Edições anteriores

  • Travessias Interativas ➭ jan-jun/2020
    n. 20 (2020)

    NOTA INTRODUTÓRIA

    Este é um ano especial para a Travessias Interativas, pois chegamos ao décimo ano de seu surgimento. Chegamos, aqui, ao vigésimo número dessas tantas travessias trilhadas. O número que por ora publicamos consta de dois dossiês, contemplando as duas áreas de Letras, além de artigos variados e resenha.

    O primeiro dossiê, organizado pelo Prof. Dr. Matheus Marques Nunes (UNIP) e pela Profa. Dra. Ana Maria Leal Cardoso (UFS) é sobre MITO E LITERATURA e consta de doze artigos. O segundo dossiê, organizado pela Profa. Dra. Renata Ferreira Costa (UFS) e pelo Prof. Dr. Phablo Roberto Marchis Fachin (USP), traz treze artigos e tem como título ENTRE MANUSCRITOS E IMPRESSOS: ESTABELECIMENTO, EDIÇÃO E CRÍTICA DE TEXTOS DA ÉPOCA MODERNA.

    Na seção Vária há quatro artigos: um deles faz uma leitura de O Livro das Semelhanças, de Ana Martins Marques, e outro de A paixão segundo G.H, de Clarice Lispector. Há, ainda, um artigo sobre estratégias de polidez em processos espanhóis, e outro que traz um relato, seguido de reflexões, de oficinas de literatura na Educação Básica ocorridas no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (CODAP/ UFS) – projeto que esteve inserido no PIBID (Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) referente ao período 2018-2019.

    Por último, há uma resenha de A água e as pulsações em O lustre (2019) – obra crítica de autoria de Mariângela Alonso.

    Cumpre-nos, então, agradecer aos autores e às autoras que submeteram seus textos; ao conselho editorial, sempre disponível; aos pareceristas ad-hoc, pela colabo- ração; e aos editores dos dossiês, pelo empenho nas etapas todas que compreendem o processo editorial.

    Aos leitores, boa caminhada por essas travessias!

    Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade
    Editor-chefe

  • Travessias Interativas ➭ jul-dez/2019
    n. 19 (2019)

    NOTA INTRODUTÓRIA

    Esta edição, correspondente ao 2º semestre de 2019, conta com cinco seções. A primeira delas traz uma entrevista com Cyro dos Anjos (1906-1994) – destaque da prosa intimista da segunda geração modernista brasileira – concedida a Afonso Henrique Fávero em 1987, que na ocasião realizava pesquisa de mestrado em torno da obra do escritor mineiro. Ainda que a entrevista tenha sido publicada originalmente em 2008, sua republicação dá-se por interesse nosso e do autor da entrevista, atualmente professor da Universidade Federal de Sergipe, por considerarmos a importância de revitalizar e divulgar mais amplamente este material. Na entrevista, Cyro dos Anjos discute a produção de O amanuense Belmiro, sua obra de maior destaque, e o contexto de produção das outras obras, além de tecer considerações sobre aspectos marcantes de sua prosa e sobre a convivência que teve com seus colegas de geração, principalmente com o poeta Carlos Drummond de Andrade. Registro, aqui, meu agradecimento ao professor Fávero por nos conceder o material para publicação.

    Em seguida, há dois dossiês, correspondentes às duas grandes áreas publicadas pela Travessias. O primeiro, intitulado “Memória e Literatura: Esquecimentos e Rememorações”, foi organizado pela Profa. Dra. Elis Regina Fernandes Alves (UFAM), e traz quatorze artigos. Já o segundo, intitulado “Avaliação nos domínios da leitura, escrita e gramática”, foi organizado pela Profa. Dra. Leilane Ramos da Silva, pela Profa. Dra. Alessandra Pereira Gomes Machado e pela Profa. Dra. Valéria Viana Sousa, e conta com oito artigos. Também registramos nossos agradecimentos às organizadoras.

    Na seção Vária, há três artigos que trazem as seguintes abordagens: 1) procedimentos narrativos como enunciação ilógica em Lygia Fagundes Telles, 2) o cordel na cultura erudita e popular e 3) a construção da individualidade num período avançado da modernidade em Joseph Conrad. Por fim, há uma resenha da obra A invenção dos subúrbios, de Daniel Francoy.

    Boa leitura!

    Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade
    Editor-chefe

  • Travessias Interativas ➭ maio/2019
    n. 18 (2019)

    APRESENTAÇÃO

     

    Nos dias 29, 30 e 31 de maio de 2019 ocorreu o III Seminário de Poesia e Crítica: De Poetas, Tessituras e Diálogos, evento de extensão ligado ao Departamento de Letras Vernáculas (Centro de Ciências Humanas) da Universidade Federal de Sergipe. O seminário, que teve sua primeira edição em 2017, vem acontecendo anualmente e tem, como principal objetivo, divulgar pesquisas acerca de teorias e críticas de poesia, tanto no âmbito da graduação quanto no da pós-graduação.

    As comunicações orais foram realizadas no auditório da Biblioteca Central da cidade universitária da UFS/São Cristóvão, com participação de ouvintes da comunidade interna e da comunidade externa à instituição. Os anais que aqui divulgamos apresentam nove artigos que resultaram dessas comunicações realizadas nas mesas-redondas.

    O primeiro texto, intitulado “Falência e êxtase – A crise como escritura em Clarice Lispector”, trata, no dizer da própria autora – Ana Maria Vasconcelos Martins de Castro – da “[...] experiência de êxtase que arrebata as personagens, isso que parte da crítica denomina epifania, e [d]a inevitável falência da linguagem ao tentar dar conta das peculiaridades desse processo”. Na sequência, Lívia Santos Ferreira também faz uma abordagem do texto clariceano, em “A poesia em ‘Perdoando Deus’, de Clarice Lispector: Relações do grotesco, do sublime e do aspecto poético no conto”. Em “Canção de Piratas: uma leitura anfíbia”, Iasmim Santos Ferreira faz uma leitura da crônica “Canção de Piratas”, de Machado de Assis, alinhando-se ao pensamento pós-estruturalista de Silviano Santiago. Ainda na prosa de ficção, mas voltando-se para a elaboração lírica, João Paulo Santos Silva tenta compreender os aspectos poéticos da obra de Guimarães Rosa, conforme se depreende pelo título: “A trajetória poética em Guimarães Rosa”.

    Intentando uma reflexão sobre as relações entre a cultura popular e a erudita, Antonio Marcos dos Santos Trindade faz uma abordagem do Romanceiro sergipano, em “Circularidade cultural no Galope de Cântis: Leitura poética do Romanceiro Segipano”. Já em “O poema como problema em W. J. Solha”, Éverton de Jesus Santos faz uma leitura da própria criação literária, em clave metalinguística, na poesia do paulista-paraibano Waldemar José Solha. João Victor Rodrigues Santos investiga uma questão fulcral da poesia do carioca Alexei Bueno, a atualização dos mitos gregos, em texto intitulado “Mitologia e realidade em Poemas Gregos (1985): Deuses caídos, cabisbaixos e humildes?”. A obra do poeta sergipano Manoel Cardoso é contemplada no próximo texto – “Um poeta a bordo do tempo: Memória, simplicidade e infância em Manoel Cardoso” – da autoria de Jânio Vieira dos Santos. Por último, Adilson Oliveira Almeida trata da importância do trabalho com poesia em sala de aula, no artigo “Letramento lírico no ensino fundamental: aguçando sensibilidade, visão de mundo e criticidade”.

    Compreendemos que a revista Travessias Interativas, ligada ao Departamento de Letras Vernáculas, cumpre uma função importante ao publicar os trabalhos apresentados no seminário, pois permite que um público maior tenha acesso às pesquisas. Os nossos esforços caminham justamente nessa direção, de dar visibilidade à produção intelectual e contribuir para a disseminação do conhecimento.

    Agradecemos aos autores que participam desta edição; aos professores Afonso Henrique Fávero e Fernando de Mendonça, e à professora Christina Bielinski Ramalho, pela coordenação de mesas; e o apoio do Departamento de Letras Vernáculas, do Programa de Pós-Graduação em Letras/PPGL e do Mestrado Profissional em Letras/PROFLETRAS.

