A tensão necessária: notas sobre a relação entre o eu e o outro em Hegel e em Merleau-Ponty
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v10i22.5369Resumo
Na célebre parábola do senhor e escravo, Hegel evidencia que é através do conflito, da luta, de uma consciência tentar sobrepor a outra que cada qual se reconhece como consciência-de-si. Já para o filósofo francês, após uma profunda reabilitação do sensível, trava uma ferrenha crítica à noção de cogito cartesiano. Segundo Merleau-Ponty, o cogito que Descartes postula é um cogito falado, e, portanto, posterior a dimensão da experiência vivida. Antes de exprimir o cogito se encontra numa dimensão pré-reflexiva, o qual só irá se revelar posteriormente nas situações limites. A subjetividade, agora, não mais auto se reconhece, de modo absolutamente independente. Ela somente se constitui a partir do contato com Outrem, no embate. Desse modo, o artigo visa mostrar que, tanto em Hegel quanto em Merleau-Ponty, é a partir da noção de tensão, na relação com Outrem, que a subjetividade é constituída.