Le Bon e Mussolini: propaganda fascista e religião
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v17i47.22837Resumo
Pretende-se indicar, neste artigo, em que sentido o fascismo pode ser visto como uma forma de “religião” e qual a função da propaganda no âmbito deste movimento e de extremismos que podem ser a ele relacionados. Entendo a expressão “religião” no sentido em que a emprega Gustave Le Bon (1841-1931), autor que, ao relacionar política e comportamento de massa, inspirou decisivamente o ditador Benito Mussolini, sobretudo no que diz respeito ao padrão de propaganda do movimento. Neste sentido, trata-se de mostrar como religião e propaganda formam o núcleo em torno do qual gravitam muitas das teses e táticas dos agitadores fascistas. Para embasar o argumento a esse respeito, utilizo duas fontes principais: 1) a obra Psicologia das multidões, publicada em 1895, por Gustave Le Bon e 2) o texto base de A doutrina do fascismo, ensaio escrito por Benito Mussolini e pelo filósofo Giovanni Gentile e publicado, em 1932, na Enciclopédia Italiana. Porém, antes de apresentar o argumento central, farei uma espécie de limpreza de terreno, esclarecendo o sentido do termo “fascismo” aqui empregado. Além disso, apresento inicialmente aspectos da abordagem de Theodor Adorno e Sigmund Freud acerca da psicologia das massas, na medida em que os autores são fundamentais para compreender o alcance e os limites das ideias apresentadas por Le Bon a respeito das massas.