     

    Alexandre de Melo Andrade

  • Travessias Interativas ➭ jan-jun/2019
    n. 17 (2019)

    O Dossiê “Texto, discurso e livro didático” destina-se a contribuir com as práticas pedagógicas de professores de língua portuguesa que estejam preocupados em qualificar as propostas de ensino desenvolvidas na educação básica. Nesse sentido, foram reunidas reflexões realizadas em diferentes partes do Brasil com o intuito de colocar em destaque a diversidade das pesquisas em Educação e Letras em curso no território nacional.

    O leitor deste número especial da revista Travessias Interativas terá, então, a oportunidade de conhecer as discussões e sugestões de professores, mestrandos, mestres, doutorandos e doutores que têm se dedicado ao estudo de aspectos relacionados ao trabalho com leitura, conforme as atividades propostas por livros didáticos ou a partir de práticas organizadas por professores para as turmas nas quais atuam. Também encontrará alternativas para realizar ações didáticas com base em histórias em quadrinhos, em anúncios publicitários, em minicontos e com gêneros textuais emergentes. Além disso, poderá aprofundar a compreensão acerca do papel do livro didático no ensino de língua portuguesa, especificamente em relação às atividades de produção de texto, de ensino de ortografia e de trabalho com a oralidade.

    Os artigos que têm o livro didático como objeto de investigação, alinham-se às pesquisas realizadas no Brasil desde a década de 1960, em diferentes campos (Letras, Educação, Linguística Aplicada, História, entre outros), e enfrentam a complexidade que essa tarefa impõe, não no sentido de ser difícil ou complicado, mas por exigir a assunção de um ponto de vista epistemológico que se diferencie de uma lógica da totalidade, uma vez que constatam a multiplicidade de perspectivas de compreensão dos conceitos mobilizados pelos manuais escolares e a variedade das ações de professores que atuam em diferentes segmentos de ensino. Agrega-se a esse esforço a preocupação relativa às funções dos livros didáticos na sociedade e observação do impacto das demandas sociais em relação a um material que também é considerado um produto de consumo.

    Outro aspecto que merece destaque é que os autores dos artigos se preocuparam tanto com a perspectiva docente quanto discente, ou seja, os textos articulam os propósitos dos professores aos resultados alcançados pelos estudantes, o que reforça a impossibilidade de um material ser considerado perfeito ou válido per si, visto que as práticas pedagógicas precisam estar, necessariamente, alinhadas aos diversos contextos educacionais.

    Trata-se, assim, de publicações que convidam à leitura de análises e à partilha de experiências que estão circunscritas às pesquisas proporcionadas pelo Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras), financiado pela CAPES, bem como de pesquisas desenvolvidas em outros Programas de Pós-Graduação, que querem colaborar com a qualificação dos processos de ensino-aprendizagem em todo o território nacional.

    Késia Suyanne Lima e Patrícia Escóssia, em A compreensão leitora no livro didático de LP, mostram como é tratado o ensino de Língua Portuguesa, por meio da leitura, em atividades de compreensão textual em um livro didático de Língua Portuguesa (LP) do Ensino Fundamental em compreensão leitora no livro didático de LP. As autoras investigaram a categorização das perguntas nos exercícios de leitura, à luz da matriz de referência do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), a fim de saber se eles contribuem para a formação de um cidadão mais crítico e socialmente participativo.

    A discussão relativa à pertinência das atividades de leitura de livros didáticos tem seguimento com o artigo Livros didáticos: uma reflexão sobre propostas de leitura de textos, de Ana Paula Sahagoff. Com foco no alinhamento das atividades aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a autora avalia a alusão a algum gênero discursivo e a explicitação das condições de produção a fim de compreender o lugar da dimensão discursiva/comunicativa na leitura de textos. A análise realizada aqui indicou que as propostas estão alinhadas aos PCN, permitem o diálogo do estudante com os textos, uma vez que as experiências do leitor podem ser associadas às informações fornecidas por cada material.

    O artigo Quando o exercício de leitura não ensina a ler: atividades de leitura no livro didático para anos iniciais da escola do campo, Rita Bottega e Jaqueline Schlindvein apresentam a análise de atividades de leitura de um texto de um livro didático do 3º ano do ensino fundamental, usado em uma escola do campo de um município do oeste do Paraná. O trabalho em tela apontou, entre outras coisas, discrepância entre a proposta da unidade e do texto e desorganização em relação aos níveis de leitura.

    Na sequência, Iderlânia Souza, Isabel Azevedo e Sandro Marengo, no artigo A construção de inferências no ensino fundamental: a diversidade de leituras possíveis, propõem colaborar com a construção de inferências socioculturais por estudantes do 7º ano ensino fundamental. A pesquisa realizada no âmbito do Profletras permitiu aos estudantes compreender os sentidos de exemplares de diferentes gêneros textuais, conforme os resultados comparativos obtidos em um pré-teste e um pós-teste, aplicados antes e depois de realização de uma oficina elaborada pela professora. Constatou-se ainda que o desenvolvimento desse tipo de trabalho requer a consecução de atividades específicas, que, ao partir dos conhecimentos prévios dos discentes, possibilitam ampliar o entendimento de textos.

    Denise Cardoso e Maria de Lourdes Almeida, à luz de uma perspectiva que busca integrar leitura, escrita e avaliação, materializam em História em quadrinhos: ferramenta para leitura e escrita de texto na sala de aula de língua portuguesa a construção de propostas didáticas que trabalhem leitura e escrita a partir de HQs, no ensino fundamental, como possibilidades de articulação dos conhecimentos de elementos linguísticos com os de textualização e pragmáticos.

    Em Anúncio publicitário na escola: uma proposta de leitura crítica, Ângela Maria Menezes e Taysa Damaceno, do Profletras da Universidade Federal de Sergipe, campus São Cristovão, apresentam a elaboração de uma proposta de intervenção, tendo como suporte um Caderno Pedagógico, com a intenção de conduzir os alunos a uma leitura mais consciente e crítica desses de anúncios publicitários.

    Em seguida, o artigo Gêneros textuais emergentes das tecnologias no discurso de livros didáticos analisa a evolução do espaço dedicado aos gêneros textuais digitais e sua utilização no livro didático de língua portuguesa do Brasil mais adotado no ensino fundamental, propondo uma reflexão para o uso desses gêneros, desde a concepção original à sua aplicação em atividades educacionais. A autora Josiane Cani pauta seu artigo nos estudos dos multiletramentos, nos gêneros como ação social e nos gêneros textuais emergentes das tecnologias digitais.

    No artigo Leitura de minicontos e sugestões para atividades em sala de aula, o gênero discursivo miniconto é apresentado como instrumento em atividades de leitura para alunos do ensino fundamental e médio. Júlio César Santos e Vânia de Moraes desenvolvem um estudo sobre o gênero miniconto com vistas à sua utilização em atividades de leitura privilegiando uma abordagem sociocognitiva.

    O trabalho com a produção textual no livro didático de português a partir dos gêneros textuais é o tema de A produção de texto a partir de gêneros no livro didático de língua portuguesa: uma análise contrastiva. Este artigo de Karla Bertotti e Sandra Maria Alves busca perceber as abordagens teórico-metodológicas para o tratamento da produção de textos em livros didáticos de língua portuguesa.

    No artigo Relação entre oralidade e escrita: uma análise do LD novo girassol sob a perspectiva da fonética e da fonologia, Joyce Lima e Vanessa Nunes analisam o livro didático de língua portuguesa do 1º ano da coleção Girassol – Saberes e Fazeres do Campo (PNLD), adotado em todas as escolas dos povoados do município de Laranjeiras – estado de Sergipe, no que concerne à consciência fonológica, tendo em vista sua relevância nas séries iniciais.

    A capa do livro paradidático: discursos editorial e didático em uma obra da FTD também é tema de reflexão, no artigo de Flávia Granato e Matheus Schwartzmann, autores. As autoras afirmam que a capa de um livro pode ser entendida como a materialização de um ponto de contato entre um enunciador complexo e um enunciatário-leitor pressuposto, marcado por valores editoriais, escolares e mercadológicos. Neste artigo, são analisadas as estratégias discursivas e os recursos verbo-visuais que modalizam o enunciatário-leitor por um querer fazer, reconhecido, no nível do discurso, como um querer ler.

