A capoeira Angola como espaço de resistência epistêmica: os cantos de capoeira como possíveis transmissores de uma cronosofia afro brasileira

Autores

Palavras-chave:

Temporalidades Afro Brasileiras;, Cronosofias;, Capoeira Angola;, Epistemicídio;, Resistência Epistêmica.

Resumo

A ideia de tempo é parte fundamental do trabalho dos historiadores e, sob a batuta destes, é um dado: tempo histórico é dividido em passado, presente e futuro. A importância desse tempo linear, universal e progressivo para o código da disciplina histórica é enorme. Trata-se de uma concepção que subalternizou outras temporalidades à sua historicidade modernista. Assim, buscamos analisar as insuficiências teóricas da cronosofia modernista da disciplina histórica para identificar e compreender as cronosofias marginalizadas em jogo no Brasil. Analisamos os elementos históricos que a população afro-brasileira produz propondo olhar para os espaços e performatividades em que acontecem, organizadas na Capoeira Angola. Defendo que o canto e o jogo da Capoeira além de conhecimento histórico também é manifestação de resistência epistêmica e cronosófica desse povo.

Abstract

The idea of time is a fundamental part of the work of historians and under their baton, it is a given: historical time is divided into past, present and future. The importance of this linear, universal, and progressive time for the code of historical discipline is enormous. It is a conception that subordinated other temporalities to its modernist historicity. Thus, we seek to analyze the theoretical insufficiencies of the modernist chronosophy of the historical discipline to identify and understand marginalized chronosophies at play in Brazil. We analyze the historical elements that the African-Brazilian population produces proposing to look at the places and performativities in which they happen, organized in the game of Capoeira Angola. We argue that the Capoeira chants and play besides historical knowledge it is also a manifestation of the epistemic and chronosophical resistance of these people.

Keywords: African-Brazilian Temporality; Chronosophies; Capoeira Angola; Epistemicide; Epistemic resistance.

 

Downloads

Métricas

Visualizações em PDF
291
Jul 22 '20Jul 25 '20Jul 28 '20Jul 31 '20Aug 01 '20Aug 04 '20Aug 07 '20Aug 10 '20Aug 13 '20Aug 16 '203.0
| |

Biografia do Autor

Ângelo Oliveira Gomes Teixeira, Universidade Federal de Ouro Preto

Mestrando em História pela Universidade Federal de Ouro Preto e Graduado em História-Licenciatura pela mesma universidade, membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da UFOP e do Coletivo Negro Braima Mané. Atuei no subprojeto interdisciplinar História, Cultura e Literatura Africana e Afro-Brasileira (PIBID AFRO), como bolsista da CAPES, entre os anos de 2015 e 2017, sob orientação da Profª Drª. Kassandra da Silva Muniz. Atuei também, como bolsista da PROEX, no projeto de extensão Oficina de Produção Audiovisual", sob orientação da Profª. Drª. Juliana Cesário Hamdan, no ano de 2017. Além disso, atuei como Estagiário de Nível Superior na empresa Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais.

André de Lemos Freixo, Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto (DEHIS/UFOP)

Doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor Adjunto do Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto (DEHIS) e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

 

Referências

Referências:

BEVERNAGE, Berber. História, memória e violência de Estado: tempo e justiça. Mariana: Editora Milfontes, 2018.

BEVERNAGE, Berber; LORENZ, Chris. (ed). “Introduction”. In. Breaking up Time –

Negotiating the borders between Present, Past and future. Bristol: Vandenhoeck, &

Ruprecht, v.7, 7-35, 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/9665197/_ed._with_Chris_Lorenz_Breaking_up_Time_Negotiating_the_Borders_between_Present_Past_and_Future acesso em 15 de julho de 2018.

CAIÇARA, Mestre. Academia de Capoeira Angola São Jorge dos Irmãos Unidos do Mestre Caiçara. Copacabana: 1969. 1 Disco sonoro. Faixa 1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=glhbxXxgIgU acesso em 22 de julho de 2018.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Disponível em: https://negrasoulblog.files.wordpress.com/2016/04/a-construc3a7c3a3o-do-outro-como-nc3a3o-ser-como-fundamento-do-ser-sueli-carneiro-tese1.pdf acesso em 11 de julho de 2018.

CESAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1978.

GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência. São Paulo: Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.

JOGO DE DENTRO, Mestre. Capoeira Angola tem Fundamento. [S.l.]: 2006. Vol 2, CD. Faixa 1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5dRQ_J6WGAI acesso em 19 de julho de 2018.

JUNIOR Henrique Cunha. Tecnologia africana na formação brasileira. Rio de Janeiro; CeaP, 2010.

KAGAME, Alexis. A percepção empírica do tempo e concepção da história no pensamento Bantu. In: As culturas e o tempo: Estudos reunidos pela UNESCO. Paul Ricouer (org). Rio de Janeiro: Vozes, 1975.

MACHADO, Veridiana Silva. O cajado de Lemba: O tempo no candomblé de nação Angola. Ribeirão Preto, 2015. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-11052016-110936/pt-br.php acesso em 7 de abril de 2019.

MARCONDES, Mariana M. [et al.]. Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília: Ipea, 2013.

MORAES, Mestre. Capoeira Angola From Salvador Brazil. Bahia: Smithsonian Folkways, 1996. 1 CD. Faixa 1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DUSW-GmvS88 acesso em 13 de julho de 2018.

PAULO DOS ANJOS, Mestre. Capoeira da Bahia. Curitiba: Gramophone Produtora, 1991. Vinil. Lado A, Faixa 3. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0ejrmZDSxFw&list=PLgWmvxm3NkoaMsGgUhDODFD8B73Yw70Bg&index=3 acesso em 11 de julho de 2018.

PEREIRA, Ana Carolina Barbosa. Precisamos falar sobre o lugar epistêmico na Teoria da História. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 24, p. 88 - 114, 2018. Disponível em: http://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/viewFile/2175180310242018088/8521 acesso em 7 de abril de 2019.

QUERINO, Manuel Raimundo. O colono preto como fator da civilização brasileira, Afro-Ásia, n. 13, pp. 143-158, 1980. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20815 acesso em 11 de julho de 2018.

SANTOS, S. Boaventura. Pela Mão de Alice. São Paulo: Cortez Editora, 1995.

SETH, Sanjay. Razão ou Raciocínio? Clio ou Shiva? História da Historiografia. Ouro

Preto. n. 11, p. 173-189, 2013. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/554 . acesso em 16 de agosto de 2018.

SOARES, Carlos Eugenio Libano. A negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro 1850-1890. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas, Campinas, SP. 1993.

SODRÈ, Muniz. Pensar Nagô. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.

TORAL, André Amaral de. A participação dos negros escravos na guerra do Paraguai.Estud. av., São Paulo , v. 9, n. 24, p. 287-296, ago. 1995. Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 11 jul. 2018.

Downloads

Publicado

2020-07-20

Como Citar

OLIVEIRA GOMES TEIXEIRA, Ângelo; FREIXO, André de Lemos. A capoeira Angola como espaço de resistência epistêmica: os cantos de capoeira como possíveis transmissores de uma cronosofia afro brasileira. Ponta de Lança: Revista Eletrônica de História, Memória & Cultura, São Cristóvão, v. 14, n. 26, p. 192–212, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/pontadelanca/article/view/12490. Acesso em: 30 dez. 2024.