QUANDO A VARIAÇÃO CHEGA À ESCRITA: PALATALIZAÇÃO

Autores

  • José Humberto dos Santos Santana Universidade Federal de Sergipe
  • Mariléia Silva dos Reis Universidade Federal de Sergipe

Palavras-chave:

palatalização na escrita, frequência de uso, variação linguística, ensino de língua.

Resumo

Este estudo investiga, com base na Fonologia de Uso, proposta por Bybee (2003), e em seu modelo representacional, a Teoria de Exemplares (Pierrehumbert, 2001), o modo como vem se manifestando a representação do processo de palatalização na produção escrita de crianças que cursam os anos finais da primeira etapa do Ensino Fundamental (fase de aprendizagem final da leitura). Além disso, descreve os fatores linguísticos – classes de palavras, tonicidade da sílaba, contextos fonológicos anterior e posterior – e extralinguísticos – faixa etária, escolaridade e sexo – condicionantes da representação do referido processo. Trata-se da escrita de palavras com representação muito próxima das falas destas crianças, como em “oto” ou “otxo” (para [‘o.tʃɪ̯ʊ]); “pixta” ou “pita” (para [‘piʃ.tә]); “biscoto” ou “biscotxo” (para [bis.’ko.tʃɪ̯ʊ]), dentre outras palavras. Nesse estudo, adotamos como corpus de análise produções escritas (preenchimento de lacunas) obtidas de alunos do terceiro ao quinto ano do ensino fundamental que residem e estudam na zona rural do município de Itabaiana (SE). Controlamos as variantes: representação (presença/ausência de grafemas que marcam, na escrita, a palatalização de /t/, /d/ e /S/ em contextos de motivação linguística) /cancelamento (inserção do grafema “i” antes de /t/ e /d/, e de “s” antes de /t/). Os dados foram submetidos à análise estatística do programa GoldVarb X (Sankoff, Tagliamonte & Smith, 2005), a fim de se constatar a frequência relativa e o efeito dos grupos de fatores independentes sobre as referidas variantes. Os resultados evidenciam que o processo de escolarização refreia a representação da palatalização das consoantes em estudo, nas produções escritas das crianças: quanto maior o grau de escolaridade do sujeito, menor uso da escrita palatalizada ele o faz. Esta evidência justifica-se pela maturidade cognitiva do educando frente às arbitrariedades do código escrito formal da língua.

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Biografia do Autor

José Humberto dos Santos Santana, Universidade Federal de Sergipe

Graduado em Letras Português pela Universidade Federal de Sergipe - Campus Prof. Alberto Carvalho. Pesquisador Voluntário do Projeto: Fala, Sergipe! Por uma pedagogia da variação linguística", coordenado pela Profa. Dra. Mariléia Silva dos Reis (DLI/UFS), que objetiva descrever a fala sergipana, atentando para a variação linguística constitutiva não só de atos declarativos de fala (narrativas), mas também dos não-declarativos (os que se dão na interlocução direta entre agentes da conversação).

Mariléia Silva dos Reis, Universidade Federal de Sergipe

Formada em Letras. Possui mestrado e doutorado em Letras/Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do Departamento de Letras de Itabaiana, do Programa de Pós-Graduação em Letras e do Mestrado Profissional de Letras da Universidade Federal de Sergipe. Tem experiência na formação de professores no ensino de LEITURA e ESCRITA para o letramento e cidadania, nos seus aspectos sócio-cognitivos (com base na psicolinguística) e sócio-funcionais (com base na sociolinguística, na promoção da interação entre linguagem e sociedade e aspectos da variação linguística.

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Arquivos adicionais

Publicado

2016-07-07

Como Citar

Santana, J. H. dos S., & Reis, M. S. dos. (2016). QUANDO A VARIAÇÃO CHEGA À ESCRITA: PALATALIZAÇÃO. Revista Interdisciplinar De Pesquisa E Inovação, 2(1). Recuperado de https://periodicos.ufs.br/revipi/article/view/5062

Edição

Seção

Artigo