Do embranquecimento como projeto de saúde: atualizações pastorais-coloniais em práticas de atenção psicossocial
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v17i47.22842Resumo
O artigo toma como analisador - no sentido institucionalista, ou seja, como aquilo que tem força para problematizar um regime de verdade e um modo de subjetivação a ele indexado -, um fragmento de diálogo entre profissionais de um serviço público de saúde mental (Centro de Atenção Psicossocial). Assim, almeja fazer durar três questões que transpassam a produção de saúde-doença-cuidado: fragilidades na formação de profissionais para a clínica psicossocial que se quer antimanicolonial; atravessamento de uma moral religiosa especificamente cristã articulada à moral do cidadão de bem; e racismo como algo do qual a clínica psicossocial, articulada ao projeto pastoral-moderno-colonial, furtou-se de olhar-se no olho desde sua formulação. Finaliza-se com notas escreviventes que alinhavam uma político-clínica de saúde mental afeita à escuta de outras vozes e outras histórias, tecendo uma contra-memória da branquitude das práticas de atenção psicossocial, fazendo pensar a desinstitucionalização como transvaloração da moral desses nossos tempos, afirmando-se um cuidado antirracista e feminista, em confluência com os saberes populares e os territórios prenhes de vida.