Um percurso por propostas para mudança de orientação homossexual
intervenções e impasses
Resumo
á várias décadas, psicólogos e médicos têm proposto intervenções visando a de mudança da orientação homossexual. Mesmo com a retirada da homossexualidade dos manuais de diagnóstico dos transtornos mentais, até os dias de hoje são observadas propostas psicoterapêuticas que prometem essa mudança. Este artigo apresenta uma revisão narrativa da literatura sobre intervenções para mudança da orientação homossexual localizando essas propostas em dois momentos. O primeiro, que durou até a década de 80, foi marcado por intervenções de curta duração sobre aspectos pontuais do comportamento sexual. O segundo momento, que dura até os dias de hoje, é ilustrado aqui com duas propostas de psicoterapias que prometem ajudar uma pessoa a modificar vários aspectos da orientação sexual. Em comum, os proponentes dessas intervenções sugerem que a orientação sexual é uma escolha individual autodeterminada, premissa sem validade empírica. Nenhuma das propostas terapêuticas aqui apresentada apresenta resultados conhecidos que atestem sua efetividade. Várias das intervenções descritas são psicologicamente danosas pois se baseiam em processos produtores de adoecimento psicológico. Pesquisas sobre o perfil do público que procura essas terapias indicam que a adesão a elas não é uma escolha pessoal livre, mas sim correlacionada com pressões da comunidade religiosa a familiares que condenam a homossexualidade.