A PROBLEMÁTICA DA INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS NA DESCONTINUIDADE DA HISTÓRIA
DOI:
https://doi.org/10.52052/issn.2176-5960.pro.v16i45.21749Resumo
Desde a Antiguidade, há vários registros da prática de interpretar sonhos. Na Bíblia Sagrada, deparamo-nos com os sonhos de Jacó e José. No início da Era Cristã, encontramos um manual muito retomado no decorrer da história do pensamento Ocidental. Com efeito, Sobre a interpretação dos sonhos, de Artemidoro, reaparece no Renascimento – citado por Rabelais, por exemplo –, na obra clássica de Freud – A interpretação dos sonhos – e na História da sexualidade 3 de Foucault. Nesse sentido, este artigo retoma a problemática dos sonhos para compreender o modo como a arqueogenealogia se vale do texto de Artemidoro para interpretar aspectos sócio-históricos em torno da sexualidade na passagem da Era pré-cristã para a cristã. Com efeito, se, no uso dos prazeres, depreendemos a ideia de aphrodisia como um conjunto de práticas articuladas sob a forma da
continuidade desejo-ato-prazer, em o cuidado de si, Foucault mostra como já se preparam, no século II d.C., as bases para a experiência da carne, ou seja, a concepção cristã de sexualidade.