JULIAN ASSANGE: O ARAUTO PÓS-MODERNO DA PARRHESIA GRECO-ROMANA
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v13i35.14823Resumo
A parrhesia grega e seu equivalente romano, a libertas, era o dever cívico de dizer a verdade, toda a verdade, perante os poderosos (governantes) para defender um princípio ou direito importante para toda a sociedade, independentemente dos riscos pessoais reais que aqueles que a exerciam poderiam sofrer, inclusive a própria morte.. No período da antiguidade clássica, era defendida e praticada por Sócrates e pelas escolas filosóficas derivadas de seu pensamento, em especial o cinismo e o estoicismo. Aqui focamos na parrhesia como uma forma de exercer a ação comunitária ou sócio-política estoica, priorizando o bem maior do todo, e a trazemos para a contemporaneidade, encontrando na figura de Julian Assange o maior representante vivo da parrhesia que, pela natureza mesma do conceito, ao realizar o bem comum para todas e todos ao denunciar e mostrar a verdade sobre as ações corruptas, crimes de guerra e crimes contra a humanidade de vários governos e empresas, se tornou o alvo de poderosa perseguição, campanha de difamação e tentativa, infelizmente bem sucedida, de torná-lo um pária internacional. Agora, quando de seu julgamento acerca da sua possível extradição para os Estados Unidos, vem sofrendo ainda mais, num julgamento kafkiano e sendo submetido à tortura psicológica e física. Todavia, por mais que sofra injustiças incontáveis há longos dez anos e que possa ser extraditado para os Estados Unidos e lá sofrer novo julgamento injusto, tratamento desumano e cruel, bem como ser condenado a uma pena de reclusão de tal extensão que se tornará pena capital, uma prisão perpétua, tudo o que ele nos deu corajosamente na defesa da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e do direito de saber o que os governantes fazem em nossos nomes sem a nossa autorização, jamais será esquecido e continuará a ser multiplicado eternamente, como uma caixa de Pandora que expele todos os males do mundo publicamente e sem cessar e não pode jamais voltar a ser fechada, senão, apenas, para resguardar a nossa esperança num mundo mais verdadeiro, livre e humano!