Gaslighting como violência gramatical: uma leitura baseada na epistemologia wittgensteiniana

Autores

  • Fábio Praxedes UFPE
  • Marcos Silva Universidade Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v17i47.22668

Resumo

Gaslighting pode ser entendido enquanto um tipo de manipulação na qual a vítima é induzida a pôr em dúvida suas próprias percepções e experiências mais básicas e, portanto, sanidade. Para compreender qual a natureza do tipo de dúvida que surge nas vítimas de casos de gaslighting, Trächtler (2022) busca explicitar como é possível que alguém seja levado ao desespero ao ser manipulado a suscitar autoquestionamentos sistemáticos sobre assuntos tão fundamentais de sua própria vida. Para tanto, a autora apresenta uma conceituação do gaslighting enquanto um tipo de injustiça epistêmica seguindo Fricker (2007). Alinhado a isto, a partir de reflexões epistemológicas inspiradas no Sobre a Certeza (1969), obra póstuma de Wittgenstein, Trächtler fornece também uma discussão detalhada sobre a natureza de nossas práticas de duvidar. Aqui defendemos, como Trächler que os autoquestionamentos presentes na prática de gaslighting de fato violam os limites dos nossos jogos de linguagem cotidianos, mas  consideramos incoerente interpretar que o dano causado nessa prática incida prioritariamente sobre ao domínio epistêmico da vítima. Nesse sentido, também inspirados em Wittgenstein (1969), defenderemos aqui que o fenômeno gaslighting deva ser mais adequadamente enquadrado conceitualmente como uma forma de violência gramatical. Gaslighting deveria ser tomado, portanto, como um ataque prioritariamente gramatical, no sentido wittgensteiniano, que propriamente epistemológico. A partir dessa conceitualização, exploramos as implicações do que chamamos aqui de violência gramatical e apontamos uma possível forma de resistir, também, gramaticalmente, ao gaslighting.

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Biografia do Autor

Marcos Silva, Universidade Federal de Alagoas

Marcos Silva é atualmente professor efetivo do curso de Filosofia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e tem como área de concentração a Filosofia da Lógica. É bacharel (2005) e Licenciado (2008) em Filosofia pela UFRJ. Em 2008, defendeu seu mestrado sobre alguns problemas da aplicação em filosofia da técnica de mapeamentos isomórficos. Em 2012, doutorou-se a respeito do colapso da filosofia da lógica do Tractatus de Wittgenstein. O mestrado e o doutorado foram supervisionados por Luiz Carlos Pereira, na PUC-Rio. De 2009 a 2011 fez parte de seu doutoramento (Sandwich) com bolsa do DAAD (Deutscher Akademischer Austauschdienst) na Universität Leipzig (Alemanha) com Pirmin Stekeler-Weithofer. Em 2012, pesquisou, como pós-doutorando, o Problema da Exclusão das Cores e o Quadrado de Oposições Aristotélico no PPGF/UFRJ com Jean-Yves Beziau. Desenvolveu pesquisa pós-doutoral financiada pela FUNCAP/CAPES, de 2013 a 2015, com André Leclerc na Universidade Federal do Ceará (UFC). É membro da Alfa-n (Associação Latino-Americana de Filosofia Analítica), da SBFA (Sociedade Brasileira de Filosofia Analítica) e da ALWS (Austrian Ludwig Wittgenstein Society). Já apresentou tópicos de sua pesquisa em Portugal, Itália, Bélgica, França, Áustria, Inglaterra e Alemanha. 

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Publicado

2025-04-30

Como Citar

Praxedes, F., & Silva, M. (2025). Gaslighting como violência gramatical: uma leitura baseada na epistemologia wittgensteiniana. Prometheus - Journal of Philosophy., 17(47). https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v17i47.22668