O argumento sobre “as coisas que são e não são”: R. V 476a1-479b10
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v12i32.13073Resumo
No argumento sobre as “coisas que são e não são” (R. V476a1-479b10) distingo “comunhão” (koinônia: 476a8) de “participação” (methexis: 478d1-3), alegando que enquanto esta explica como as muitas coisas participam nas Formas, a outra foca a comunhão das Formas opostas na multiplicidade das suas instâncias. Após ter oposto “o que é” a “o que não é”, equacionando-os com “o que pode e não pode ser conhecido”, o argumento introduz uma alternativa entre elas: “o que é e não é”, distinguindo as competências cognitivas: saber, ignorância e opinião. Os objetos das primeiras duas são facilmente reconhecidos, parece, contudo, problemático apontar que espécie de coisas “são e não são”. Sócrates propõe então que estas correspondem à multiplicidade das coisas “belas, justas, ou piedosas”, dado, nenhuma deixar de parecer “feia, injusta, ou ímpia”, devido à comunhão nelas das Formas opostas. Este argumento será depois suplementado por uma análise de como, ao serem captadas por um único sentido, sensações contrárias são confundidas pela percepção.