A Escuta do rosto
reconhecimento e apreensão da precariedade
Resumo
Este artigo tem como escopo a articulação entre os conceitos de reconhecimento e precariedade, a partir da interlocução entre as leituras de Judith Butler e Axel Honneth. Butler assinalou a precariedade como condição fundamental do sujeito moderno, tendo em vista que dependemos do outro para sermos viáveis. A autora salientou que aqueles cujas vidas não são devidamente reconhecidas no interior de certos enquadramentos normativos, seriam expostos de forma diferenciada à violência e à morte. Contudo, apesar de situarem-se fora desses enquadramentos, o estatuto de ser vivo dessas vidas está aberto a apreensão, mobilizando as lutas por reconhecimento, conforme a perspectiva teórica de Honneth. No cerne dessa discussão está o reconhecimento da dívida simbólica e o imperativo da responsabilidade na relação do sujeito com a alteridade.