CONSUMO DA CULTURA AUDIOVISUAL POR SURDOS: PERFIL SOCIOLINGUÍSTICO E QUESTÕES PARA PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E DE TRADUÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v10i22Resumo
Nesse artigo, apresenta-se o perfil sociolinguístico de surdos que consomem a cultura audiovisual brasileira traçado em uma pesquisa maior que objetivou avaliar a preferência da comunidade surda em relação às janelas de Libras, que são espaços destinados à veiculação da tradução e da interpretação da língua de sinais em obras audiovisuais. A pesquisa foi realizada por meio de um questionário virtual bilíngue que circulou entre a comunidade surda por meio das redes sociais e foi respondido por 168 surdos jovens e adultos que estudaram, majoritariamente, em escola regular inclusiva sem o acompanhamento de intérpretes, com nível superior, falantes de Libras, com o domínio da língua portuguesa escrita, que preferem assistir mais produções na TV aberta com o recurso da legenda em língua portuguesa. O perfil traçado na pesquisa pode contribuir para o planejamento de políticas linguísticas e de tradução voltadas à democratização da comunicação de massa para pessoas surdas.
Palavras-chave: Tradução audiovisual. Políticas linguísticas. Libras. Cultura audiovisual.
Downloads
Referências
ALBRES, Neiva de Aquino; SANTIAGO, Vânia de Aquino; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Interações em redes sociais e as representações sobre a liderança da comunidade surda em textos verbo-visuais. Calidoscópio, Vol. 13, n. 2, p. 201-209, 2015. Disponível em: http://10.4013/cld.2015.132.06. Acessado em 28/04/2020.
ANTUNES, Marcia Arnaud. A proteção jurídica dos direitos linguísticos: uma abordagem multidisciplinar. Revista da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. São Bernardo V. 12, p. 253-269, 2006. Disponível em: https://revistas.direitosbc.br/index.php/fdsbc/article/view/310/214. Acesso em 29/04/2020.
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2016 (Impresso).
BRASIL. Lei Nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.
______. Decreto 7.612 de 17 de novembro de 2011. Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Viver sem Limite. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7612.htm.
______. Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 20 de janeiro de 2010.
______. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm>. Acesso em: 20 de janeiro de 2010.
______. Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm#art18.
BRAIT, Beth. Olhar e ler: verbo-visualidade em perspectiva dialógica. Bakhtiniana, Rev. Estud. Discurso, V. 8, N. 2 (2013): 43-66. Scielo. 18/03/2017. http://www.scielo.br/pdf/bak/v8n2/04.pdf.
BRITTOS, Valério Cruz; COLLAR, Marcelo Schmitz. Direito à comunicação e democratização no Brasil. In: MARTINS, E. M.; PIERANTI, O. P. Democracia e regulação dos meios de comunicação de massa. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.
CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato; KNECHTEL, Maria do Rosário Knechtel; MORALES, angélica Góis Morales. Movimentos sociais, multiculturalismo e educação: desafios para a sociedade contemporânea. Educação. Santa Maria, v. 37, n. 3, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/4171/3973. Acesso em 18/02/2021.
EMILIANO, Bruna; NASCIMENTO, Vinícius. Tradução audiovisual da Libras: levantamento e análise de obras depositadas na Cinemateca Brasileira. (Relatório de Pesquisa). Iniciação Científica (CNPq - Processo: 129782/2019-0). Laboratório de Tradução Audiovisual da Língua de Sinais, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2020.
FARIA, Nubia Guimarães; SILVA, Daniel Carvalho. Legendas e janelas: questão de acessibilidade. Revista Sinalizar, v.1, n.1, p. 65-77, jan./jun 2016. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/revsinal/article/view/36156.
GRECO, Gian Maria. The nature of accessibility studies. Journal of Audiovisual Translation. Volume 1, Issue 1 (2018): 205-232. Open Journal Systems. 14/04/2020. http://www.jatjournal.org/index.php/jat/article/view/51/10.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; ALBRES, Neiva de Aquino; DRAGO, Silvana Lucena dos Santos. Política para uma educação bilíngue e inclusiva a alunos surdos no município de São Paulo. Educ. Pesqui. [online]. 2013, vol.39, n.1, pp.65-80. ISSN 1517-9702. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-97022013000100005. Acesso em 29/04/2020.
LIMA, Venício A. de. Mídia, rebeldia urbana e crise de representação. In: ROLNIK, R (Org.). Cidades Rebeldes. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.
LODI, Ana Claudia Balieiro. Plurilinguismo e surdez: uma leitura bakhtiniana da história da educação dos surdos. Educação e Pesquisa, V. 31, N. 3, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-97022005000300006. Acesso em 18/02/2021.
MARTINS, Vanessa Regina de Oliveira. Educação de surdos no paradoxo da inclusão com intérprete de língua de sinais: relações de poder e (re)criações do sujeito. (Dissertação). Mestrado e Educação. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
MINAYO, Maria Cecilia de S.; SANCHES, Odécio. Quantitativo-Qualitativo: oposição ou complementaridade? Cad. Saúde Pública. V. 9, N.3 (1993): 239-262. Scielo. 18/03/2017. http://www.scielo.br/pdf/csp/v9n3/02.pdf.
MOURA, Maria Cecília de. O Surdo: caminhos para uma nova identidade. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.
NASCIMENTO, Vinícius; FORNARI, Rodrigo Vecchio; SEGALA, Rimar Ramalho. Tradução e pesquisa: o uso de questionário bilíngue para o mapeamento da usabilidade e preferência de janelas de Libras na comunidade surda. Gragoatá, Niterói, v.24, n. 49, 2019. Disponível em: https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/34092/22237. Acesso em 18/02/2021.
