Memória e identidade nacional: o Brasil da supersérie “Os Dias Eram Assim”

Autores

Palavras-chave:

Teledramaturgia, Memória coletiva, Identidade nacional

Resumo

Em 2017, a Rede Globo exibiu a supersérie “Os dias eram assim”, que retratava o período ditatorial entre os anos 1970 e 1988. A trama conta a história de Renato Reis e Alice Sampaio, separados por famílias antagônicas naquele cenário sociopolítico. O artigo tem o propósito de analisar a narrativa do primeiro episódio da supersérie a fim de perceber como a emissora rememora o período à luz dos conceitos de “memória coletiva”, “lugar de memória” e “comunidade imaginada”. Concluiu-se que o Brasil daquele momento foi resumido a um cômputo de futebol, ufanismo e repressão. A final da copa do mundo de 1970 determina as ações dos personagens, há uma dicotomia entre “mocinhos” e vilões, com imagens de arquivo entrecruzadas e múltiplos conflitos geracionais. A emissora esforça-se para atribuir a si mesma o dever de rememorar a história recente nacional, especialmente o regime traumático ditatorial.

MEMORY AND NATIONAL IDENTITY: BRAZIL FROM THE SUPERSERIE “OS DIAS ERAM ASSIM”

Abstract

In 2017, Rede Globo featured the super series “Os dias eram assim”, which portrayed the dictatorial period between 1970 and 1988. The plot tells the story of Renato Reis and Alice Sampaio, separated by antagonistic families in that sociopolitical scenario. The article aims to analyze the narrative of the first episode of the superseries in order to understand how the broadcaster remembers the period in light of the concepts of “collective memory”, “place of memory” and “imagined community”. It was concluded that Brazil at that time was reduced to a sum of soccer, pride and repression. The 1970 World Cup final determines the characters' actions, there is a dichotomy between good and bad guys, with intertwined archive images and multiple generational conflicts. The broadcaster strives to assign itself the duty to recall recent national history, especially the traumatic dictatorial regime.

Keywords: Teledramaturgy. Collective Memory. National Identity.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Humberto Viana, Universidade Federal de São João del-Rei

 Professor efetivo de História do Colégio Tiradentes da Polícia Militar (Lavras – MG), mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora – MG, mestrando em História e graduado em História pela Universidade Federal de São João Del Rei - MG.

Referências

ANDERSON, B. Nação e consciência nacional. São Paulo: Ática, 1989.

ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. 2ª ed. São Paulo: Centauro, 2013.

KORNIS, M. A. Uma história do Brasil recente nas minisséries da Rede Globo. Tese (doutorado). São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 2001. Disponível em: <https://repositorio.usp.br/item/001174001> Acesso em: 28 mar. 2021.

KORNIS, M. A. As “revelações” do melodrama, a Rede Globo e a construção de uma memória do regime militar. Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 38(36), 173-193. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/significacao/article/view/70947/73854> Acesso em: 28 mar. 2021.

KORNIS, M. A. Uma memória da história nacional recente: as minisséries da Rede Globo. Acervo, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 125-142, jan./jun. 2003. Disponível em: < https://brapci.inf.br/index.php/res/v/44913> Acesso em: 29 de mar. 2021.

LE GOFF, J. História e Memória. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1996.

LOPES, I. V. de. Memória e identidade na telenovela brasileira. In: ENCONTRO ANUAL DA COMPÓS, 20., 2014, Belém. Anais... São Paulo: Compós, 2014. v. 1, p. 1-16. Disponível em: <http://compos.org.br/encontro2014/anais/Docs/GT12_ESTUDOS_DE_TELEVISAO/templatexxiiicompos_2278-1_2246.pdf> Acesso em: 30 de mar 2021.

Nora, P. Entre memória e história. A problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo: PUC, n. 10, p. 7-28, dez. 1993.

MOTTER, M. L. Ficção e história: imprensa e construção da realidade. São Paulo: Arte & Ciência – Cillipress, 2001.

MUNGIOLI, M. C. P. Minisséries Brasileiras: um lugar de memória e de (re) escrita da nação. São Paulo: II Colóquio Binacional Brasil-México de Ciências da Comunicação, 2009.

OS DIAS ERAM ASSIM. Criação: Ângela Chaves e Alessandra Poggi; Distribuidora: TV Globo. Rio de Janeiro: Globo Comunicação e Participações, 2017. 88 episódios, col. (4KHD), Dolby Digital. Disponível em: https://globoplay.globo.com/os-dias-eramassim/t/Bw2CCKmkfV/ Acesso em: 25 mar. 2021.

VIANA, H. J. A.; MUSSE, C. F.; MAGNOLO, T. S. SÉRIES TELEVISIVAS BRASILEIRAS: a narrativa e a ressignificação da história recente nacional em “OS DIAS ERAM ASSIM”. Revista Observatório, v. 5, n. 5, p. 532-566, 1 ago. 2019.

XAVIER, I. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

Downloads

Publicado

2021-12-31

Como Citar

VIANA, Humberto Junio Alves. Memória e identidade nacional: o Brasil da supersérie “Os Dias Eram Assim”. Ponta de Lança: Revista Eletrônica de História, Memória & Cultura, São Cristóvão, v. 15, n. 29, p. 288–305, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/pontadelanca/article/view/15487. Acesso em: 22 dez. 2024.