruturas de DNA e alus�o �
linguagem de programa��o digital.
As etiquetas do
Parque buscam contextualizar os conceitos cient�ficos abordados, incorporando
elementos est�ticos, hist�ricos e culturais adjacentes: convidam o visitante a
realizar uma a��o; explicam o que ocorre, com base no conceito cient�fico
abordado; exibem exemplos sobre o princ�pio, por meio de tecnologias, �rg�os do
corpo humano ou saberes tradicionais e trazem perguntas para motivar a expans�o
do conhecimento.
Em continua��o ao
Parque da Ci�ncia, tamb�m pode ser visitada a Pir�mide, que oferece jogos,
experimentos e atividades sobre as vidas micro e macrosc�pica (Museu da Vida,
2023).
5.3 O di�logo com o p�blico e as a��es territorializadas
no Museu da Vida, da Fiocruz
Desde 2015, foi institu�da
a coordena��o de a��es territorializadas (AT/MV), com foco no p�blico que
reside nos territ�rios de favelas e periferias. O trabalho envolve o di�logo com
os movimentos sociais, grupos culturais, escolas, unidades b�sicas de sa�de e
outros atores que atuam nos territ�rios onde a Fiocruz est� inserida.
O prop�sito do grupo � construir
um quadro de refer�ncias pautado por valores democr�ticos, como o direito � uma
vida digna e �potenciais humanos associados ao mundo da arte, da cultura, da
produ��o do conhecimento, da reflex�o sobre a cidade e o meio ambiente� (Batista et al., 2021, p.
5). O grupo realiza a gest�o do Expresso da Ci�ncia e das Exposi��es
Itinerantes, al�m de buscar ades�o e participa��o em cursos e projetos
educativos produzidos pela institui��o (Museu da Vida, 2023). Por exemplo, o
Curso de Monitores para forma��o de mediadores das visitas ao museu e o
Pro-Cultural, sobre produ��o de eventos e atividades culturais. A escolha da no��o
de �territ�rio�, utilizada no nome desta coordena��o, considera que todos
compartilham o lugar, a constru��o de hist�rias, mem�rias, problemas e
solu��es. Da mesma forma, optou-se por n�o usar a denomina��o �entorno�, pois
na pr�tica, atribui ao que n�o � central uma posi��o perif�rica, excludente e
hier�rquica (Batista et al., 2021, p. 8).
O MV trabalha no
desenvolvimento do conceito de Curadoria com Participa��o Social (CPS), que
busca democratizar o poder na constru��o de exposi��es e processos educativos
emancipat�rios, com a finalidade de promover a sa�de e construir respostas em
conjunto com os atores envolvidos. Foram realizados dois Semin�rios de
Curadoria com Participa��o Social, nos anos de 2016 e 2019. O processo foi
catalisado pela coordena��o de AC/MV e influenciou a atua��o do MV e da pr�pria
Fiocruz. Outra iniciativa sob responsabilidade desta unidade � o F�rum Favela
Universidade, uma articula��o com a Coordenadoria de Coopera��o Social da
Presid�ncia da Fiocruz, a Pro Reitoria de Extens�o (PR-5) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e movimentos sociais e culturais da Mar� e de
Manguinhos (Batista et al., 2021).
5.4 O museu da vida e sua participa��o nas a��es da
Fiocruz na pandemia de Covid-19
Dado o fechamento dos museus e o contexto de
circula��o de fake news, o MV priorizou a comunica��o e o
desenvolvimento de atividades por meio das plataformas sociais digitais, o que
permitiu ampliar sua audi�ncia e o acesso �s informa��es cient�ficas. Os
p�blicos priorizados foram os professores, estudantes da educa��o e b�sica e
ensino superior; e, pessoas com defici�ncia. Foram utilizados os canais Instagram,
Facebook, YouTube, Twitter (atual X) e Whatsapp �
este se mostrou o mais eficaz na receptividade de mensagens pelas pessoas em
vulnerabilidade socioecon�mica. As mensagens adotaram formatos de Podcasts,
Lives e Cards, livros e eventos realizados no modo online
e pe�as de teatro, produzidas em Webseries (Bonatto et al.,
2022).