    Ao finalizar este número especial, o artigo Produção textual no livro didático: gênero textual ou gênero discursivo, escrito por Rafaele Almeida Soares, compara as propostas de produção textual escrita em dois livros didáticos de língua portuguesa do 6º ano do ensino fundamental - Singular & Plural - leitura, produção e estudos de linguagem e Projeto Teláris: Português – a fim de investigar como os gêneros são trabalhados com relação ao campo da comunicação discursiva, aos interlocutores e às suas condições específicas (conteúdo temático, construção composicional, estilo). Os resultados apontaram que não há coerência teórica-metodológica nos livros didáticos analisados, embora possam ser encontrados indicativos de esforços voltados a um trabalho com gêneros discursivos.

    Esperamos que esse conjunto de artigos possa ser mais uma forte contribuição no diálogo voltado para as práticas pedagógicas de professores de língua portuguesa e que sigamos nesse diálogo de aproximação da Universidade com a educação básica. Que tenham todos uma boa leitura!

    Os Organizadores

  • Travessias Interativas ➭ jul-dez/2018
    n. 16 (2018)

    NOTA INTRODUTÓRIA

    Entre 29 de janeiro e 29 de abril de 2018 a revista de letras Travessias Interativas esteve com chamada aberta para dois dossiês, a serem publicados no mesmo volume, atendendo às duas grandes áreas. O primeiro trata de Multimodalidade e o ensino de línguas e foi organizado pelos professores Vanderlei J. Zacchi (UFS) e Viviane Heberle (UFSC). O segundo é sobre Literatura de autoria feminina e foi organizado por mim e pela professora Cláudia Parra (UNESP/FATEC). Dos 24 artigos submetidos para o primeiro dossiê, 10 foram selecionados, em conformidade com as políticas editoriais da revista, e fazem parte da edição. Dos 55 artigos submetidos para o segundo dossiê, 26 compõem o número. Além das duas principais seções, compostas pelos dossiês, há um artigo publicado na seção de iniciação científica e uma resenha que fecha o volume.

    A revista conta, agora, com novas bases indexadoras internacionais, CiteFactor, Elektronische Zeitschriftenbibliothek, Actualidad Iberoamericana e LatinREV, o que favorece os procedimentos de internacionalização e a divulgação de nossas pesquisas em novas plataformas. O décimo sexto volume completa os oito anos do surgimento da revista, que tem mantido a regularidade de sua publicação semestral.

    Agradecemos aos conselheiros internos e aos pareceristas ad-hoc pelo empenho nesta edição, além dos organizadores dos dossiês pela cuidadosa seleção e preparação. Enfim, somos gratos aos autores que contribuíram, enviando textos inéditos e colaborando com os estudos linguísticos e literários divulgados na Travessias.

    Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade
    Departamento de Letras Vernáculas (UFS)
    Editor-Chefe

  • Travessias Interativas ➭ jan-jun/2018
    n. 15 (2018)

    A revista Travessias Interativas, agora vinculada ao Departamento de Letras Vernáculas da UFS (Universidade Federal de Sergipe) – Campus de São Cristóvão, chega à edição de número 15. O eixo da Travessias continua sendo estudos centrados no domínio das Letras (Literatura e Linguística). Integram esse número trinta produções: vinte e sete artigos, sendo quatro de iniciação científica, e três resenhas. Os textos aqui elencados são diversificados, tendo em vista que se trata de um número atemático.

    Movendo-se por entre as questões linguísticas, os textos acolhem estudos provenientes de diversas subáreas, como Linguística Aplicada, Neurolinguística, estudos de Língua Estrangeira, entre outros. Um dos artigos propõe discussões em torno do conceito de “comunicabilidade”, desenvolvido pelo linguista Charles Briggs, e as possíveis implicações do conceito para a discussão e aprimoramento acerca da prática de entrevistas em pesquisas. Diferenças e semelhanças entre o português brasileiro e o europeu também são levantadas neste número, em um texto que investiga se a existência dessas variedades aponta para um afastamento total, ou representa apenas algumas áreas da língua afetadas pelos percursos históricos. Outro estudo, que trata da disartria sob a ótica da Linguística, visa contribuir para o aprimoramento da teoria Neurolinguística sobre esse distúrbio da linguagem. Na área dos estudos de Línguas Estrangeiras em Inglês, os textos contemplam assuntos como a análise de livro didático sob a perspectiva de multiletramentos, aspectos metodológicos e práticas pedagógicas no ensino médio e a utilização de tecnologias por meio de jogos digitais para a aprendizagem de línguas no contexto escolar. Aspectos associados à nasalidade, produção de sentido, oralidade e causos permeiam, ainda, os artigos aqui apresentados.

    O volume se completa com a seção sobre Literatura e, correspondendo à diversidade dos estudos literários atuais, a edição apresenta artigos sobre variados gêneros estudados e diferentes  abordagens teóricas.  Na poesia  brasileira, há  um estudo das  dimensões simbólica e histórica da representação do feminino na obra Toda a América, de Ronald de Carvalho, e na sequência um estudo do poema herói-cômico O desertor, de Silva Alvarenga; na poesia portuguesa, há uma análise de elementos formais e aspectos existenciais na obra Poemas sobre a morte, a aniquilação e o jogo, de António Manuel Bracinha Vieira. Dois artigos abordam o conto, um deles propondo a consideração do conceito de exotopia e sua relação com dois contos do escritor goiano José J. Veiga, e o outro versando sobre as marcas enunciativas da categoria da “melancolia” em Los inmigrantes, do uruguaio Horacio Quiroga. Entre os textos destinados à análise de romances, há trabalhos sobre A lua vem da Ásia, de Campos de Carvalho, e uma investigação do realismo presente no único romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, com base nos princípios estéticos elaborados por György Lukács. Ainda no campo da narrativa aparece um artigo que discute a narrativa juvenil brasileira das últimas décadas e sua ligação com o romance policial. Outro ensaio oferece um panorama do naturalismo romanesco brasileiro na busca pela objetividade, neutralidade e totalidade, sob as influências das concepções científicas do fim do século XIX. No romance estrangeiro, as análises ficam por conta de obras dos autores norte-americanos William Faulkner e Craig Thompson, da chilena Isabel Allende e do francês Gustave Flaubert.

    Na sequência aparecem os artigos proveninetes de projetos de iniciação científica. Os dois primeiros se voltam para questões de ensino: o primeiro trata das motivações dos alunos de uma escola do estado de Sergipe para o ENEM, e o segundo trata de tecnologias no ensino de língua espanhola como língua estrangeira. Os outros dois artigos, ligados aos estudos literários, apresentam leituras críticas de narrativas: de um lado, a autoficcção na obra Traiciones de la memoria, do colombiano Héctor Abad Faciolince, e de outro, o riso infantil em Campo Geral, de Guimarães Rosa. As obras resenhadas na última seção são Perspectivas em avaliação no ensino e na aprendizagem de línguas: pesquisas e encaminhamentos na formação e na prática docente (de Douglas Altamiro Consolo, Sandra Regina Buttros Gattolin e Vera Lúcia Teixeira da Silva), Duas Janelas (de Marcos Siscar e Ana Martins Marques) e Porcelana Invisível (de Fernando Paixão).

    Agradecemos a todos os autores que submeteram seus textos, além dos pareceristas internos e externos ao nosso conselho. Seguimos avante, pois a jornada segue renovada!

    Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade
    Profa. Ma. Cláudia Parra

  • Travessias Interativas ➭ jul-dez/2017
    n. 14 (2017)

    Chegamos à travessia de número 14, o que corresponde a 7 anos de existência da revista. Para este número, recebemos uma quantidade imprevista de artigos: foram 102 submissões. Deste modo, nós, editores, optamos por dividir em dois números. Mesmo assim, o trabalho todo exigiu esforço do conselho editorial no que tange à leitura e emissão de pareceres. Neste sentido, agradecemos não apenas ao conselho consultivo interno, mas aos pareceristas externos que colaboraram conosco.

    Na primeira seção deste número há quatorze artigos de literatura e treze de linguística. Os sete primeiros tratam de aspectos do romance contemporâneo, passando pela obra de José Saramago, Tatiana Salem Levy, Suzana Collins, Lia Mills, José Clemente Pozenato, Luísa Geisler (todos contemporâneos) e João Guimarães Rosa. A abordagem destes ficcionistas, de forma geral, aponta para estudos de estrutura narrativa, tipologias, diálogo com a tradição, relações com a história e com os estudos culturais. Os dois artigos seguintes, ainda no território da narrativa, voltam-se para o conto, apresentando estudos acerca de Lygia Fagundes Telles e Ruth Silviano Brandão. Na sequência, há dois artigos que estabelecem relações entre literatura e cinema, partindo de um conto de Clarice Lispector e de uma peça teatral de Osman Lins. O teatro também aparece no décimo segundo artigo, que trata de Shakespeare. Já o estudo da poesia aparece nos dois artigos que fecham os estudos literários: o primeiro dedica-se a Allen Ginsberg e William Blake, e o segundo, ao poeta francês Mallarmé.

