NARRATIVAS (AUTO) BIOGRÁFICAS: SINGULARIDADES POSSÍVEIS
DOI:
https://doi.org/10.21665/2318-3888.v3n6p51-89Resumen
O presente artigo é parte da análise dos resultados da pesquisa em andamento intitulada “(Auto)biografias e subjetividades: o outro de si mesmo na Esclerose Múltipla”, na qual objetiva-se analisar, a partir dos conceitos tempo e memória, os processos de subjetivação das pessoas acometidas pela doença Esclerose Múltipla. A empiria da pesquisa são os discursos (auto)biográficos organizados em redes de Histórias de Vida, visibilizando-as como patrimônios culturais. Essas narrativas fazem parte de um acervo, também em construção, que se somará às mais de 16 mil Histórias de Vida do Museu da Pessoa. São entrevistas coletadas em situação de pesquisa e delas se produzirá um acervo de textos biográficos e material audiovisual. As análises desse artigo fazem parte da elaboração desse acervo e dos procedimentos metodológicos anteriores à elaboração desses textos biográficos. O artigo analisa duas narrativas (auto)biográficas, de um homem e de uma mulher, de 41 anos e 54 anos respectivamente, que vivem com os sintomas da Esclerose Múltipla, há cerca de 20 anos. Destaca-se os processos de singularização, a partir dos fluxos de agenciamentos coletivos de enunciação em que os narradores estão implicados. Essas análises evidenciam o desejo de ser lembrado, mas também o desejo de potência nas experiências com a doença que se apresenta degenerativa com potencial incapacitante. Desejos talhados em um presente com a doença, mas a partir do medo e da insegurança do tempo futuro, das sequelas que são imprevisíveis, que mobilizam tessituras de suas memórias dos passados seguros, anteriores à doença. Em um esforço para refutar o enunciado “superação”, as análises apostam nas possíveis singularizações inventadas nas vidas ordinárias, nos processos de subjetivação engendrados nos fluxos dos enunciados mais traumáticos como pode ser um diagnóstico com o da Esclerose Múltipla.
DOI: 10.21665/2318-3888.v3n6p51-89
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