RELIGIÃO COMO ARMA: CRISTIANISMO E DOMINAÇÃO COLONIAL NA LITERATURA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47250/forident.v35n1.p13-26

Palavras-chave:

Religião e Literatura, Proselitismo Cristão, Colonialidade na Literatura, Narrativas do Epistemicídio

Resumo

A religião cristã, em Things Fall Apart, de Chinua Achebe (2017), Purple Hibiscus, de Chimamanda Ngozi Adichie (2017), e A Queda do Céu: palavras de um xamã yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert (2019), é tratada como uma inequívoca estratégia de Soft Power, aplicada para facilitar processos de dominação colonial e dinâmicas de expansão do capitalismo. Espelhando um processo histórico-cultural de inferiorização da diferença (SAID, 2003; FANON, 2008), apresentado aqui a partir do romance Robinson Crusoé [1917], essas obras sugerem que o proselitismo, entendido como obrigação de converter, justifica moralmente a missão civilizatória e viabiliza a expropriação de comunidades originárias, por meio da produção de fissuras em seu tecido social e de processos epistemicidas silenciosos que, mesmo no contemporâneo, continuam enquanto colonialidade (QUIJANO, 2005), determinando os modos de relação intersubjetivos.

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Biografia do Autor

Tiago Silva, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Professor de Língua e Literaturas de Língua Inglesa no Instituto de Letras da UFBA. Doutor em Letras pela UFPE (2018) com estágio pós-doutoral em Letras pela UFS (2021).

Referências

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Publicado

2022-12-19

Como Citar

SILVA, Tiago. RELIGIÃO COMO ARMA: CRISTIANISMO E DOMINAÇÃO COLONIAL NA LITERATURA. Revista Fórum Identidades, Itabaiana-SE, v. 35, n. 1, p. 13–26, 2022. DOI: 10.47250/forident.v35n1.p13-26. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/forumidentidades/article/view/18473. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

ABORDAGENS DECOLONIAIS NA LITERATURA