    Na sequência aparecem os artigos de estudos linguísticos. Os dois primeiros abordam questões de letramento, sendo o primeiro dedicado ao letramento acadêmico, e o segundo ao letramento no primeiro ano de ensino médio; em seguida, outros dois artigos tratam de ensino de língua materna, ora por via do gênero artigo de opinião, ora por via das relações com a prática social. Os próximos seis textos percorrem o mesmo tema: ensino de língua estrangeira, com destaque para o inglês e o espanhol. Já os três últimos tratam de metáforas, usos e variações da linguagem.

    Na segunda seção deste número aparecem os artigos que foram resultados de pesquisa de Iniciação Científica, sendo três de literatura e três de linguística. O primeiro trata de um romance da escritora argentina Marta Traba, e o segundo da presença de romances portugueses no Rio de Janeiro na segunda metade do séc. XIX. O artigo seguinte trata do drama D. João e Julieta, de Natália Correia. Na sequência, já em estudos linguísticos, aparece um artigo sobre mobilidade de gênero nos anos finais do ensino fundamental em dois municípios de Pernambuco, seguido de outro que compara o português de Luanda-Angola e o português do Brasil. O artigo que finaliza a seção realiza um estudo do aspecto perfect no Brasil.

    Três obras são resenhadas na terceira e última seção deste número: Numa hora assim escura: a paixão literária de Caio Fernando Abreu e Hilda Hilst (2016), de Paula Dip; Cossacos gentis (2015), de Leonardo Marona; e Identity and language learning: extending the conversation (2013), de Bonny Norton.

    Em virtude das novas demandas, a partir deste número estamos ampliando o conselho editorial, que passa a contar com os seguintes membros: Carlos Eduardo Japiassu de Queirós (UFS), Flávia Danielle Sordi Miranda (UNIFAL), Afonso Henrique Fávero (UFS), Wilton James Bernardo dos Santos (UFS), Clarissa Loureiro Marinho Barbosa (UPE), Álvaro Hattnher (UNESP), Renata Ferreira Costa Bonifácio (UFS), Ricardo Nascimento Abreu (UFS), Vanderlei José Zacchi (UFS), Mariana Bolfarine (UFMT), Elis Regina Fernandes Alves (UFAM-IEAA), Christina Bielinski Ramalho (UFS), Anna Patrícia Zakem China (FATEC), Paulo Ricardo Moura da Silva (IFMG/Ouro Preto), Profa. Dra. Raquel Meister Ko Freitag (UFS/São Cristóvão), Profa. Dra. Isabel Cristina Michelan de Azevedo (UFS/São Cristóvão) e Prof. Dr. Carlos Eduardo Fernandes Netto (FATEC/Ribeirão Preto). Agradecemos a todos por terem aceito nosso convite e esperamos que tal ampliação sinalize novas parcerias e novas possibilidades.

    Aos leitores, desejamos que se permitam caminhar por estas novas travessias, admirando a paisagem, colhendo os frutos das margens e ampliando suas perspectivas.

    Os editores,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
    Cláudia Parra - Editora-adjunta
    Leonardo Vicente Vivaldo - Editor-adjunto

  • Travessias Interativas ➭ jan-jun/2017
    n. 13 (2017)

    Treze Travessias

    A Revista de Letras Travessias Interativas apresenta seu décimo terceiro volume e nós, editores, estamos felizes pela jornada contínua, um percurso entrelaçado por empenho e persistência que nos permitirá ir muito além de treze Travessias. De temática livre, esta edição reúne artigos que versam sobre questões da teoria literária e da linguística aplicada, além de textos que atravessam os diferentes gêneros literários. Integram o número, por fim, uma resenha e um artigo de iniciação científica.

    Iniciamos pelos domínios da teoria literária, desenvolvendo (mais) um pouco a concepção de intertextualidade com o artigo “Nos olhos de quem vê: (mais) algumas considerações sobre o conceito de intertextualidade”, de Álvaro Hattnher (UNESP/São José do Rio Preto). Concentrando-se na ideia de intertextualidade como ocorrência que só se manifesta por meio de uma especificidade do olhar, o trabalho propõe uma reavaliação de seus contornos teóricos, com especial atenção às proposições hoje clássicas de Laurent Jenny (1979). Os dois próximos artigos consideram tópicos da linguística aplicada. Os autores Luís Cláudio Dallier Saldanha e Milca Tscherne (UNESA/Rio de Janeiro), em “Linguagem, nova retórica e violência verbal nas redes sociais”, demonstram como a agressividade verbal nas redes sociais impõe desafios educacionais que tocam desde a relação entre linguagem e violência, até a dimensão argumentativa da língua e o respeito à diversidade e à pluralidade. No horizonte das línguas estrangeiras, Melissa Alves Baffi-Bonvino (UNESP/ São José do Rio Preto) com o texto “O papel do vocabulário na observação do efeito retroativo em um contexto de preparação para a certificação internacional de proficiência”, aponta a falta de proficiência e certificação em língua inglesa por parte de estudantes brasileiros como um dos principais obstáculos para o ingresso em programas como o Ciência Sem Fronteiras. Assim, o artigo tem como objetivo investigar o impacto exercido pelo exame IELTS em um curso preparatório voltado à certificação de proficiência com vistas à mobilidade estudantil promovida pelos referidos programas.

    O romance é o primeiro gênero literário abordado nesta edição no artigo “As implicações da consciência do herói em O Ateneu: crônicas de saudades, de Raul de Pompeia”. Paulo Ricardo Moura da Silva (UNESP/São José do Rio Preto) discute as implicações tensivas que a construção do herói nesse romance coloca em jogo diante das reflexões desenvolvidas por Georg Lukács sobre o herói problemático. A poesia dá continuidade às análises literárias. Alexandre de Melo Andrade (UFS/São Cristóvão) considera como Novalis, poeta com projeção significativa na arte e no pensamento dos vários romantismos, desenvolveu o tema da natureza tanto na poesia como na prosa em “Novalis: A divinização da natureza”. As diferentes perspectivas sobre modernidade na poesia de Charles Baudelaire e T. S. Eliot é o assunto em “A modernidade e o tema da multidão em Baudelaire e Eliot”, de Elis Regina Fernandes Alves (UFAM-IEAA/Humaitá). O texto de André Luiz do Amaral (UNESP/São José do Rio Preto), “Experiência, experimentação e experimentalismo na poesia moderna”, sustentado pelas leituras de Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, propõe uma discussão acerca das relações entre experiência estética, experimentação e experimentalismo na modernidade. Na sequência, o denominador comum dos dois artigos seguintes é o estudo de contos de autores brasileiros. “A hora e a vez, no conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa”, de Clarissa Loureiro Marinho Barbosa (UPE/Petrolina) e Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz (UFS/São Cristóvão), discute como o autor, ao recriar a relação do brasileiro com o catolicismo popular, reinventa a relação filosófica do homem com a religião, demonstrando como a prosa de Guimarães Rosa transita de uma discussão local para uma global, quando aborda medos e anseios humanos. Os contos “Minha mãe” e “Cumplicidade” são o objeto de análise em “A narrativa do olhar: visualidade e cegueira nos contos de Victor Giudice”, de Paulo de Andrade (UNESP/Araraquara), que pretende evidenciar como, ao se utilizar das imagens visuais, os narradores refletem sobre falso moralismo e hipocrisias sociais. Os artigos sobre teatro, “Vereda da salvação, de Jorge de Andrade”, de Afonso Henrique Fávero (UFS/ São Cristóvão) e “Da Irlanda para o irlandês: Um percurso des(estruturador) da identidade nacional em The Plough and the Stars”, de Claudia Parra (UNESP/São José do Rio Preto), completam o ciclo de textos sobre literatura. No primeiro, uma análise da peça de Jorge Andrade, o autor procura apontar como o dramaturgo reproduz literariamente os descompassos de um universo convulso, levando em consideração o conjunto de sua dramaturgia. No segundo, tendo em conta o cenário político irlandês do início do século XX, a autora faz uma leitura de The Plough and the Stars, de Sean O’Casey, propondo reflexões acerca da identidade feminina e da retórica nacionalista irlandesa.