Uma parte dos temas abordados nessas a��es foram
desenvolvidos a partir de d�vidas do p�blico, que foram respondidas por
especialistas. Outros temas foram desenvolvidos em conjunto com outras �reas da
institui��o, como o Grupo de Estudos e A��es Educativas para o P�blico Infantil
(Geaepi) e o mestrado em Divulga��o da Ci�ncia,
Tecnologia e Sa�de, da COC, nas entrevistas �Conta A�, Mestre�, entre outros
atores envolvidos neste processo como os profissionais da sa�de, da educa��o e
lideran�as de movimentos sociais que atuam no territ�rio de Manguinhos (Bonatto
et al., 2022).
Sendo a maior institui��o de sa�de da Am�rica do Sul,
a FIOCRUZ desempenhou um papel importante no gerenciamento da pandemia, desenvolvendo
a��es que visaram minimizar o impacto da doen�a para a popula��o brasileira (Fiocruz,
2022, 2023b). O programa �Unidos contra a Covid-19� (Fiocruz, 2021d), representou
uma das maiores capta��es de recursos do pa�s, arrecadou quase 455 milh�es de
reais, al�m de servi�os e materiais, doados por 2.701 pessoas f�sicas e 132
institui��es. Os recursos foram canalizados para cinco frentes de a��o[6], dentre
elas, o apoio �s popula��es mais vulner�veis. As favelas e regi�es pobres foram
priorizadas, em a��es direcionadas � seguran�a alimentar, monitoramento do
progresso da doen�a e comunica��o. O trabalho foi articulado �s organiza��es comunit�rias
locais para criar, cocriar ou apoiar diferentes dispositivos de comunica��o
sobre a pandemia, como a campanha #VacinaMar�, que imunizou cerca de 37 mil
moradores no territ�rio (Fiocruz, 2023c).
O �Boletim Observat�rio Covid-19� revelou que o v�rus
afetou duas vezes mais mulheres negras do que mulheres brancas (Fiocruz,
2021a). O �Boletim
Socioepidemiol�gico da Covid-19 nas Favelas� demonstrou a metodologia
desenvolvida pela institui��o quando os dados relativos � �ra�a� e �CEP� foram
apagados dos sistemas governamentais (Bento, 2020; Fiocruz, 2020a,
2021b), entre
outros materiais (Fiocruz, 2020c). A s�rie �Radar COVID-19 Favela�
foi estruturada com base no monitoramento ativo de fontes n�o oficiais,
forneceu an�lises populares e cient�ficas da situa��o de sa�de em �reas
perif�ricas, em 17 edi��es que tornaram vis�veis as dificuldades e as iniciativas
populares diante da pandemia.
Por exemplo, a partir do fechamento das escolas, as
fam�lias perceberam cerca de 87% de aumento nas despesas, principalmente por
causa da alimenta��o (Fiocruz, 2020d, p. 6). Quatorze
meses ap�s o in�cio da pandemia, ainda estavam presentes a fome, a viol�ncia e
as condi��es prec�rias para a implementa��o de cuidados preventivos (Fiocruz,
2021c).
O programa �Se liga no Corona� produziu materiais de
comunica��o com foco na preven��o, partindo das reais condi��es de vida e
moradia de pessoas em situa��o de vulnerabilidade social. O conte�do ficou dispon�vel
no portal do Programa e no jornal comunit�rio �Mar� Online� no formato de cartazes;
radionovelas; spots para carros com sistema de som, pe�as de teatro e
v�deos para plataformas de redes sociais (Fiocruz, 2020b).
