A PARRHESIA E O APOCALIPSE DA DEMOCRACIA
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v15i41.18931Resumo
Este artigo interpreta a quarta conferência de uma série de seis pronunciadas por Foucault em Berkeley (Universidade da Califórnia) de outubro a novembro de 1983. A problemática da parrhesia retomada pelo filósofo francês do diálogo Laques, de Platão, suscita uma discussão sobre os sentidos de democracia, sistema político em baixa na Atenas do final do século V a.C. Articulando os discursos cômico e filosófico, evidenciam-se, ao mesmo tempo, a força e as lacunas do texto de Foucault. Se, por um lado, o interesse foucaultiano pela verdade força um retorno ao “falar franco”, por outro, falta, nesta conferência, um olhar de conjunto mais amplo que dê conta da parrhesia como sintoma de uma falta e da decadência do espírito democrático ateniense nos termos propostos no Laques. Deriva dessa falta, por exemplo, a ideia de que, do ponto de vista conceitual, o Laques seria “um fracasso”.
PALAVRAS-CHAVE: Democracia; Discurso; Parrhesía; Verdade.