ASPÁSIA OU DIOTIMA
Quem foi a mestra erótica de Sócrates?
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v14i40.18386Resumo
Na presente investigação, contrapondo o Sócrates de Platão com a figura de Sócrates que emerge a partir dos textos e da doxografia referente aos socráticos, apresento duas hipóteses sobre quem foi a mestra erótica de Sócrates. De um lado, a hipótese doxográfica geral dos socráticos que apontam Aspásia como sua mestra erótica, uma vez que Ésquines e Xenofonte, discípulos de Sócrates, bem como outros filósofos e doxógrafos posteriores à época clássica (Alciphron, Ateneu, Cícero, Filóstrato, Luciano, Máximo de Tiro, Plutarco, Sinésio, Victorino), retratam Aspásia como a mestra de Sócrates nas artes eróticas. De outro lado, a inovação platônica que apresenta Diotima como a verdadeira guia erótica de Sócrates. Busco demonstrar a importância da sacerdotisa de Mantineia no Banquete, já que Diotima está associada diretamente a novidade platônica do éros filosófico. Na sequência, indico os possíveis motivos desse deslocamento (substituir Aspásia por Diotima como figura central do éros filosófico e guia erótica de Sócrates) realizado por Platão, com enfoque em como estes motivos vinculam-se a aspectos essenciais das novidades eróticas propostas por Platão. Por fim, questiono se esta estratégia platônica, que limita a sabedoria de Aspásia a só um dos assuntos pelos quais era conhecida (retórica), não seria mais uma das camuflagens que a filosofia fez com as heranças sofísticas, em especial, das feitiçarias retórico-eróticas aspasianas que influenciaram profundamente o socratismo.