    Fernando Aparecido Poiana (UNESP/São José do Rio Preto) avança um pouco mais nos caminhos da literatura irlandesa em “Seamus Heaney: Imaginação, reelaboração e intervenção”, uma resenha sobre o livro póstumo do poeta norte-irlandês Seamus Heaney, New Selected Poems (1988-2013), publicado em 2014. E, finalizando, na seção de iniciação científica, Kaio Victor dos Santos Ribeiro (UFS/São Cristóvão), sob orientação da Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade (UFS/São Cristóvão), faz uma apresentação de aspectos marcantes da obra ainda pouco conhecida Poemas nunca publicados de Caio Fernando Abreu, em “Aspectos da poesia de Caio Fernando Abreu”.

    Muitas pessoas se envolveram na criação desta nossa décima terceira revista, e a elas somos gratos. Temos certeza de que a multiplicidade dos olhares teóricos e analíticos aqui apresentados propiciarão aos leitores uma proveitosa e agradável travessia pelo mundo das Letras.

    Os editores,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
    Cláudia Parra - Editora-adjunta
    Leonardo Vicente Vivaldo - Editor-adjunto
    Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta

  • Travessias Interativas ➭ jul-dez/2016
    n. 12 (2016)

    A nossa décima segunda travessia, ou o décimo segundo volume, estabelece-se em torno de dez artigos que perpassam os estudos linguísticos e os estudos literários. Numa ou noutra margem podemos encontrar diversos e interessantes caminhos que colaboram para a nossa interminável reflexão acerca da infinita travessia que é a manifestação da linguagem.

    Na primeira margem desta travessia, a linguística, o primeiro artigo, “Representação identitária da Língua Inglesa por alunos de uma escola da rede pública”, de Henrique Campos Freitas e Diogo Silvas Chagas, analisa a construção, e a transformação, da identidade por dentro do ambiente escolar – e como tal relação está intimamente ligada à questão social da língua. O eixo norteador é a referência da Língua Inglesa para alunos do segundo ano Ensino Médio. Em “O funcionamento referencial no discurso da criança: uma análise de fatos enunciativos de aquisição de Língua Materna”, Raiany Tomazzi observa o funcionamento referencial através da teoria enunciativa de Émile Benveniste, do discurso de uma criança em fase de aquisição da língua materna (no caso, o português) – observando o valor que a criança vai atribuindo as formas do discurso, evidenciando a sua própria subjetividade. Já Manoelito Costa Gurgel, através das ferramentas teóricas da Análise do Discurso, procura evidenciar como é construída a representação (pejorativa) da figura do professor através das leituras ideológicas da mídia em meio, ou através, da ampla gama de vozes sociais existentes. O artigo é: “O professor no discurso da mídia: representações discursivas sobre o ser e o agir docentes”. E já aproximando nossas margens, Fernanda Saraiva Frio, em “A representação da morte no corpus paralelo de tradução As intermitências da morte/Death with interruptions”, analisa a construção da personagem Morte no romance de José Saramago e, subsequentemente, em sua versão (tradução) para a Língua Inglesa.

    Com Januário Marques de Souza e “Linda, uma história horrível: análise estrutural da narrativa” chegamos à nossa segunda margem, a literária, e onde o conto “Linda, uma história horrível”, de Caio Fernando Abreu, é revisitado através da análise estrutural, de viés linguística, de Roland Barthes – portanto, não completamente superada a margem anterior. Mas na análise de Jeanne Cristina Barbosa Paganucci e Sandra Maria Pereira do Sacramento do imortal Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, superamos a outra margem em definitivo. Perpassando a representação artística e social do romance, e valendo-se de diversas vertentes teóricas, inclusive do atual debate do empoderamento feminino, “Literatura e representação: percurso fictício do social em Grande

    Sertão: Veredas” reafirma a pluralidade e complexidade do universo roseano. Também problematizando a representação do feminino, embora noutro tempo e espaço (o século XXI e a Literatura Coreana), Jefferson de Moura Saraiva, em “O sujeito carnofalogocêntrico em A Vegetariana de Han Kang”, através da teoria de Jacques Derrida e de Carol J. Adams, consegue uma instigante relação entre os hábitos alimentares e a hierarquia so- cial por dentro da sociedade e, da ainda pouco explorada por aqui, literatura sul-coreana de Han Kang. Também em terras estrangeiras, Rosalia Rita Evaldt Pirolli, em “A Litera- tura Brasileira no sistema cultural francês: representações do jornal Le Monde em 2014”, oferece uma análise da representação, muitas vezes ainda estereotipadas, da Literatura Brasileira em solo francês – o corpus parte de matérias publicadas, em 2014, no jornal Le Monde. Os dois últimos artigos possuem como ponto de contato o italiano Umberto Eco. Manoel Francisco Guaranha e Isabel Celeste de Bastos Navarausckas debruçam-se, através dos aportes teóricos de Eco, sobre o jogo entre leitor e leitura que existe no cerne do conto “Rondando”, de Adélia Prado. O artigo: “Os caminhos percorridos pelo leitor modelo na leitura de um conto de Adélia Prado”. Já Déborah Garzon Cabral, em “O espaço-tempo representado em A misteriosa chama da Rainha Loana, de Umberto Eco”, vai em buscar do Eco romancista de A misteriosa chama da Rainha Loana para refletir sobre as relações entre o espaço e memória e como tal percurso é fundamental para a formação da identidade – novamente a identidade, assim como o primeiro artigo de que falamos. E a travessia fecha-se... travessias... Travessias.

    Boa Leitura.

    Os editores,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
    Cláudia Parra - Editora-adjunta
    Leonardo Vicente Vivaldo - Editor-adjunto
    Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta

  • Travessias Interativas ➭ jan-jun/2016
    n. 11 (2016)

    Para além de todas as paragens

    O décimo primeiro volume (ou décima primeira travessia) organiza-se em torno de dez artigos que transitam pelos estudos literários e pelos estudos linguísticos, propondo reflexões teóricas – analíticas e comparatistas – no caso da literatura, e questões de teoria e aplicabilidade, no caso da linguística.

    Abrimos a edição com a entrevista concedida pelo poeta Paulo Vieira à pesquisadora Cristiane Rodrigues de Souza (UFMS/Três Lagoas). Já em sua primeira publicação (2004), Vieira surge como voz poética marcante, atestada inclusive por Benedito Nunes, que o aproxima, a princípio, das experiências poéticas do primeiro tempo modernista brasileiro. O poeta fala sobre sua relação com a natureza (de todos os lugares e de lugar nenhum); a relação entre o ser-poeta, o ser-engenheiro (Vieira é formado em Engenharia Florestal e seguiu carreira acadêmica na literatura) e a música; a linguagem, a forma e a metáfora; o desejo e o sofrimento.

    O primeiro artigo, de Antônio Donizeti Pires (UNESP/Araraquara), trata dos “Vestígios do Mundo Antigo em três épicos de Orfeu”, o que realiza apresentando criticamente as três epopeias Argonáuticas legadas pelo mundo antigo: a de Apolônio de Rodes (contexto helenístico; séc. III a. C.), a de Valério Flaco (contexto imperial romano, de restauração; séc. I. d. C.) e a considerada anônima (séc. IV d. C.). Já o artigo seguinte “A apreensão lírica do real: variações sobre (alguma) poesia de Astrid Cabral” -, de Henrique Marques Samyn (UERJ/Rio de Janeiro), traz um estudo sobre a apreensão do real pela afetividade e pelo racional na poesia de Astrid Cabral. José Paulo Paes, também contemporâneo, é estudado em sua produção infantil, na sequência, por Marcos Pasche (UFRRJ/ Seropédica), no texto intitulado “No reino sem rei: acerca da poesia criança de José Paulo Paes”. Leonardo Vicente Vivaldo, em “Mitolorgias”: por dentre o Tempo e o Mito (Uma leitura de Poemas Reunidos de Geraldo Carneiro)”, analisa aspectos importantes da trajetória do poeta Geraldo Carneiro, através dos seus Poemas Reunidos, publicados em 2010.

