Pesca artesanal do camarão Macrobrachium acanthurus e conflitos socioambientais: análise no rio Japaratuba (Sergipe - Brasil) / Artisanal fishing of Macrobrachium acanthurus shrimp and socio-environmental conflicts: analysis in Japaratuba River (Sergipe - Brazil)

Autores

  • Maria do Carmo Ferrão Santos Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste - Cepene/ICMBio
  • Caio Floriano dos Santos Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande (PPGEA/FURG). Bolsista FAPERGS/CAPES
  • Julliany Lemos Freire Engenheira de Pesca. Laboratório de Bioecologia Pesqueira (UFPA), Bragança – Pará. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca (UFPA).

DOI:

https://doi.org/10.2312/Actafish.2016.4.2.18-27

Palavras-chave:

captura, covos, socioeconomia, Pirambu, Japaratuba / catch, traps, socio-economy

Resumo

Resumo O uso dos recursos naturais une os pescadores artesanais sergipanos das comunidades haliêuticas dos Povoados de: São José da Caatinga (Japaratuba), Marimbondo, Bebedouro e Aguilhadas (Pirambu), com o ambiente dulcícola do rio Japaratuba, onde ocorre uma intensa captura de Macrobrachium acanthurus. Para tentar compreender essa relação, foram realizadas 60 entrevistas com pescadores dessas localidades, sendo todos do gênero masculino, entre eles a faixa etária variou de 23 a 58 anos e 87% têm a pesca como sua única fonte de renda. O covo é o único apetrecho de pesca utilizado na pesca de M. acanthurus, confeccionados pelos próprios pescadores (92%). Os pescadores artesanais demonstraram possuir um amplo conhecimento à cerca da espécie, ao afirmarem que indivíduos de menor tamanho são mais abundantes entre novembro e abril. Desta forma, percebe-se a importância dos saberes populares desses pescadores ribeirinhos, para a manutenção e conservação dos pesqueiros ocupados pelo camarão M. acanthurus do rio Japaratuba.

Abstract  The usage of natural resources gathers the sergipanos artisanal fishermen from the fishery communities from the towns: São José da Caatinga (Japaratuba), Marimbondo, Bebedouro e Aguilhadas (Pirambu), with the freshwater environment of Japaratuba River, where there is an intense capture of Macrobrachium acanthurus.  In order to understand this relationship, it was made 60 interviews with fishermen of this towns. They are all male, between them the age group varied from 23 to 58 years old and 87% have the fishing as they only source of money. The covo is the only fishing instrument used in the fishing of M. acanthurus, made by they own (92%). The artisanal fishermen showed to have a wide knowledge about the species, when they affirm that small size shrimps are more abundant between November and April. Then, we can notice the importance of the popular knowledges of these riverine fishermen, to the maintenance and conservation of the occupied fishing grounds by the M. acanthurus shrimp of Japaratuba River.

Biografia do Autor

Maria do Carmo Ferrão Santos, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste - Cepene/ICMBio

Desde 1984 é analista ambiental do Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste (CEPENE), pertencente ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - Ministério do Meio Ambiente. Tem experiência na área de Oceanografia, com ênfase em Biologia Pesqueira e Avaliação de Estoque de crustáceos e peixes do ecossistema manguezal e da plataforma continental. Tem experiência na avaliação de impactos provenientes de dragagens e construções portuárias em ambiente utilizado como habitat dos camarões peneídeos e sua fauna acompanhante. Cursou as Graduações em: BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (UFPE - concluiu em 1981) e LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (UFPE - concluiu em 2001); MESTRADO EM OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA - Título: O CAMARÃO SETE-BARBAS, XIPHOPENAEUS KROYERI HELLER, 1862) (CRUSTACEA : DECAPODA : PENAEIDAE) NO NORDESTE DO BRASIL (UFPE - concluiu em 1997) e DOUTORADO EM OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA - Título: BIOLOGIA POPULACIONAL E MANEJO DA PESCA DO CAMARÃO BRANCO, PENAEUS SCHMITTI BURKENROAD, 1936 (CRUSTACEA : DECAPODA : PENAEIDAE) NO NORDESTE ORIENTAL DO BRASIL (UFPE - concluiu em 2002).

Caio Floriano dos Santos, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande (PPGEA/FURG). Bolsista FAPERGS/CAPES

Possui graduação em Oceanografia pela Universidade do Vale do Itajaí (2008) e doutorado em Educação Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande (2016).Desenvolvendo pesquisas e projetos de extensão nos seguintes temas: conflito ambiental, educação ambiental, justiça ambiental, desigualdade ambiental, desenvolvimento, licenciamento ambiental e juventude.

Julliany Lemos Freire, Engenheira de Pesca. Laboratório de Bioecologia Pesqueira (UFPA), Bragança – Pará. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca (UFPA).

Graduada em Engenharia de pesca e Mestre em Biologia Ambiental pela Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança. Tem experiência em dinâmica populacional, avaliação de estoques pesqueiros, bioecologia, taxonomia e bioquímica de peixes e camarões. Atualmente, é pesquisadora e bolsista de desenvolvimento tecnológico de inovação no Laboratório de Tecnologia do Pescado da Universidade Federal do Pará, onde tem realizado estudos sobre o aproveitamento integral do pescado, composição centesimal, composição de ácidos graxos de peixes e camarões da região Amazônica.

Referências

Acselrad, H. (2004). As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In: H. Acselrad (Org.). Conflitos Ambientais no Brasil (p.13-35). Rio de Janeiro: Relume Dumará; Fundação Heinrich Böll.

Acselrad, H., Melo, C.C. & Bezerra, G.N. (2009). O que é justiça ambiental. Rio de Janeiro: Editora Garamond.

