Ictiofauna associada a um cultivo de ostras no estuário do rio São Francisco, Sergipe, Brasil.

Autores

  • Renato Luiz Bot-Neto Universidade Federal do Paraná
  • Leonardo da Cruz Rosa Universidade Federal de Sergipe

DOI:

https://doi.org/10.2312/Actafish.2017.5.1.59-69

Palavras-chave:

Ostreicultura, Aquicultura, Recifes Artificiais

Resumo

A introdução de estruturas artificiais no ambiente aquático pode causar impactos positivos na comunidade, uma vez que estas estruturas aumentam a complexidade do ambiente e disponibilizam novos substratos para a colonização. Esses novos hábitats atraem uma grande variedade de organismos, incluindo os peixes que podem passar a viver junto a essas estruturas. Estruturas com capacidade de atrair peixes em quantidade e diversidade são chamadas de dispositivos atratores de peixes (DAPs). As fazendas de moluscos são potenciais DAPs, pois disponibilizam novas estruturas e superfícies para a colonização. O intuito do presente estudo foi comparar a ictiofauna associada as estruturas de cultivo com a ictiofauna associada as raízes do bosque de mangue, de forma a avaliar o potencial do sistema de cultivo como DAP. Durante o período do estudo foram capturados 197 indivíduos pertencentes a 25 espécies. A espécie Cetengraulis edentulus (Cuvier, 1829) foi a mais abundante, representando 41% da abundância total. A guilda marinho migrante e o grupo alimentar piscívoro/zoobentívoro apresentaram o maior número de espécies presentes. A análise da estrutura da ictiofauna indicou diferenças somente entre os dois períodos amostrais. Em ambas coletas, a estrutura da ictiofauna associada ao cultivo e ao manguezal foi semelhante. Os resultados apontam que as diferenças encontradas podem estar relacionadas a sazonalidade e que as estruturas de cultivo agiram como DAPs, pois mimetizaram a complexidade do ambiente natural fornecendo áreas de proteção, alimentação e/ou reprodução para a ictiofauna, por isso foram colonizadas por uma ictiofauna similar àquela presente no ambiente natural.

Referências

Barletta, M. & Corrêa, M. F. M. (1992). Guia para identificação de peixes da costa do Brasil. Curitiba: UFPR.

Blaber, S. J. M. (2002). ‘Fish in hot water’: the challenges facing fish and fisheries research in tropical estuaries. Journal of Fish Biology, 61(Supplement A): 1–20.

Blaber, S. J. M., Brewer, D. T. & Salini, J. P. (1995). Fish communities and the nursery role of the shallow inshore waters of a tropical bay in the Gulf of Carpentaria, Australia. Estuarine coastal and shelf science, 40:177-193.

Clarke, K. R. & Warwick, R. M. (2001). Change in marine communities: an approach to statistical analysis and interpretation. Plymouth, PRIMER-E, UK.

Clynick, B. G., Chapman, M. G. & Underwood, A. J. (2008). Fish assemblages associated with urban structures and natural reefs in Sydney, Australia. Austral Ecology, 33:140-150.

Day Jr, J. W., Hall, C. A. S., Kemp, W. M. & Yañez-Arancibia A. (1989). Estuarine Ecology. Wiley, New York.

Dealteris, J. T., Kilpatrick, B. D. & Rheault, R. B. (2004). A comparative evaluation of the habitat value of shellfish aquaculture gear, submerged aquatic vegetation and a non-vegetated seabed. Journal of Shellfish Research, 23:867-874.

Dempster, T. (2004). Biology of fish associated with moored fish aggregation devices (FADs): implications for the development of a FAD fishery in New South Wales, Australia. Fisheries Research, 68:189-201.

Elliot, M., Whitfield, A. K., Potter, I. C., Blaber, S. J. M., Cyrus, D. P., Nordlie, F. G. & Harrison, T. D. (2007). The guild approach to categorizing estuarine fish assemblages: a global review. Fish and Fisheries, 8:241-268.

