Futebol, branquitude e relações étnico-raciais
o caso Vini Jr.
DOI:
https://doi.org/10.33467/conci.v6i.20130Palavras-chave:
racismo, futebol, branquitude, cláusula antirracista, Vini Jr.Resumo
O presente artigo aborda o racismo sofrido pelo jogador brasileiro do Real Madrid, Vini Jr, em maio de 2023, e que mobilizou uma ampla discussão midiática. O objetivo do trabalho é compreender as condições de possibilidade da reação de Vini Jr., ao paralisar o jogo e apontar um dos autores dos atos racistas, mantendo-se, após o episódio, firme em denunciar La Liga como omissa e conivente com o racismo. Entende-se que essa reação, incomum diante de tantos episódios de racismo no futebol “europeu”, é efeito de novas configurações nas relações de poder que estão tensionadas pela reemergência da extrema-direita, a eclosão de movimentos antirracistas e da postura insubmissa de esportistas negros em vários países. Ao analisar as condições de possibilidade da atitude de Vini Jr, utilizamos a teoria da performatividade, a partir de postagens no Twitter, para localizar discursos que são, ao mesmo tempo, ações, ou seja, que produzem aquilo que dizem. Nos marcos de uma pesquisa exploratória, foi formulada a possibilidade jurídico-política de disseminar cláusulas antirracistas nos contratos de jogadores negros, integrantes de minorias étnicas e/ou imigrantes que produza o reconhecimento e a reparação para esses grupos que, inclusive, sustentam a qualidade do futebol “europeu”.
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