6 DISCUSS�O
Este trabalho compartilha pr�ticas sobre o
processo de informa��o e comunica��o do Museu da Vida da Fiocruz, e os elementos
apresentados nos resultados ressaltam valores institucionais alinhados �
pr�tica dial�gica nos processos de populariza��o da ci�ncia, assim como o papel
da ci�ncia em perspectiva hist�rica, social, pol�tica, ambiental e cultural. Percebe-se
o compromisso institucional da Fiocruz, evidenciado pela cria��o da coordena��o
de A��es Territorializadas. Desta maneira adota uma pol�tica consistente de
longo prazo, colaborando com outras �reas da Fiocruz, inclusive no per�odo da
Pandemia de Covid-19.
O Museu da Vida � uma institui��o que busca
inspira��o nos valores da museologia social, tendo superado obst�culos
estruturais e institucionais para ampliar o acesso ao conhecimento t�cnico
cient�fico. Ciente de que este � um processo e uma constru��o de longo prazo,
imbu�da de reflexividade, subjacente aos processos de avalia��o e pesquisas.
Desta maneira, reconhece limites e realimenta pr�ticas, dando continuidade �s
a��es e ao aprendizado.
Os autores propositalmente n�o utilizaram o termo
�vulgariza��o� para tratar da populariza��o cient�fica - embora em desuso,
ainda � associado �s pr�ticas da divulga��o cient�fica, por vezes adquirindo um
car�ter pejorativo. Quando se tem contato com a hist�ria e a abordagem
apresentada, percebe-se que os processos e escolhas trilhadas pelo Museu da
Vida, em linha com os valores institucionais da Fiocruz, priorizam o di�logo e
aprendizado cont�nuo nas pr�ticas da institui��o.
Recapitulamos as escolhas arquitet�nicas de
Oswaldo Cruz para o projeto do Castelo Mourisco e suas poss�veis influ�ncias de
culturas diversas. Desde o s�mbolo da institui��o estaria imbu�da a concilia��o
de diferen�as e a toler�ncia, aspectos fundamentais para o estabelecimento de
um di�logo.
7 CONSIDERA��ES FINAIS
Os elementos
apresentados sobre os processos de informa��o e comunica��o do Museu da Vida da
Fiocruz buscaram documentar as media��es cient�ficas e culturais implementadas
pela institui��o. Percebe-se uma atua��o pautada por valores democr�ticos,
pr�ticas dial�gicas e inclusivas, de constru��o coletiva do conhecimento. Este por�m n�o � um fim em si, mas um processo de trabalho,
do qual n�o fazem parte f�rmulas nem a��es pontuais.
Faz-se relevante destacar
o compromisso, precedido de reflexividade, por parte da institui��o, e da coragem
para simplesmente iniciar. Percebe-se que sua miss�o est� permeada nos
processos institucionais, promovendo o di�logo p�blico em ci�ncia, tecnologia e
sa�de e respectivos processos hist�ricos, tamb�m contribuindo para melhores
condi��es de vida, autonomia e o exerc�cio dos direitos de cidadania. A
candidatura ao Patrim�nio da Unesco j� seria ent�o um reconhecimento � esta
institui��o que completou 120 anos em maio de 2020, quando n�o poupava esfor�os
para o cuidado dos brasileiros, durante a pandemia de Covid-19.
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[1] Doutoranda em Ci�ncia da Informa��o pelo PPGCI IBICT UFRJ.
[2] Doutora em Ci�ncia da Informa��o. Docente do Programa de P�s Gradua��o
em Ci�ncia da Informa��o PPGCI/IBICTUFRJ.
[3] Doutor em Ci�ncias da
Informa��o e da Comunica��o. Universit� Toulouse III - Paul Sabatier.
[4] O F�sico franc�s trabalhou
nos projetos do Exploratorium e do Espa�o Ci�ncia
Viva (1983), no Rio de Janeiro, Brasil, entre outros. Viveu no Chile, onde
conheceu Paulo Freire.
[5] M�dia de visitantes
entre 2000 e 2013, calculado com base no referido relat�rio.
[6] As outras frentes
foram: amplia��o da capacidade de testagem para a Covid-19; assist�ncia � sa�de
no SUS; internaliza��o da tecnologia, inclusive produ��o de vacinas e pesquisa
com foco na Covid-19.