n. 12 (2016): Travessias Interativas ➭ jul-dez/2016

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A nossa décima segunda travessia, ou o décimo segundo volume, estabelece-se em torno de dez artigos que perpassam os estudos linguísticos e os estudos literários. Numa ou noutra margem podemos encontrar diversos e interessantes caminhos que colaboram para a nossa interminável reflexão acerca da infinita travessia que é a manifestação da linguagem.

Na primeira margem desta travessia, a linguística, o primeiro artigo, “Representação identitária da Língua Inglesa por alunos de uma escola da rede pública”, de Henrique Campos Freitas e Diogo Silvas Chagas, analisa a construção, e a transformação, da identidade por dentro do ambiente escolar – e como tal relação está intimamente ligada à questão social da língua. O eixo norteador é a referência da Língua Inglesa para alunos do segundo ano Ensino Médio. Em “O funcionamento referencial no discurso da criança: uma análise de fatos enunciativos de aquisição de Língua Materna”, Raiany Tomazzi observa o funcionamento referencial através da teoria enunciativa de Émile Benveniste, do discurso de uma criança em fase de aquisição da língua materna (no caso, o português) – observando o valor que a criança vai atribuindo as formas do discurso, evidenciando a sua própria subjetividade. Já Manoelito Costa Gurgel, através das ferramentas teóricas da Análise do Discurso, procura evidenciar como é construída a representação (pejorativa) da figura do professor através das leituras ideológicas da mídia em meio, ou através, da ampla gama de vozes sociais existentes. O artigo é: “O professor no discurso da mídia: representações discursivas sobre o ser e o agir docentes”. E já aproximando nossas margens, Fernanda Saraiva Frio, em “A representação da morte no corpus paralelo de tradução As intermitências da morte/Death with interruptions”, analisa a construção da personagem Morte no romance de José Saramago e, subsequentemente, em sua versão (tradução) para a Língua Inglesa.

Com Januário Marques de Souza e “Linda, uma história horrível: análise estrutural da narrativa” chegamos à nossa segunda margem, a literária, e onde o conto “Linda, uma história horrível”, de Caio Fernando Abreu, é revisitado através da análise estrutural, de viés linguística, de Roland Barthes – portanto, não completamente superada a margem anterior. Mas na análise de Jeanne Cristina Barbosa Paganucci e Sandra Maria Pereira do Sacramento do imortal Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, superamos a outra margem em definitivo. Perpassando a representação artística e social do romance, e valendo-se de diversas vertentes teóricas, inclusive do atual debate do empoderamento feminino, “Literatura e representação: percurso fictício do social em Grande

Sertão: Veredas” reafirma a pluralidade e complexidade do universo roseano. Também problematizando a representação do feminino, embora noutro tempo e espaço (o século XXI e a Literatura Coreana), Jefferson de Moura Saraiva, em “O sujeito carnofalogocêntrico em A Vegetariana de Han Kang”, através da teoria de Jacques Derrida e de Carol J. Adams, consegue uma instigante relação entre os hábitos alimentares e a hierarquia so- cial por dentro da sociedade e, da ainda pouco explorada por aqui, literatura sul-coreana de Han Kang. Também em terras estrangeiras, Rosalia Rita Evaldt Pirolli, em “A Litera- tura Brasileira no sistema cultural francês: representações do jornal Le Monde em 2014”, oferece uma análise da representação, muitas vezes ainda estereotipadas, da Literatura Brasileira em solo francês – o corpus parte de matérias publicadas, em 2014, no jornal Le Monde. Os dois últimos artigos possuem como ponto de contato o italiano Umberto Eco. Manoel Francisco Guaranha e Isabel Celeste de Bastos Navarausckas debruçam-se, através dos aportes teóricos de Eco, sobre o jogo entre leitor e leitura que existe no cerne do conto “Rondando”, de Adélia Prado. O artigo: “Os caminhos percorridos pelo leitor modelo na leitura de um conto de Adélia Prado”. Já Déborah Garzon Cabral, em “O espaço-tempo representado em A misteriosa chama da Rainha Loana, de Umberto Eco”, vai em buscar do Eco romancista de A misteriosa chama da Rainha Loana para refletir sobre as relações entre o espaço e memória e como tal percurso é fundamental para a formação da identidade – novamente a identidade, assim como o primeiro artigo de que falamos. E a travessia fecha-se... travessias... Travessias.

Boa Leitura.

Os editores,
Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
Cláudia Parra - Editora-adjunta
Leonardo Vicente Vivaldo - Editor-adjunto
Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta

Publicado: 17-03-2019

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