    Os três artigos seguintes fazem relação entre literatura e outras áreas. Em seu texto “Aspectos da Natureza e do Romantismo na filosofia de Schiller, Fichte e Schelling”, Alexandre de Melo Andrade (UFS/São Cristóvão) aproxima literatura e filosofia do Romantismo, principalmente no que se refere à natureza e à transcendência. Depois, Alberto Roiphe (UFS/São Cristóvão) realiza a leitura de um folheto de cordel de Josenir Lacerda, levando em conta aspectos verbais e visuais, no texto “Por um fio: Palavra e Imagem conectadas pelo cordel”. Matheus Marques Nunes (UNIP/Ribeirão Preto) faz uma aproximação entre o conto “O sedutor”, de Raul Fiker, e o romance Lord Jim, de Joseph Conrad, estreitando relações entre literatura, filosofia e sociologia, no artigo que se intitula “José Bonifácio e Lord Jim: os caminhantes solitários”.

    Em “A ironia e a distorção reveladora em A visita de Sua Excelência, de Luiz Francisco Rebello”, Milca Tscherne (UNESA/Rio de Janeiro) faz um estudo da ironia presente na peça A visita de Sua Excelência, considerada “farsa catastrófica”, do português Luiz Francisco Rebello. A relação palavra-imagem e a mixagem de diferentes linguagens nos meios digitais são questões centrais do próximo artigo – “Para além das fronteiras entre palavra e imagem numa cultura digital” –, de Luís Cláudio Dallier Saldanha (UNESA/ Rio de Janeiro). Finalizando este volume, Flávia Danielle Sordi Silva Miranda (UNICAMP) discute as novas tecnologias nos meios digitais disponíveis para publicação de artigos científicos, levando em conta aspectos da Linguística Aplicada.

    Agradecemos aos autores pela disponibilidade e pelo trabalho de qualidade empenhado nos textos. Temos a certeza de que cada contribuição, aqui, corresponde a uma paragem que ressignifica toda a paisagem imposta pela travessia.

    Os editores,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
    Leonardo Vicente Vivaldo - Editor-adjunto
    Valéria da Fonseca Castrequini Editora-adjunta

  • Travessias Interativas ➭ jul-dez/2015
    n. 10 (2015)

    Caminhos, mudanças, vida nova... Travessias...

    “É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,
    teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
    – Fernando Teixeira de Andrade

    O volume X da revista de letras Travessias Interativas sai com algum atraso, é certo, mas também com algo novo e vivo – e que é, significativamente, o motor da vida. Com algumas mudanças no corpo editorial, além de novas visões para novos(as), ou velhos(as), autores(as), a revista Travessias, neste volume, espera continuar a contribuir para a busca daquela outra margem que está aquém de nós – mas que é, de toda forma, um pouco de nós mesmos. Entre o saber e o conhecer-se, travessias...

    Na primeira sessão do volume, Bruna Tella Guerra (Unicamp) nos traz uma entrevista com o professor, contista e romancista Ricardo Lísias. Finalista do Prêmio Jabuti de 2008 (com Anna O. e outras novelas) e do Prêmio São Paulo de Literatura em 2010 (com O livro dos mandarins), a literatura de Lísias parece se sustentar na tensão entre o discurso ficcional, inventivo, e, muitas vezes, o registro nu da própria autoria. Dando “um nó” não só na cabeça da crítica, mas até mesmo da própria Polícia Federal: Ricardo chegou a ser intimado a prestar depoimento no órgão da Federação por conta do seu e-book Delegado Tobias (2014). Lísias foi acusado por falsificação de documentos. Em algum lugar, sem dúvida, Kafka sorri, triunfante (e, em tempo, Flaubert emenda, também jocoso: “Delegado Tobias, c’est moi”).

    No primeiro artigo, Flávio Amorim da Rocha (UFMS) analisa o espaço no romance Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Marçal Aquino, buscando a relação entre este o espaço descrito e o desenvolvimento psicossocial das personagens do romance – tudo refletido pela/na busca da própria identidade.

    “O jornal como tribuna: uma polêmica literária nas ‘Balas de Estalo’”, de Rodrigo Cézar Dias (UFRGS), percorre as discussões e polêmicas literárias ocorridas entre os críticos Silvio Romero e Valentim Magalhães, publicadas nos jornais Gazeta de notícias e A Folha nova, no final do século XIX, em paralelo com a paródia desenvolvida pelos pseudônimos Lulu Sênior e Zig-Zaga – respectivamente Ferreira de Araújo e Henrique Chaves – na série “Balas de estalo”.

    E aproveitando as questões dos meios editoriais, “Minas e o Modernismo: a origem de uma poética moderna”, de Aline Maria Jeronymo (UNESP/Araraquara), mergulha por dentro das revistas do modernismo mineiro (A Revista, Verde e leite criôlo) afim de resgatar as questões históricas e literárias fundamentais não só para a literatura subsequente, mas também para a “mineiridade” patente que ali se disseminará, de alguma maneira, no modernismo vindouro.

    Dos mergulhos à identidade, polêmicas e regionalismo, saltamos para a filosofia em “Da linguagem filosófica à ficcional: ecos de modern fiction em Mrs. Dalloway” – texto de Vagner Leite Rangel (UERJ). Num texto de fôlego, o autor (re)liga pontos substanciais da moderna literatura norte-americana através da posição fundamental da autobiografia; do sujeito cartesiano; e da posição do narrador segundo Adorno. Tudo isso através da profunda crítica e literatura de Virginia Woolf – respondendo questões e levantando outras tantas.

    Ainda na literatura estrangeira, “Seus olhos viam Deus, de Zora Neale Hurston, e a construção identitária da personagem Janie”, Raquel Barros Veronesi e Carlos Augusto Viana da Silva (ambos da Universidade Federal do Ceará – UFC), analisam o processo da construção da identidade e de um viver poético, em meio à realidade objetiva e fragmentária do mundo, da protagonista Janie, do romance Seus olhos viam Deus (1937), da escritora afro-americana Zora Neale Hurston – que já é importante referência da literatura negra norte-americana e de resistência (tanto cultural, quanto de gênero e das minorias).

    Inclusive, sobre resistência e gênero, em “A história de um silêncio: a insurgência da voz feminina em A manta do soldado, de Lídia Jorge”, de Audrey Castañón Mattos (UNESP/Araraquara), podemos ler o silencioso grito da escrita feminina, através do artigo e da obra literária; nas vozes explícitas e implícitas; dominantes e silenciadas; que se convergem para o rompimento dos paradigmas da autoridade masculina numa crítica a sociedade androcêntrica e patriarcal – além de uma crítica à própria literatura.

    Se, portanto, a obra literária pode ser reflexo do mundo e dos seres que a cerca, em “Do outro como espelho: a construção da identidade no conto ‘Imagem’, de Luiz Vilela”, de Angélica Catiane da Silva de Freitas e Rubens Aquino de Oliveira (ambos da UFMS), rememorando Machado de Assis, Guimarães Rosa e José J. Veiga – todos autores de contos com o título de “Espelho” –, a análise sobre o texto de Luiz Vilela, “Imagem”, procura mostrar como a construção da identidade é, determinantemente, feita através da figura do outro – num infindável exercício de alteridade.

    A questão da alteridade, hoje, parece ser um tema tão pertinente que até mesmo aqueles arquétipos que deveriam ser norteadores de nossas aspirações mais nobres acabam entrando em conflito. É o que podemos observar através do artigo “As representações sociais no discurso dos super-heróis: o caso Batman, o cavaleiro das trevas”, de Lorena da Silva Rodrigues e Maria Leidiane Tavares (UFC – Ceará), que vem para contribuir com uma vertente cada vez mais interessante para os estudiosos das Letras (tanto na linguística; quanto na literatura): o universo das HQ e das Graphic Novel. A consagrada obra Batman, o cavaleiro das trevas (1986), de Frank Miller, é um marco nas histórias em quadrinhos. No artigo, através da ótica da análise do discurso, podemos notar como a edificação das ações e das falas das personagens (no caso, Batman e Superman, heróis que se tornam inimigos) servem para endossar posicionamentos que vão muito além da figura idealizada do herói (ou do mito) – recaindo, portanto, na mais significativa dinâmica social.

    Ainda dentro das questões sociais, “Representação social da Língua Portuguesa, mídia e ensino” Ana Miriam Carneiro Rodriguez (UninCor), Aline Macedo Silva Araújo e José Antônio de Oliveira Júnior (ambos UFOP), temos a reflexão do ensino de Língua Portuguesa e a sua relação com a Gramática Tradicional através da polêmica surgida em alguns meios depois da aprovação pelo MEC do livro didático Viver e Aprender – por uma vida melhor (2011), de Heloisa Ramos.

