MATERNIDADE E SEGREGAÇÃO EM CONCEIÇÃO EVARISTO
Resumo
Tendo em vista a urgência das discussões étnico-raciais e de gênero, propõe-se neste artigo a análise das estratégias empregados pela autora Conceição Evaristo nos contos “Olhos d’àgua” e “Quantos filhos Natalina teve?”, a fim de desafiar os paradigmas identitários historicamente impostos às mães afrodescendentes, seja pela literatura, seja pela esfera social como um todo. Pautando-nos, especialmente, nas leituras pós-coloniais e feministas de autores como Bonnici (1998), SAID (1995), Spivak (2010) e Badinter (1985), traçamos como objetivo geral analisar o trabalho de humanização da mulher negra empreendido nos contos em questão e como objetivos específicos: a) identificar o olhar deturpado, misógino e racista com que a literatura canônica brasileira retrata a figura da mãe negra b) compreender a ótica e ética revisionistas propostas na literatura afro-brasileira em torno dos conceitos de gênero, raça e, especificamente, maternidade.