2ª. CONFERÊNCIA: PARRHESIA NAS TRAGÉDIAS DE EURÍPIDES
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v6i13.1551Resumo
Hoje eu gostaria de começar analisando as primeiras ocorrências da palavraparrhesia na literatura grega, como a palavra aparece nas seguintes seis tragédias de
Eurípides:
(1) Fenícias; (2) Hipólito; (3) As Bacantes; (4) Electra; (5) Íon; (6) Orestes.
Nas primeiras quatro peças, a parrhesia não constitui um tópico importante ou
tema; mas a própria palavra geralmente ocorre num contexto preciso que nos ajuda no
entendimento de seu significado. Nas últimas duas peças – Íon e Orestes – a parrhesia
assume um papel muito importante. De fato, eu penso que Íon é inteiramente consagrado
ao problema da parrhesia, uma vez que investiga a questão: Quem tem o direito, o dever
e a coragem de falar a verdade? Esse problema parrhesiástico em Íon é levantado na
estrutura das relações entre os deuses e os seres humanos. Em Orestes – que foi escrito
dez anos mais tarde e, por essa razão, é uma das últimas peças de Eurípides – o papel da
parrhesia não é nem de longe tão significativo. E ainda assim a peça contém uma cena
parrhesiástica que garante a atenção na medida em que é diretamente relacionada a
questões políticas que os atenienses estavam então levantando. Aqui, nessa cena
parrhesiástica, há uma transição concernente à questão da parrhesia tal como ela ocorre
no contexto das instituições humanas. Especificamente, a parrhesia é vista como uma
questão tanto política quanto filosófica.
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