    Por fim, “Desejos e conflitos socioculturais de Emma Bovary: o discurso feminista manifesto em pensamento”, de Aline Bruna Barbosa Araújo (AFARP), Milca Tscherne (UNESP/Araraquara) e Alice Meira Inácio (UFOP), temos um artigo pautado pelo análise semiolinguística do discurso, onde a personagem icônica de Flaubert, Emma Bovary, para a ser exemplo do comportamento imposto à mulher no século XIX – sem deixar de traçar correspondências com as posições sócio-histórico-culturais do momento em que a obra foi publicada e com o nosso próprio contexto histórico atual.

    Literaturas; identidades; discursos; ensino; questões históricas, sociais, culturais.

    Travessias...

    Boa leitura.

    Os editores,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
    Leonardo Vicente Vivaldo - Editor-adjunto
    Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta

  • Travessias Interativas ➭ jan-jun/2015
    n. 9 (2015)

    Autores, obras, discursos...
    Travessias que vão da literatura à análise do discurso.

    O volume IX da revista de letras Travessias Interativas comemora os quatro anos do surgimento da revista. O ecletismo aqui presente ratifica as muitas travessias a que a revista se propõe como identidade e ideologia. Já de início é necessário fazer um agradecimento especial aos nossos colaboradores, sejam eles participantes oficiais do conselho editorial ou pesquisadores externos requisitados para a emissão de pareceres. A revista tem o compromisso de trazer contribuições para a comunidade acadêmica com artigos de pesquisadores de diversas instituições do país, desde que originais e com visada crítica eficaz.

    Na primeira sessão do volume, há uma entrevista com o poeta Iacyr Anderson Freitas, que tem se destacado na cena literária brasileira a partir da década de 80, com uma produção já volumosa, premiada e reconhecida. Na entrevista, o poeta discorre sobre aspectos da lírica e da literatura de um modo geral, com ênfase nas relações poéticas que subjazem sua própria produção. A entrevista foi realizada por Alexandre de Melo Andrade (AFARP-UNIESP).

    Abrindo o volume, aparece o artigo “Além das fronteiras: a busca, a fuga e o entre-lugar na literatura moçambicana”, da autoria de Nícolas Totti Leite (AFARP-UNIESP) e Mariana Aparecida de Carvalho (UFF). Em seguida, consta o artigo intitulado “Alguns elementos espaciais e temporais na teoria literária e na obra O Equivocrata, de Raul Fiker”, de Matheus Marques Nunes (UNIP-Ribeirão Preto / UNESP-Araraquara). Já no próximo artigo, Alexandre de Melo Andrade (AFARP-UNIESP) analisa “A natureza diurna em Álvares de Azevedo”. Em análise comparativa, o próximo artigo é da autoria de Leonardo Vicente Vivaldo (AFARP-UNIESP / UNESP-Araraquara) e intitula-se “Ah! Um Corvo pousou em minha sorte!”: breves aproximações entre Augusto dos Anjos e Edgar Allan Poe”. Finalizando a sessão de artigos voltados para a análise e crítica literária, há o texto “Era uma vez... Histórias surdas: (re)definindo conceitos de Literatura Infantil”, de José Marcos Rosendo de Souza (UERN) e Maria Lúcia Pessoa Sampaio (UERN).

    Os três artigos seguintes, inseridos no âmbito da linguística, tratam de análise do discurso e de fatores teóricos e práticos associados à oralidade e à prática do ensino da língua. O artigo “Os lugares da memória: estudo de anúncios publicitários oitocentistas a partir do ponto de vista da esfera pública burguesa, da antropologia e do discurso”, de Alice Meira Inácio (AFARP-UNIESP), abre a tríade. Na sequência, há o artigo “Articulação teoria e prática e pressupostos linguísticos”, de Valéria da Fonseca Castrequini (AFARP-UNIESP). E finalizando o volume, constamos o artigo “A influência dos fatores linguísticos na concordância ou não concordância verbal na fala adolescente”, de Eliane Vitorino de Moura Oliveira (UEL).

    Desejamos leituras prazerosas, produtivas e reflexivas a todos os que se aventurarem por estas travessias.

    O editor,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe

  • Travessias Interativas ➭ jul-dez/2014
    n. 8 (2014)

    Literatura brasileira e outras literaturas. Linguística e ensino de línguas

    O oitavo volume da revista de letras Travessias Interativas, correspondente ao segundo semestre de 2015, envereda por caminhos da literatura brasileira e estrangeira, aclarando perspectivas críticas e analíticas, apontando aspectos que têm sido pouco explorados. Traz, ainda, textos questionadores a respeito das teorias linguísticas e do ensino de línguas. Na primeira sessão da revista, há uma entrevista com a poeta, crítica e artista plástica Cleri Aparecida Biotto Bucioli, que esclarece questões importantes sobre o fazer-poético, as relações entre o poeta e a realidade circundante, o diálogo entre pintura e poesia, e ainda a presença do seu olhar crítico – consciente, inclusive, da maturação que traz de outras leituras. A entrevista foi realizada pela também poeta e crítica de literatura Cristiane Rodrigues de Souza (USP-São Paulo / Centro Univ. Barão de Mauá-Rib. Preto).

    Abrimos a sessão de artigos com o texto “Literatura Brasileira na Internet”, de Jaime Ginzburg (USP-SP). O texto problematiza a forma como alguns websites (Google, Yahoo e Bing) apresentam os autores Álvares de Azevedo e Clarice Lispector, e propicia uma reflexão sobre pesquisas pautadas nestas fontes, levando em conta desde as informações nelas contidas até o aspecto visual com o qual se depara nestes sites de busca. Em seguida, há o artigo “Uma análise das imagens de devir na obra de Viviane Mosé”, de Lorena Lima Kalid (UFBA), que propõe uma leitura da poesia de Mosé, também filósofa, promovendo diálogo com a filosofia de Nietzsche. Já em “O espaço regional na literatura brasileira: um problema de fronteiras”, André Tessaro Pelinser (UFMG) discute relações de espaço físico, dimensões simbólicas e regionalismo – questões caras à literatura brasileira. No próximo artigo, intitulado “Uma análise comparativa entre Teoria do medalhão e O homem que sabia javanês”, de Verônica Franciele Seidel (UFRGS), faz-se uma comparação entre duas obras em prosa de literatura brasileira, mapeando relações entre narrador, construção retórica, ironia e a figura do malandro. Por meio da obra “O globo da morte de tudo”, de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska, Raisa Damascena Rafael (UNIRIO) reflete acerca da arte e do progresso, no texto “O globo da morte de tudo: transitoriedade, excesso, ruína”. Focalizando a figura do personagem em Guimarães Rosa e Hoffmann, e obediente às figuras estéticas de Kierkegaard, Jacob dos Santos Biziak (UNESP/Araraquara) é autor do próximo artigo – “As figuras estéticas kierkegaardianas: um estudo comparativo entre Hoffmann e Guimarães Rosa”. Na esteira da prosa de ficção contemporânea de viés político-intimista, Rosalia Rita Evaldt Pirolli (UFPR) encerra o estudo de autores brasileiros desta edição, com o artigo “Abusos da memória em K. – Relato de uma busca”, analisando a obra de Bernardo Kucinski.

    A próxima sequência de artigos privilegia autores estrangeiros. Em “O inferno da existência: o trágico de Schopenhauer em Entre quatro paredes, de Jean Paul Sartre”, Gustavo Ramos de Souza (UEL) busca compreender o trágico na referida obra sartreana, à luz da teoria do filósofo alemão Schopenhauer. No artigo seguinte – “A Cidade nos contos ‘Um encontro’ e ‘Um caso doloroso’, de James Joyce” –, Gabrielle Cristine Mendes (UFPR) analisa a abordagem que se faz, nos dois contos, da cidade de Dublin, amparando-se em teorias de Bakhtin e de Salvatore D’Onofrio. Jenifer Evelyn Saska (UFSCar) analisa a recepção da obra Ariel, de Sylvia Plath, fundamentada na Estética da Recepção de H. R. Jauss, no artigo “A recepção da primeira edição de Ariel em artigos acadêmicos”. O artigo seguinte traz a obra de José Saramago para análise, com ênfase no conto “O Centauro”, levando em conta aspectos caros ao escritor português; trata-se de “A relação entre o mito e o maravilhoso em ‘Centauro’, de José Saramago”, de Tania Mara Antonietti Lopes (UNESP/Araraquara). A poesia dos contemporâneos franceses Jean-Marie Maulpoix e Jean-Marie Gleize é discutida no próximo artigo – “O lirismo crítico e a pós-poesia: diferentes propostas estéticas para a poesia contemporênea”, de Érica Milaneze (UNICAMP).