Agostinho, A.A. & Gomes, L.C. (1997). Reservatório de Segredo: bases ecológicas para o manejo. Maringá: Editora Universidade Estadual de Maringá.

ANA-Agência Nacional de Águas, MMA (2015). Acessado em: http:hidroweb.ana.gov.br/.

Araújo, S.S. (2009). Conflitos sócio-ambientais relacionados ao uso da água outorgada na bacia hidrográfica do rio Japaratuba - SE. In: II Encontro de Recursos Hídricos de Sergipe. Aracaju.

Bail, G.C. & Branco, J.O. (2007). Pesca artesanal do camarão sete-barbas: uma caracterização sócio-econômica na Penha, SC. Braz. Journal Aquatic Science Techinology, 11(2): 25-32.

Castells, M. (1999). O poder da identidade. São Paulo: Editora Paz e Terra.

Clauzet, M.; Ramires, M. & Barrrella, W. (2005). Pesca artesanal e conhecimento local de duas populações caiçaras (enseada do Mar Virado e Barra do Una) no litoral de São Paulo, Brasil. A linguagem da Ciência, 4: 1-22.

Cruz, M.A.S. (2010). Avaliação de séries históricas de vazão monitoradas em duas sub-bacias do rio Japaratuba em Sergipe com auxílio de algoritmos genéticos. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa.

Diegues A.C. (1988) A Pesca Artesanal no Litoral Brasileiro: Cenários e Estratégias para sua Sobrevivência. São Paulo: Instituto Oceanográfico da USP.

Escallier, C. O papel das mulheres da Nazaré na economia haliêuticas. (1999). Etnográfica, III(2): 293-308.

Freire, J.L. & Silva, B.B. (2008). Aspectos sócio-ambientais das pescarias de camarões dulcíolas (Macrobrachium amazonicum Heller, 1862 e Macrobrachium rosenbergii De Man, 1879) (Decapoda, Palaemonidae) na região Bragantina - Pará - Brasil. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, 21:51-62.

Furtado, L.G. (1994). Riqueza e exploração da pesca na Amazônia. In: Uma proposta de educação ambiental para a Amazônia - Temas Básicos. Brasília: Ibama, pp. 259-315.

Ibama (2005). Boletim Estatístico da Pesca Marítima e Estuarina do Nordeste do Brasil - 2004. Tamandaré: Ibama.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2011). Sinopse do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE.

Idema - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte. (2010). Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte. Natal: Idema.

Jica/Seplantec - Japan International Cooperation Agency. Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia (2000). Estudo sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos no Estado de Sergipe, na República Federativa do Brasil. Aracaju: Jica/Seplantec.

Medeiros, R.P, Polette, M., Vizinho, S.C., Macedo, C.X. & Borges, J.C. (1997). Diagnóstico sócio-econômico e cultural nas comunidades pesqueiras artesanais do litoral centro-norte do estado de Santa Catarina. Nota Técnicas Facimar, 1: 33-42.

MME - Ministério de Minas e Energia. (2002). Projeto Cadastro da Infra-Estrutura Hídrica do Nordeste: Estado de Sergipe. Diagnóstico do Município de Japaratuba. Brasília: MME

Morin-Labatut, G. & Akatar, S. (1992). Traditional Knowledge: a resource to manage and share. Development, 4: 24- 30.

MPA - Ministério da Pesca e Aquicultura. (2012). Boletim Estatística da Pesca e Aquicultura - 2010 . Brasília: MPA.

Nordi, N. (1992). Os catadores de caranguejo-uçá (Ucidescordatus) da região de Várzea Nova - PB: uma abordagem ecológica e social [Tese de Doutorado]. São Carlos (SP): Universidade Federal de São Carlos.

Ramalho, C.W.N. (2006). Ah, esse povo do mar!: um estudo sobre trabalho e pertencimento na pesca artesanal pernambucana. Campinas: Editora Polis (Centro de Estudo Rurais do IFCH - Unicamp).

Santos, E.C. & Sampaio, C.L.S. (2013). A pesca artesanal na comunidade de Fernão Velho, Maceió (Alagoas, Brasil): de tradicional a marginal. Revista da Gestão Costeira Integrada, 13(4): 513-524.

Sedrez, M.C., Santos, C.F., Marenzi, R.C., Sedrez, S.T., Barbieri, E. & Branco, J.O. (2013). Caracterização socioeconômica da pesca artesanal do camarão sete-barbas em Porto Belo, SC. Bol. Inst. Pesca, 3(39): 311-322.

Semarh - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, do Governo do Estado de Sergipe. (2010). Elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos.

Silva, C. da S. (2012). Territorialidade da pesca artesanal de “mar de dentro e mar de fora ”em Brejo Grande - SE. In: Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (pp. 1-16). Teresina: Anais do ECSNN, XV.

Silva, E.F., Oliveira, J.E.L. & Lopes Junior, E. (2013). Características socioeconômicas e culturais de comunidades litorâneas brasileiras: um estudo de caso - Tibau do Sul - RN. Boletim Técnico Científico do Cepene, 19(1): 73-85.

Souza, R.M. (2009). Natureza, espaço e cultura em comunidades haliêuticas. Espaço e Cultura, 26: 19-31.

Vasconcelos, E.M.S., Lins, J.E., Matos, J.A. Júnior, W. & Tavares, M.M. (2003). Perfil socioeconômico dos produtores da pesca artesanal marítima do estado do Rio Grande do Norte. Boletim Técnico Científico do Cepene, 11(1): 277-292.

Veiga, J. E. da. (2007). A emergência socioambiental. São Paulo: Editora Senac.

Downloads

Publicado

2016-07-31

Edição

Seção

Artigo