O MESMO NO SOFISTA DE PLATÃO
Resumo
Este artigo pretende determinar a contribuição do gênero do mesmo ao propósito geral do Sofista de Platão a partir de uma contraposição entre interpretações de ordem semântica e sintática. Preliminarmente, ele examina as razões para a individuação do gênero do ser em 250a8-c5, apontando que elas dependem de dois modos de se dizer o ser, o coletivo e o distributivo, que se identificam por formas sintáticas específicas. A abordagem do mesmo começa por uma reconstrução do controverso argumento em 255a4-b7, que não apenas mostra que ele é válido, como também que os modos coletivo e distributivo de se dizer lhes são centrais. A seguir, demonstra-se que a passagem 255b8-c8 não traz uma prova da distinção entre mesmo e ser, que é encontrada apenas em 256a3-b5, devido à introdução de dois outros modos de se dizer: segundo si mesmo e em relação a outro. Um paralelo desse resultado com a distinção entre ser e diferente encontrada em 255c13-d7 leva à conclusão de que o mesmo difere do ser enquanto o gênero que só diz um ser com relação a outro. Porque essa formulação permite a distinção sintática entre mesmo e ser em padrões que garantem a equivalência de não ser e diferente, ela é central ao propósito do diálogo. Comprova-se também com isso que as interpretações de ordem sintática são mais caridosas com o texto.