Maternidade entre culturas em As alegrias da Maternidade, de Buchi Emecheta

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47250/forident.v38n1.p179-191

Palavras-chave:

Literatura Anglófona Contemporânea, Gênero, Colonialidades

Resumo

Em Feminism with a small f (1988), Buchi Emecheta aponta para um fenômeno interessante: o trânsito, o movimento entre/através de culturas. De uma pequena comunidade rural Ibo para uma Lagos Iorubá, fortemente modelada por valores coloniais britânicos, a protagonista do romance As Alegrias da Maternidade, Nnu-Egu tem roubada de si a rede de apoio, construída na e através da estruturação poligâmica de sua cultura original. Como resultado desse deslocamento, a personagem é reposicionada numa rede simbólica capitalista, machista e individualista, que a impede de existir de forma confortável no mundo. Seu deslocamento culmina, assim, em sua transformação, de anafêmea, no primeiro contexto, cujo corpo é regido por normas culturais pré-coloniais, como define Oyèrónké Oyéwùmí (1997), em mulher, cujo corpo é atravessado pela lógica colonial capitalista. Seu movimento afeta, sobretudo, sua maternidade, vivida enquanto condição indispensável à existência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tiago Silva, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Professor de Língua e Literaturas de Língua Inglesa no Instituto de Letras da UFBA. Doutor em Letras pela UFPE (2018) com estágio pós-doutoral em Letras pela UFS (2021). Pesquisador vinculado ao GELCCO, REBRALLI e ERAS.

Referências

ANZALDÚA, Gloria. E. Borderlands/La Frontera: the new mestiza. São Francisco: Aunt Lute, 1987.

BORDINGNON, Danielle Massulo. A Imposição da Maternidade como Violência em “The Joys of Motherhood”, de Buchi Emecheta. Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2022.

EMECHETA, Buchi. “Feminism with a Small ‘f’!”. In: Kirsten H. Petersen (ed.), Criticism and Ideology: Second African Writer’s Conference, Stockholm 1988, Uppsala: Scandinanvian Institute of African Studies, 1988, pp. 173-181.

EMECHETA, Buchi. The Joys of Motherhood. England; Wales: Heinemann, 2008.

EMECHETA, Buchi. As Alegrias da Maternidade. Porto Alegre: Dublinense, 2018.

NASCIMENTO, Beatriz. Transcrição do Documentário Orí. In: NASCIMENTO, Beatriz. Beatriz Nascimento, quilombola e intelectual: possibilidade nos dias da destruição. 1 ed. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018. p. 326-340.

OKOLI, Izuchukwu Kizito. The Umunna Ontology in Igbo Worldview and Its Dwindling Fortune in Recent Times. Ohazurume: Unizik Journal of Culture and Civilization, Akawa, vol. 1, p. 75-84, 2022. Disponível em: https://acjol.org/index.php/ohazurume/article/view/2634.

OYÉWÙMÍ, OYÈRÓNKÉ. The Invention of Women: Making of African Sense of Western Gender Discoures. London: University of Minnesota Press, 1997.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005.

WALTER, Roland. Narrative Identities: (Inter)Cultural In-Betweennes in the Americas. Bern: Peter Lang, 2003.

Publicado

2023-12-30

Como Citar

SILVA, Tiago. Maternidade entre culturas em As alegrias da Maternidade, de Buchi Emecheta. Revista Fórum Identidades, Itabaiana-SE, v. 38, n. 1, p. 179–191, 2023. DOI: 10.47250/forident.v38n1.p179-191. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/forumidentidades/article/view/v38p179. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Por que escrevem as mulheres e as representações do corpo-mulher

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)