AS PARTES E O TODO: A INSUFICIÊNCIA DOS DISCURSOS PRÉ-SOCRÁTICOS NO BANQUETE DE PLATÃO
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v13i35.13083Resumo
Neste artigo analisaremos a analogia do uso dos nomes erōs-poiēsis realizada pela personagem Diotima em seu diálogo com o jovem Sócrates (205a-206a) no Banquete de Platão. Nesta analogia, Diotima analisa o uso do nome erōs tanto enquanto uma espécie particular de ‘desejo’ quanto enquanto o gênero geral que envolve todas as espécies particulares de ‘desejo’. Nosso estudo tem por objetivo compreender as consequências de lermos essa passagem em relação aos discursos dos cinco primeiro simposiastas, de modo a considerá-los como ao mesmo tempo discursos sobre aquilo que é e não é, ou seja, discursos simultaneamente verdadeiros, por falarem sobre características de Erōs no âmbito da espécie particular, e falsos, por tomarem tal parte (espécie) pelo todo (gênero). Neste momento do diálogo (205a-206a) haveria uma guinada no nível discursivo levada a efeito pela personagem Diotima, cuja preocupação metodológica em visar o mais geral leva-a a conduzir o jovem Sócrates em direção de formulações cada vez mais gerais no discurso, em detrimento às formulações particulares realizadas até então pelos demais simposiastas. Esses discursos levaram a efeito opiniões contraditórias não fundamentadas por um discurso adequado, sendo, portanto, aspectos particulares e insuficientes à apreensão do objeto buscado pela atividade dialética. Para ilustrar essa possibilidade de leitura, buscaremos evidenciar como os momentos na fala de Diotima posteriores à analogia erōs-poiēsis poderiam ser lidos como a identificação das insuficiências dos discursos precedentes, de modo a negá-los por meio de suprassunções, nomeadamente, negações que metodologicamente mantêm elementos a serem ressignificado num discurso mais generalizante, cuja finalidade seria a verdade.
PALAVRAS-CHAVE: Diotima, discursos, dialética, Banquete