SONHO, IMAGEM E SENSAÇÃO NA TEORIA DA PERCEPÇÃO SENSÍVEL DE EPICURO
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v14i39.18064Resumo
Esboça-se, a partir da compreensão dos parágrafos 32 e 51 do Livro X de Diógenes Laércio: Vida e doutrinas dos filósofos ilustres, uma teoria da percepção sensível e da imagem no pensamento de Epicuro. Contudo, buscando demonstrar o processo epistêmico das sensações (αἰσθήσεις), iniciado nas “projeções imagéticas” (φανταστικὰς ἐπιβολὰς), ou seja, no desprendimento das superfícies dos corpos compostos mediante o movimento (κίνεσις) constante dos átomos, Epicuro, despretensiosamente, fundamenta a natureza do “sonho” (ὄναρ) como uma derivação das imagens (εἴδωλα) dos entes corpóreos que afetam a alma “durante o sono” (καθ’ ὕπνους) e, por isso, são os sonhos verdadeiros: pois “move [a mente], e, o que não é [μὴ ὄν] não a move”. Neste sentido, rompe-se com uma larga tradição em que os sonhos são manifestações divinas, como expressa a Sentença Vaticana 24, logo, não carecem de interpretações, mas são explicados como “representações” (φαντάσματα) dos sensíveis advindas durante o sono que se formam na alma através das antecipações guardadas no entendimento, ou seja, são imagens representativas do mundo fenomênico, logo, só há sonho daquilo que se percebe.