O DISCURSO FUNDADOR NA CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS EM CERRO LARGO (RS): UMA LEITURA DE NOMES DE RUAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51951/ti.v12i25.p181-195

Palavras-chave:

Nomes de ruas, valoração, ideologia

Resumo

Neste trabalho, problematizamos nomes de ruas enquanto signos ideológicos que apontam para a construção de determinados projetos discursivos no espaço urbano. Analisamos os sentidos produzidos por nomes de ruas do centro de Cerro Largo, uma cidade situada no interior do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Das 20 ruas que compõem o centro da cidade, delimitamos a análise à compreensão de oito nomes de ruas. O critério de seleção adotado consistiu na eleição de nomes de ruas que tenham relação com sujeitos ou eventos históricos. Tomamos como fundamentação teórica central a teoria do Círculo de Bakhtin e, no que se refere à metodologia de análise, realizamos o cotejamento entre textos (GERALDI, 2012) desenvolvido no terreno do paradigma indiciário de leitura (GINZBURG, 1989). Notamos que os nomes das ruas sustentam um projeto discursivo que elege a etnia alemã e a religião católica como centros de valor que remetem à origem e à organização da cidade. Com isso, narrativas que envolvam outros grupos sociais não recebem visibilidade no cenário urbano do município. Os nomes das ruas revelam, assim, um certo monolinguismo e univocidade ao construir uma história da cidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BAKHTIN, M. M. O freudismo: um esboço crítico. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Perspectiva, 2009.

EAGLETON, T. Ideologia: uma introdução. Tradução de Silvana Vieira e Luiz Carlos Borges. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2019.

ESTAÇÃO PRIMAVERA. Revista Estação Primavera. Cerro Largo: Editora Integração Ltda., n. 09, out. 2002.

FOLHA VIP. Cerro Largo Cem Anos. Cerro Largo: Folha da Produção, n. 03, 2002.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

GERALDI, J. W. Ancoragens - Estudos bakhtinianos. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.

______. Heterocientificidade nos estudos linguísticos. In: GEGe. Palavras e contrapalavras: enfrentando questões da metodologia bakhtiniana. São Carlos: Pedro & João Editores, 2012

GINZBURG, C. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

GUIMARÃES, E. Cidade. Endici. 2013. Disponível em: https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete%2Fview&id=45. Acesso em: 20 nov. 2020.

______. Centro. Endici. 2020. Disponível em: https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete%2Fview&id=103. Acesso em: 21 abr. 2020.

KERN, A. A. et al. Arqueologia pré-histórica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991.

KERN, A. A. Introdução. In: Arqueologia pré-histórica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991, p. 05-12.

MANETTA, A. Cidade, memória e a formação de sentidos urbanos na dialética do espaço geográfico. Rua. Campinas, v. 1, n. 23, p. 77-91, jun. 2017.

MIOTELLO, V. Ideologia. In. BRAIT, B. (org). Bakhtin: conceitos-chave. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

____________. A questão da relação dos discursos fundadores com os discursos formadores. In: GRUPO DE ESTUDOS DOS GÊNEROS DO DISCURSO (GEGE). Triboluminescência: Gegelianos & Bakhtin – ainda à sombra. São Carlos: Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso – GEGE, 2005.

NUNES, J. H. Rua. Endici. 2020. Disponível em: https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete%2Fview&id=65. Acesso em: 21 abr. 2020.

PONZIO, A. A revolução bakhtiniana: o pensamento de Bakhtin e a ideologia contemporânea. São Paulo: Contexto, 2008.

_____________. Problemas de sintaxe para uma linguística da escuta. In: VOLOCHÍNOV, V. N.; BAKHTIN, M. M. Palavra própria e palavra outra na sintaxe da enunciação. São Carlos: Pedro & João Editores, 2011, p. 07-57.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CERRO LARGO. O Município. 2021. Disponível em: https://www.cerrolargo.rs.gov.br/site/conteudos/2038-a-cidade. Acesso em: 21 mar. 2021.

RAMA, Á. A cidade das letras. Tradução Emir Sader. São Paulo: Boitempo, 2015.

ROLNIK, R. O que é cidade. São Paulo: Brasiliense, 1995.

SCHNEIDER, M. D. Vozes do passado: de Serro Azul a Cerro Largo. São Luiz Gonzaga: Gráfica A Notícia, 2003.

SILVA, L. A. da. Paisagens Silenciosas: A invisibilidade do negro em Cerro Largo (RS). 2017. 111 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Políticas Públicas). Universidade Federal da Fronteira Sul, Cerro Largo, 2017.

STEFFENS, R. R.; HENZ. G. C.; SPIES, A. R. Cerro Largo, Descobrindo nosso Município. Cerro Largo: Gráfica Santo Ângelo, 1983.

TREIB, R. R. W. O potencial da arquitetura rural enxaimel de Cerro Largo/RS para o turismo rural: uma alternativa de desenvolvimento local. Cerro Largo, 2013.

VOLÓCHINOV, V.; (BAKHTIN, M.). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2017.

Publicado

05-07-2022

Como Citar

ANA BEATRIZ FERREIRA DIAS; RAFAELA OPPERMANN MIRANDA. O DISCURSO FUNDADOR NA CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS EM CERRO LARGO (RS): UMA LEITURA DE NOMES DE RUAS. Travessias Interativas, São Cristóvão-SE, v. 12, n. 25, p. 181–195, 2022. DOI: 10.51951/ti.v12i25.p181-195. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/Travessias/article/view/16926. Acesso em: 13 nov. 2024.

Edição

Seção

Estudos Linguísticos