Félix, F. C., Spach, H. L., Hackradt, C. W., Moro, P. S. & Rocha, D. C. (2006). Abundância sazonal e a composição da assembléia de peixes em duas praias estuarinas da Baía de Paranaguá, Paraná. Revista Brasileira de Zoociências, 8(1):35-47.

Félix, F. C., Spach, H. L., Moro, P. S., Schwarz Jr, R., Hackradt, C. W. & Hostim-Silva, M. (2007a). Utilization patterns of surf zone inhabiting fish from beaches in southern Brazil. Pan-american Journal of Aquatic Science, 2:27-39.

Félix, F. C, Spach, H. L., Moro, P. S., Hackradt, C. W., Queiroz, G. M. L. & Hostim-Silva, M. (2007b). Ichthyofauna composition across a wave-energy gradient on southern Brazil beaches. Brazilian journal of Oceanography, 55:281-292.

Fernández, T. V., Anna, G. D., Badalamenti, F. & Pérez-Ruzafa, A. (2009). Effect of simulated macroalgae on the fish assemblage associated with a temperate reef system. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 376:7-16.

Figueiredo, J. L. & Menezes, N. (1978). Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. II. Teleostei (1). São Paulo: Museu de Zoologia da USP.

Figueiredo, J. L. & Menezes, N. (1980). Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. III. Teleostei (2). São Paulo: Museu de Zoologia da USP.

Figueiredo, J. L. & Menezes, N. (2000). Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. VI. Teleostei (5). São Paulo: Museu de Zoologia da USP.

Flores-Verdugo, F., Gonzáles-Farías, F., Ramírez-Flores, O., Amezcualinares, F., Yañes-Arancibia, A., Alvarez-Rubio, M. & Day Jr, J. W. (1990). Mangrove ecology, aquatic primary productivity, and fish community dynamics in the Teacapán-Agua brava Lagoon-estuarine System (Mexican Pacific). Estuaries, 13(2):219-230.

Forrest, B. M., Keeley, N. B., Hopkins, G. A., Webb, S. C. & Clement, D. M. (2009). Bivalve aquaculture in estuaries: Review and synthesis of oyster cultivation effects. Aquaculture, 298:1-15.

Freitas, L. E. L., Feitosa, C. V. & Araújo, M. E. (2006). Mangrove oyster (Crassostrea rhizophorae) (Guilding, 1928) farming areas as artificial reefs for fish: A case study in the state of Ceará, Brazil. Brazilian Journal of Oceanography, 54(1):31-39.

Freitas, M. O. & Velastin, R. (2010). Ictiofauna associada a um cultivo de mexilhão Perna perna (Linnaeus, 1758) Norte Catarinense, Sul do Brasil. Acta Scientiarum Biological Sciences, 32:31-37.

Froese, R. & Pauly D. (2016). Editors. FishBase. World Wide Web electronic publication. www.fishbase.org, version (01/2016).

Godefroid, R. S., Hofstaetter, M. & Spach, H. L. (1997). Structure of the fish assemblage in the surf zone of the beach at Pontal do Sul, PR. Nerítica, 11:77-93.

Haedrich, R. L. (1983). In: Ketchum, B. H. (ed.). Ecosystem of the world – Estuaries and enclosed areas (pp.183-207). Amsterdam: Elsevier Science Publishers.

Ignácio, J. M. & Spach, H. L. (2009). Variação entre o dia e a noite nas características da ictiofauna do infralitoral raso do Maciel, Baía de Paranaguá, Paraná. Revista brasileira de Zoociências, 11(1):25-37.

Jardeweski, C. L. F. & Almeida, T. C. M. (2005). Sucessão de espécies de peixes em recifes artificiais numa ilha costeira do litoral sul brasileiro. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, 9:57-63.

Jaureguizar, A. J., Menni, R., Bremec, C., Mianzan, H. & Lasta, C. (2003). Fish assemblage and environmental patterns in the Río de la Plata estuary. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 56:921-933.

Kawamura, G., Matsushita, T., Nishitai, M. & Matsuoka, T. (1996). Blue and green fish aggregation devices are more attractive to fish. Fisheries Research, 28:99-108.

