A CONDIÇÃO HETEROGÊNEA DA FORMAÇÃO DISCURSIVA E A FRAGMENTAÇÃO DA FORMA-SUJEITO: UM SUJEITO “DIVIDIDO” ENTRE AS QUESTÕES IDEOLÓGICAS E A CIÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v12i25.p155-164Palavras-chave:
Contradição, Formação Discursiva, Forma-sujeito, Fragmentação da Forma-sujeito, Posições-sujeitoResumo
Este estudo toma como aporte teórico-metodológico a Análise de Discurso Francesa, e parte do pressuposto de que uma formação discursiva (FD) tem fronteiras porosas, o que possibilita o atravessamento de saberes e nos permite dizer que a FD pode ser lugar de igualdade, mas também pode abrigar a diferença e a contradição. A partir disso, amparados em Indursky (2008), propomos um deslocamento de algumas questões teóricas, principalmente naquilo que tange à fragmentação da forma-sujeito da FD, o que implica admitir que assim como a formação discursiva, a forma-sujeito também é heterogênea, isto é, abriga a diferença e a ambiguidade em seu interior. Em consequência disso, a forma-sujeito é espaço para várias posições-sujeito, as quais vão se delineando conforme há distanciamento dos saberes que organizam a posição-sujeito dominante. Diante dessa perspectiva, pautados nesta possibilidade de deslocar a teoria, este artigo tem o objetivo analisar as contradições e tensionamentos discursivos presentes em uma declaração do ex-ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Em específico, o corpus está relacionado ao episódio no qual, sem saber que a reunião do Conselho Federal de Saúde Suplementar estava sendo transmita via internet, Ramos declarou ter sido imunizado para a Covid-19, embora não era a orientação, conforme o próprio ex-ministro revelou.
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