    Os demais artigos se inserem nos estudos linguísticos e suas práticas. Em “Cultura participativa e práticas de produsagem na escrita de fanfictions em websites de compartilhamento online”, de Larissa Giacometti Paris (UNICAMP), parte-se da análise de uma sinopse de fanfictions, aplicando teorias de Bruns e Jenkins. No artigo seguinte, intitulado “Alunos do 2º ano do ensino fundamental e a leitura inferencial”, Dione Márcia Alves de Moraes (UFPA) propôs uma reflexão acerca do texto verbal e do texto não verbal, visando a possíveis avanços na compreensão leitora. Andrea Esther Anocibar (UFRGS) promove uma discussão acerca do léxico de origem espanhola adotada pelo Aurélio (2010), no texto “Empréstimos do espanhol na língua portuguesa – análise de indicações diaintegrativas no Aurélio (2010)”. Analisando o verbo “poder” sob o ponto de vista semântico-pragmático, os articulistas Lauriê Ferreira Martins, Nathália Félix de Oliveira, Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda e Luís Felipe de Moraes Silva (todos da UFJF), considerando tal verbo como “modal”, mapeiam suas funções, conforme pressupõem já no título: “A multifuncionalidade do verbo modal ‘poder’: usos identificados e evidências sobre sua atuação em contextos de pedidos e permissão”. Encerramos esta sessão com o artigo “Entre Pêcheux e Jakobson: algumas considerações sobre o papel da significação saussuriana nas ciências da linguagem”, de Denise Machado Pinto (UFMS), que desvela textos de Pêcheux e Jakobson partindo do pensamento saussuriano acerca da significação da linguagem.

    Na sessão seguinte, dedicada a artigos de Iniciação Científica, apresentamos dois textos. O primeiro, intitulado “Quando João Cabral de Melo Neto nos chama para dançar”, de Bárbara Campos Silva (UnB), sob orientação do Prof. Dr. Alexandre Pilati, analisa os poemas “A bailarina” e “Estudos para uma bailadora andaluza”, de João Cabral de Melo Neto, provocando relações entre a dança e a literatura. O segundo – “Contextualização de práticas de ensino como ações alternativas e questionadoras no processo de aquisição de língua inglesa sob a óptica da linguística aplicada” – é da autoria de Maria José Rocha Fernandes da Silva (AFARP-UNIESP), sob a orientação da Profa. Ms. Flávia Danielle Sordi Miranda, e propõe pensar o ensino de língua inglesa por meio de práticas contextuais/contextualizadoras, desmistificando a aprendizagem de língua estrangeira pautada apenas pelas estruturas linguísticas normativas.

    Agradecemos a contribuição de todos os autores, que nos ofertaram com textos resultantes de maturidade investigativa, e o conselho editorial, que mais uma vez se dedicou com excelência no processo de avaliação dos artigos. Findamos aqui o nosso trabalho mediante o oitavo volume, e inicia o dos leitores, a quem possibilitamos, a partir de agora, viagem por muitas travessias.

    Os editores,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
    Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta

  • Travessias Interativas ➭ jan-jun/2014
    n. 7 (2014)

    Existe é homem humano. Travessias...

    Chegamos ao sétimo número da revista de letras Travessias Interativas, com onze artigos que referendam estudos poéticos e leitura de poesias, estruturas narrativas e análise de romances, estudo teatral e ensino de literatura, análise do discurso e gêneros textuais. A diversidade deste volume cumpre a tarefa importante de trazer contribuição para leitores e pesquisadores; os textos possuem investigação crítica e originalidade.

    Na primeira sessão da revista, há uma entrevista com o Prof. Dr. Paulo Franchetti, que se destaca como crítico de literatura e, mais recentemente, como poeta, com uma produção já considerável e reveladora de uma voz singular na pluralidade contemporânea. Franchetti fala sobre sua produção, incorporando, ainda, reflexões sobre a poesia contemporânea, a crítica literária atual, os novos meios de proliferação da po esia etc. No final da entrevista, há dez poemas que o poeta nos enviou, permitindo-nos publicá-los. A entrevista foi concedida a Leonardo Vicente Vivaldo (AFARP-UNIESP), também estudioso de poesia. Registramos, aqui, nosso agradecimento ao entrevistado, pela disponibilidade e contribuição.

    O primeiro artigo, intitulado “A poesia de Mário de Andrade, em versos de Roberto Piva e de Carlos Felipe Moisés”, de Cristiane Rodrigues de Souza (Centro Universitário Barão de Mauá), traz, por via da “estética dos vestígios”, a herança da poesia de Mário de Andrade nos versos dos dois poetas contemporâneos. Em “O silêncio de pedra: breves considerações sobre o nada, o silêncio e as ausências em A pedra do sono, de João Cabral de Melo Neto”, Fabiano Rodrigo da Silva Santos (USP) e Maria Clara Gonçalves (UNICAMP) delineiam a ausência como categoria poética aparente em A pedra do sono – obra inaugural (1942) de João Cabral. Dando continuidade ao estudo poético, o próximo artigo, de Alex Moretto (Faculdade São Luís) – “A poética da natureza em O pastor amoroso, de Alberto Caeiro” – aclara um aspecto pouco explorado no heterônimo pessoano: o afastamento da natureza em detrimento da subjetividade.

    Os artigos seguintes privilegiam o estudo da narrativa. Em “Breve percurso por caminhos da literatura. Sobre narrativas: Mito, Epopeia e a problemática do Romance”, de Mirella Priscila Izídio da Silva (UFPE), parte-se de teorias de Jolles Northrop Frye e Georg Lukács para um estudo sobre o desenvolvimento do romance e suas relações para com o mito e a epopeia. Já o próximo artigo, de Liliane Pereira Soares do Nascimento (UNESP/S. José do Rio Preto), intitulado “Alexandre e outros heróis e a experiência comunicável de Walter Benjamin”, estuda o referido romance, de Graciliano Ramos, à luz da “experiência comunicável” de Walter Benjamin, palmilhando a relação entre literatura e sociedade. Em “A personagem feminina nos contos de Hans Christian Andersen”, de Gracinéa I. Oliveira (UFMG) e Olívia de Fátima Medeiros (FACISABH), estuda-se o perfil da figura feminina na obra de Andersen, observando-se elementos comuns em perso nagens de classes sociais distintas. O artigo seguinte, “A utilização da maquinaria gótica e seus sentidos em Rapaccini’s Daughter”, de Raquel de Vasconcellos Cantarelli (UNESP/ Araraquara), parte do estudo da obra de Nathaniel Hawthorne para desvelar aspectos importantes do gótico e sua relação com o desenvolvimento científico e tecnológico.

    No próximo artigo, voltado para o gênero dramático, Solange Santos Santana (UFBA) estuda alguns aspectos da ironia de Nelson Rodrigues, no artigo “O homem é apenas um ser trágico que ama e morre: a ironia em O beijo no asfalto”. Pensando o ensi no de literatura por via de teóricos da tradição literária moderno-contemporânea, Lin con Luiz Vaneti (UNESP/Araraquara) e Alexandre de Melo Andrade (AFARP-UNIESP/UNESP-Araraquara) trazem reflexões pertinentes à literatura e ao ensino, no artigo intitulado “Literatura: ensiná-la pela teoria ou pela fruição?”.

    Os dois últimos artigos seguem as trilhas dos estudos linguísticos. Em “Três faces do discurso em Jakob Von Gunter”, Paula Carolina Betereli (UFMG) estuda as diversas facetas do poder, na referida novela, do escritor suíço Robert Walser, à luz da teoria de Michel Foucault sobre discurso e poder. No artigo que fecha a edição – “Tecnologias digitais e ensino: análise de um trabalho de produção de vídeos sob a óptica dos gêneros” –, Fávia Danielle Sordi Silva Miranda (AFARP-UNIESP / UNICAMP) apresenta “reflexões acerca da interface entre linguagens e tecnologias e suas implicações para o ensino”.

    Entregando mais este volume, só nos resta agradecer a todos os articulistas que nos premiaram com seus textos e desejar que eles ratifiquem sua contribuição para os estudos das letras.

    Os editores,
    Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
    Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta

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