Kennish, M. J. (1990). Ecology of estuaries. CRC Press, Boca Raton, Boston.

Laegdsgaard, P. & Johnson, C. (2001). Why do juvenile fish utilise mangrove habitats? Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 257:229– 253.

Lin, H. J. & Shao, K. T. (1999). Seasonal and diel changes in a subtropical mangrove fish assemblage. Bulletin of Marine Science, 65(3):775-794.

Menezes, N. & Figueiredo, J. L. (1980). Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. IV. Teleostei (3). São Paulo: Museu de Zoologia da USP.

Menezes, N. & Figueiredo, J. L. (1985). Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. V. Teleostei (4). São Paulo: Museu de Zoologia da USP.

Morrisey, D. J., Cole, R. G., Davey, N. K., Handley, S. J., Bradley, A., Brown, S. N. & Madarasz, A. L. (2006). Abundance and diversity of fish on mussel farms in New Zealand. Aquaculture, 252:277-288.

Morrison, M. A., Francis, M. P., Hartill, B. W. & Parkinson, D. M. (2002). Diurnal and tidal variation in the abundance of the fish fauna of temperate tidal mudflat. Estuarine, coastal and shelf science, 54:793-80.

Oliveira Neto, J. F., Godefroid, R. S., Queiroz, G. M. L. N. & Schwarz Jr, R. (2004). Variação diuturna na captura de peixes em uma planície de maré da Baía de Paranaguá, PR. Acta Biologica Leopoldensia. 26(1):125-138.

Queiroz, G. M. L. N., Spach, H. L., Sobolewski-Morelos, M., Santos, L. O. & Schwarz Jr, R. (2006). Caracterização da ictiofauna demersal de duas áreas do complexo estuarino de Paranaguá, Paraná, Brasil. Biociências, 14(2):112-124.

Ramos, L. A. & Vieira, J. P. (2001). Composição específica e abundância de peixes de zonas rasas dos cinco estuários do Rio Grande do Sul, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, 27(1):109-121.

Souza-Conceição, J. M., Castro-Silva, M. A., Huergo, G. P. C. M., Soares, G. S., Marenzi, A. C. & Manzoni, G. C. (2003). Associação da ictiofauna capturada através de rede de emalhe com o cultivo de mexilhões da enseada de Armação do Itapocoroy, em Penha (Santa Catarina - Brasil). Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 29(2):117-121.

Spach, H. L., Santos, C., Godefroid, R. S., Nardi, M. & Cunha, F. (2004). A study of the fish community structure in a tidal creek. Brazilian Journal of Biology, 64(2):337-351.

Spach, H. L., Godefroid, R. S., Santos, C., Schwarz Jr., R. & Queiroz, G. M. L. (2004). Temporal variation in fish assemblage composition on tidal flat. Brazilian Journal of Biology, 52(1):47-58.

Valesini, F. J., Potter, I. C., Platell, M. E. & Hyndes, G. A. (1997). Ichthyofaunas of a temperate estuary and adjacent marine embayment. Implications regarding choice of nursery area and influence of environmental changes. Marine Biology, 128(2):317-328.

Valle, C., Bayle-Sempere, J. T., Dempster, T., Sanchez-Jerez, P. & Gimenez-Casalduero, F. (2007). Temporal variability of wild fish assemblages associated with a sea-cage fish farm in the south-western Mediterranean Sea. Estuarine Costal and Shelf Science, 72:299-307.

Vianna, M., Ostini, S., Pereira, R. T. E. & Berchez, F. (1999). Uso consorciado entre mitilicultura em sistema flutuante e recifes artificiais, para agregação de pescado. In: XI CONBEP e I CONLAEP (pp.1087-1095), Recife: Anais.

Vidy, G. (2000). Estuarine and mangrove systems and the nursery concept: which is which? The case of the Sine Saloum system (Senegal). Wetlands Ecology and Management, 8:37-51.

Downloads

Publicado

2018-05-01