APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ENTRE AS NOÇÕES DE SUJEITO DE FERNANDO GONZÁLEZ REY E DE JORGE LARROSA: A SUBJETIVIDADE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS NATURAIS
Resumo
O presente texto se dedica a pensar a formação de professores de ciências naturais à luz de duas teorias da subjetividade. A primeira delas, o sujeito psicológico de Fernando González Rey, se fundamenta nas teorias de inspiração social na psicologia, segundo a qual o sujeito se constitui a partir de sua reflexibilidade ativa. De forma parecida, Jorge Larrosa se utiliza da atmosfera criada a partir da experiência como algo nos acontece, nos toca e nos transforma. Uma das principais diferenças entre os autores está no papel do sujeito na emergência da subjetividade. González Rey enfatiza no sujeito sua condição de autor e destaca a impossibilidade de produção de subjetividade a partir de uma possível situação de vítima dos acontecimentos. No que parece ser a contramão dessa visão, Larrosa compara o sujeito a um território de passagem, e reforça seu papel receptivo à experiência que dele se apodera. Existe um aparente consenso entre esses autores de que o sujeito é ao mesmo tempo produtor e produto de sua própria subjetividade. Essa ideia de ciclo, em que o sujeito e a subjetividade configuram um ao outro, reforça as visões de formação como um processo autodirigido e abre possibilidades de aprofundamento das práticas de autoformação, no sentido de "formação de si”, e de coformação, no sentido de "formação de si, no contato com outras pessoas em formação”.