Uma nota sobre o mal-estar na modernidade
Resumo
O presente artigo tem como objetivo percorrer o caminho da hipótese de que a identificação de um dito mal-estar por Freud não se esgota na definição da existência de uma dissonância entre as exigências da pulsão e da civilização. Apontamos duas versões do referido mal-estar: um que Freud disserta no texto Moral sexual ‘civilizada’ e doença nervosa moderna, e o outro propriamente no texto Mal-estar na civilização. Enquanto a primeira versão, lançada em 1908, localiza o pensamento freudiano dentro de uma perspectiva iluminista, na qual o mal-estar poderia ser erradicado se fossem afrouxados os laços sociais e a repressão sexual, em 1930 o mal-estar se situa no que chamaremos de um realismo trágico, e o problema do mal fica complexificado. O estudo será organizado sob o ponto de vista do mal-estar na civilização como um mal-estar no seio da modernidade, a partir da perspectiva filosófica do declínio da metafísica.