O SIGNIFICADO DA PAZ EM MAQUIAVEL: DESDE A GUERRA COMO SUA CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE ATÉ SEUS EFEITOS CÁUSTICOS
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v13i37.12878Resumo
O problema da “guerra”, no pensamento de Nicolau Maquiavel, ocupa uma posição central e ininterrupta. O conjunto de sua teoria política, desde os textos clássicos até os escritos menores, é tomado e acompanhado pela iminência dos confrontos armados entre potências. Diante da imponência que as questões militares assumem em suas considerações, testemunhamos sua reflexão deslocar o significado que a paz, noção vinculada às implicações bélicas, assume. Nesse sentido, o presente artigo possui o propósito de avaliar o modo como o Secretário florentino compreende o período de tranquilidade entre estados. Isto é, como esse conceito se manifesta em suas obras, interagindo, diretamente, com o tópico da guerra. Para isso, por um lado, elucidaremos como o pensamento maquiaveliano apresenta a possibilidade, ainda que precária, de períodos pacíficos, ancorada em uma constante preparação para a guerra. E, por outro, delinearemos os efeitos cáusticos que emanam de um estado capaz de abdicar dos conflitos armados, onde o “ócio”, oriundo do não engajamento militar, o transformaria em um corpo político “efeminado”, visto como presa fácil pelas demais potências, ou “dividido”, no qual floresce o germe para as guerras civis.