NASCIMENTO, Vinícius; NOGUEIRA, Tiago Coimbra. Tradução audiovisual e o direito à cultura: o caso da comunidade surda. PERcursos Linguísticos, v. 9, n. 21, p. 105-132, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/percursos/article/view/23740. Acesso em: 18 fev. 2021.
NASCIMENTO, Vinícius. Janelas de Libras e gêneros do discurso: apontamentos para a formação e atuação de tradutores de língua de sinais. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas. Vol. 56. N. 2, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/010318138649203273941. Acesso em 10/07/2020.
NASCIMENTO, Vinícius. Gêneros do discurso e verbo-visualidade: dimensões da linguagem para a formação de tradutores/intérpretes de Libras/Português. In: BRAIT, B.; MAGALHÃES, A. S. Dialogismo: teria e(m) prática. São Paulo: Terracota, 2014.
NASCIMENTO, Marcus Vinícius Batista. Formação de intérpretes de libras e língua portuguesa: encontros de sujeitos, discursos e saberes. (Tese). Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.
NASCIMENTO, Marcus Vinícius Batista. Interpretação da língua brasileira de sinais a partir do gênero jornalístico televisivo: elementos verbo-visuais na produção de sentidos. (Dissertação) Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.
HIDAKA, Leonardo Jun Ferreira. Introdução ao direito internacional dos direitos humanos. In: LIMA JR, J. B. Manual de Direitos Humanos Internacionais: Acesso aos Sistemas global e regional de Proteção dos Direitos Humanos. Boa Vista: GAJOP, 2002.
PADDEN, Carol.; HUMPHRIES, Tom. Deaf in America: voices from a culture. Boston: Harvard College, 1988.
PINHEIRO, Daiane. Produções surdas no YouTube: consumindo a cultura. In: KARNOPP, L.; KLEIN, M.; LUNARDI-LAZZARIN, M. L. (Org.) Cultura surda na contemporaneidade: negociações, intercorrências e provocações. Canoas: Editora da ULBRA, 2011.
QUADROS, Ronice Muller de. Libras. São Paulo: Parábola Editorial, 2019.
QUADROS, Ronice Muller de. Efeitos de modalidade de língua: as línguas de sinais. Educação Temática Digital, Campinas, v. 7, p. 168-178, 2006.
QUADROS, Ronice Muller de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Editora Artmed, 1997.
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Política linguística: do que se trata, afinal? In: NICOLAIDES, C.; SILVA, K. A.; TILIO, R.; ROCHA, C. H. (Org.) Política e políticas linguísticas. Campinas: Pontes Editores, 2013.
REICHERT, André Ribeiro. Mídia televisiva sem som. Dissertação. (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 2006.
REZENDE, Guilherme Jorge. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000.
RODRIGUES, Carlos Henrique. Formação de intérpretes e tradutores de língua de sinais nas universidades federais brasileiras: constatações, desafios e propostas para o desenho curricular. Translation. N. 15, p. 197-222, Porto Alegre, 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/translatio/article/view/79144/48558. Acesso em 30/04/2020.
RODRIGUES, Carlos Henrique. Interpretação simultânea intermodal: sobreposição, performance corporal-visual e direcionalidade inversa. Revista da ANPOLL. V. 1. N. 44. (2018): 111-129. Portal da ANPOLL. 04/06/2019. https://revistadaanpoll.emnuvens.com.br/revista/article/view/111/940.
RODRIGUES, Carlos Henrique; SANTOS, Silvana Aguiar. A interpretação e a tradução de/para línguas de sinais: contextos de serviços públicos e suas demandas. Tradução em Revista. V. 24, N. 12 (2018): 1-29. Maxwell-PUC-Rio. 02/03/2019. https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/34535/34535.PDF.
SANTOS, Silvana Aguiar dos.; FRANCISCO, Camila. Políticas de Tradução: um tema de políticas linguísticas? Fórum Linguístico, V. 15, N. 1, Florianópolis, p. 2939-2949. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/forum/article/view/1984-8412.2018v15n1p2939/36255. Acesso em 29/04/2020.
SCHMIDT, Felipe. Pessoas com deficiência: breves notas sobre sua terminologia, seu conceito jurídico e sua disciplina constitucional no Brasil. Revista Jurídica do MPE-TO, Ano 12, Nº 17, 2019. Disponível em: http://cesaf.mpto.mp.br/revista/index.php/revistampto/article/view/14/3. Acesso em 29/01/2021.
SKLIAR, Carlos. Os estudos surdos em educação: problematizando a normalidade. In: SKLIAR, Carlos. (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 2005.
TORRES, Elizabeth Fatima; MAZZONI, Alberto Angel. O direito de acesso à televisão nos meios televisivos: onde está a inclusão? Inclusão Social, Brasília, v. 2, n. 1, 2007. Disponível em: <http://revista.ibict.br/inclusao/index.php/inclusao/article/viewFile/44/71>.
TURETTA, Beatriz Aparecida dos Reis; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Língua de sinais como língua das comunidades surdas. In: LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; SANTOS, Lara Ferreira dos; MARTINS, Vanessa Regina de Oliveira (Orgs.) Libras: aspectos fundamentais. Curitiba: Intersaberes, 2019.
VOLOCHÍNOV, Valentin. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Trad. Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons BY-NC-ND 4.0 International, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista, desde que não seja para uso comercial e sem derivações.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.