FALÊNCIA E ÊXTASE – A CRISE COMO ESCRITURA EM CLARICE LISPECTOR
RUIN AND BLISS: CRISIS AS WRITING IN CLARICE LISPECTOR
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v9i18Resumo
RESUMO: Há, na escrita de Clarice Lispector, um movimento incessante de crise do corpo e da linguagem que, acreditamos, produz um aumento de forças, e por isso mesmo uma necessidade incessante de reajuste de foco para captar a realidade, não importando o quão ordinária é a coisa em si, mas o quão extraordinário é o afeto decorrente do encontro. E se, em Clarice, “contar é um esforço”, como afirma Roberto Corrêa dos Santos, entendemos que a falibilidade da tentativa de dizer vai encontrar seu avesso no processo desejante de perguntar, como apontará um texto de “Fundo de gaveta”, intitulado “Como se chama?”: “O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? E este é o nome.” Pretendemos, assim, mapear o jogo entre falência e êxtase na crise da escritura clariceana.
PALAVRAS-CHAVE: Crise. Êxtase. Clarice Lispector.
ABSTRACT: There is, in Clarice Lispector’s writing, an incessant movement of crisis (that affects both body and language) which, we believe, produces an increase in forces, and therefore an incessant need to readjust focus to grasp reality, no matter how ordinary it is the thing itself, but how extraordinary is the affection resulting from the encounter. We understand that the fallibility of the attempt to tell will find its reverse in the desiring process to ask, as we read on a text called “Como se chama?”: “The only way to call something is to ask: what’s the name? Until today I only managed to name with the question itself. What is the name? And this is the name.” We intend, therefore, to map the balance between falibility and bliss in the crisis of Clarice’s writing.
KEYWORDS: Crisis. Bliss. Clarice Lispector.
Downloads
Referências
BERGSON, Henri. Duração e simultaneidade. Trad. Bento Prado de Almeida Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
DELEUZE, Gilles. Cursos sobre Spinoza (Vincennes, 1978-1981). Trad. Emanuel Angelo da Rocha Fragoso, Francisca Evilene Barbosa de Castro, Hélio Rabello Cardoso Júnior, Jefferson Alves de Aquino. Fortaleza: EdUECE, 2009.
______. “Cinco proposições sobre a psicanálise”. In: A ilha deserta e outros textos. Trad. Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Iluminuras, 2006. p. 345-352.
DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998.
LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Editora do autor, 1964.
______. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
______. A paixão segundo G.H. Edição crítica coord. Benedito Nunes. São Paulo: Scipione Cultural, 1997.
______. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de potência. Trad. Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2011.
NUNES, Benedito. O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Ática, 1995.
PENNA, João Camillo. “O nu de Clarice Lispector”. In: Alea: Estudos Neolatinos. Vol. 12, nº
Rio de Janeiro: Faculdade de Letras UFRJ, jun de 2010. p. 68-96.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Análise estrutural de romances brasileiros. Petrópolis: Vozes, 1974.
SANTOS, Roberto Corrêa dos. Na cavidade do rochedo: a pós-filosofia de Clarice Lispector. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2012.
SPINOZA, Baruch de. Ética. Trad: Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.