"TUDO É DESERTO": UM ENSAIO SOBRE O CANSAÇO EM ÁLVARO DE CAMPOS
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v13i35.13058Resumo
Este ensaio lança um olhar sobre as poesias de Álvaro de Campos e busca entender como a sua insistência pela totalidade e seu recuo ao nada emergem de uma mesma vontade. Em diversos poemas Campos expressa um desejo de comunhão com o mundo que o extasiaria à completude. Mas esse desejo é continuamente interrompido ou por uma nostalgia com a infância que marca o momento anterior a esse anseio pela totalidade ou por um lamento com a impossibilidade de satisfação que o faz recuar e reduzir a totalidade intangível ao nada. O que parecem duas maneiras distintas de encarar seu próprio desejo se aproximam, pois essa vontade de absoluto (tudo e nada) só consegue resultar em cansaço. Campos se esforça nas poesias para elaborar o momento em que toda a vontade seja satisfeita ou aquele que preceda qualquer vontade, no qual enfim não haja mais que se esforçar, finalmente consolo ao cansaço, mas nesse movimento ele acaba por salvar a própria vontade da qual tenta escapar.