As redes sociais digitais e a educação bilíngue: a emergência das "bolhas" e "espumas" surdas

Autores

  • Simone Lorena Silva Pereira Universidade Federal de Sergipe
  • Gladis Teresinha Taschetto Perlin Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.29276/redapeci.2015.15.33785.578-590

Resumo

Este trabalho discute questões relacionadas ao uso das redes sociais digitais como interface para potencializar a sociabilidade e a prática da educação bilíngue de surdos. Compreende a educação bilíngue de surdos como pedagogia surda, ou seja, um conjunto de saberes e práticas educacionais voltadas à especificidade linguística e cultural do indivíduo surdo, que tem na língua de sinais a sua primeira língua. Desta forma, buscou-se apreender experiências de professores com estudantes surdos nos seguintes espaços sociais digitais: Blog e Facebook. O artigo aponta para a importância dos espaços sociais digitais como ambientes que privilegiam as narrativas viso-culturais surdas em que as “bolhas identitárias” (identidade digital do usuário) apresentam um conjunto de valores culturais e linguísticos que se manifestam através destas redes. E, apesar de não ter em si, claramente, foco na pedagogia surda, observou-se que as experiências docentes analisadas reforçam a importância de perceber nesses espaços, o comportamento e as atitudes dos surdos que constituem-se como espumas que chamamos de “nascentes”, pois cada vez mais acontecem (des) encontros e fusões heterogêneas e fluídas entre as bolhas identitárias que resultam numa protossociabilidade marcada pela liberdade de emissão, participação e compartilhamento.

Palavras-chave: Educação bilíngue. Redes sociais digitais. Sociabilidade.

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Biografia do Autor

Simone Lorena Silva Pereira, Universidade Federal de Sergipe

Graduada em Letras, Especialista em Libras e Educação Especial, Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e bolsista CAPES/CNPQ. Foi professora de LIBRAS e Língua Portuguesa no Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES). Atualmente pesquisa sobre questões referentes as interfaces das redes sociais digitais e os aplicativos educacionais na educação de surdos

Gladis Teresinha Taschetto Perlin, Universidade Federal de Santa Catarina

Gladis Perlin, Surda, Teóloga, Mestre e Doutora em Educação de surdos. Professora no Centro de Ciências da Educação - UFSC. Suas atividades em pesquisa voltam-se para os Estudos Surdos um campo de investigação em conexão com teorias que enfatizam a diferença e alteridade cultural dos surdos, e promovem  um contra discurso às questões de surdez como deficiência. Têm focalizado as narrativas culturais provenientes dos espaços surdos e seus cruzamentos com a teoria cultural recente, bem como a teoria pós-estruturalista Neste campo tem desenvolvido estudos, publicado artigos, bem como orientando teses e dissertações.

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Publicado

2015-12-31

Edição

Seção

Seminário Nacional do EDaPECI: "Educação Digital na Contemporaneidade"