Fascismo e a insaciada ânsia pelo pai
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v17i47.22839Resumo
O objetivo deste ensaio é apresentar a hipótese freudiana da horda primordial para, em seguida, a partir de Adorno, esboçar uma compreensão do fascismo que não acompanha a conclusão desse pensador de inclinação marxista. Argumenta-se que o autoritarismo não se apresenta como uma anomalia histórica ou uma patologia social localizada, mas como um traço originário e constitutivo da cultura e da psique humana — um legado filogenético que teria moldado a passagem do animal ao humano e que se repete ontogeneticamente. Retomando as características essenciais do totemismo, discute-se como o desejo por autoridade e a obediência à figura paterna permanecem ativos nas formações sociais contemporâneas, manifestando-se com força particular no fascismo — quando a insaciável ânsia pelo pai ressurge no âmbito da política para as massas. Ao tensionar as hipóteses de Freud e Adorno, o artigo propõe que o fascismo deve ser pensado não como uma anomalia produzida pelo capitalismo, mas como um destino atemporal atualizado, porque estrutural: a restauração psíquica de um pai aniquilado pelo parricídio — um retorno da horda sob novas formas.