PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) EM CORURIPE/AL: REAPROXIMAÇÃO PRODUÇÃO E CONSUMO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS (NATIONAL SCHOOL FOOD PROGRAM (PNAE) IN CORURIPE/AL: REAPROXIMATION PRODUCTION AND CONSUMPTION OF HEALTHY FOODS)
DOI:
https://doi.org/10.33360/RGN.2318-2695.2019.i2especial.p.151-172Resumo
RESUMO:
Este artigo discute o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) como um instrumento de reaproximação entre produção e consumo alimentar no sentido contrário a padronização dos hábitos alimentares promovidos pela massificação de alimentos industrializados. Ressaltamos o papel do Estado como articulador dessa reaproximação a partir do reconhecimento do agricultor familiar como produtor e fornecedor de alimentos frescos e diversificados através da aplicação do artigo 14 da lei 11.947/2009 que está em consonância com os princípios da Segurança Alimentar Nutricional. Nesse sentido, buscamos avaliar a aplicação desse artigo nas compras de alimentos para alimentação escolar oferecida aos alunos da rede pública municipal de Coruripe em Alagoas. As chamadas públicas de 02/2016 e 01/2017, além de entrevistas realizadas no segundo semestre de 2017, com nutricionistas da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e os agricultores familiares foram as principais fontes das informações para tal avaliação. Ainda como metodologia, realizamos revisão bibliográfica acerca da temática, levantamento de dados secundários em sites oficiais como FNDE, IBGE, INEP e da Prefeitura de Coruripe/AL. Constatamos que desde 2012 a prefeitura executa as diretrizes propostas pelo PNAE readequando o Cardápio Escolar à predisposição agrícola do município com a finalidade de estimular a produção diversificada no âmbito da agricultura familiar e o desenvolvimento local. Contudo, a realidade organizativa dos agricultores requer revisão no processo de compras para inclusão de novos produtores, assim como maior aproveitamento desse espaço para promover discussões sobre maneiras sustentáveis de produzir alimentos.
Palavras-chave: Agricultura familiar; Alimentação escolar; PNAE.
ABSTRACT:
This article discusses the National Program of School Feeding (PNAE) an instrument of rapprochement between production and food consumption in the contrary sense to the standardization of eating habits.We emphasize the role of the State as an articulator of the rapprochement based on the recognition of the farmer known as a producer and supplier of fresh and diversified foods with the application of article 14 of Law 11.947 / 2009 which is in line with the principles of Food Nutrition Safety.We evaluated the application of this Law in the purchase of food for school feeding offered to students of the municipal public network of Coruripe in Alagoas. We interviewed nutritionists who work in the Municipal Department of Education (SEMED) and family farmers.A bibliographic review was done on the subject, secondary data collection on official websites such as FNDE, IBGE, INEP and of the town hallof Coruripe / AL. We find that since 2012 the city has implemented the guidelines proposed by the PNAE, re-adapting the School Menu to the agricultural predisposition of the municipality with the purpose of stimulating diversified production in the area of family agriculture and local development. However, the organizational reality of farmers requires revision in the purchasing process to include new producers. We found that the PNAE has contributed to the preservation of local eating habits.
Keywords: Family agriculture; School feeding; PNAE.
Downloads
Referências
REFERÊNCIAS
ABREU, Kate Dayana Rodrigues de. A implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em municípios de pequeno porte: Implicações práticas e teóricas. Dissertação (CMAPG) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo, 2014.
BACCARIN, José G., TRICHES, Rozane M., TEO, Carla R. P. A., SILVA, Denise B. P. da. Indicadores de Avaliação das compras da Agricultura Familiar para Alimentação Escolar no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. RESR. Piracicaba, SP, Vol. 55, nº 1, p. 103-122, 2017 – Impressa em junho de 2017.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Tempos e espaços nos mundos rurais do Brasil. Ruris, nº 1, v, 1, 2007. p. 37-64.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Plantar, colher, comer: um estudo sobre o campesinato goiano. Rio de janeiro, Edições Graal, 1981.
BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Lei nº 11.947 de 2009. Estabelece as diretrizes do PNAE. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 jun. 2009. Disponível em www.fnde.gov.br.
__________. Lei nº 11.346 de 15 de setembro de 2006. Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. SISAN. 2006. Disponível em
CARNEIRO, Henrique Soares. Estudos sobre alimentação: entre saberes da vida cotidiana e impasses agroindustriais. USP AGRÁRIA, São Paulo, nº. 17, 2012, pp. 93-103.
CONSEA. Princípios e Diretrizes de uma Política de Segurança Alimentar e Nutricional. Textos de Referência da II Conferência nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília, 2004.
CONTI, Irio Luiz. Interfaces entre direito humano à alimentação adequada, soberania alimentar, segurança alimentar e nutricional e agricultura familiar; IN: CONTI, Irio Luiz e SCHROEDER, Edni Oscar (Org.). Convivência com o Semiárido Brasileiro: Autonomia e Protagonismo Social. Editora IABS, Brasília-DF, Brasil - 2013. p. 135-146.
FISCHLER, Claude. El (h)omnívoro: el gusto, la cocina y el cuerpo. Barcelona: Anagrama, 1995.
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Resolução CD/FNDE nº 26/2013. Acesso em 2018.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Ed. Unesp, 1991.
GRISA. Cátia, Para além da alimentação: papéis e significados da produção para autoconsumo na agricultura familiar. Revista Extensão Rural, DEAER/CPGExR – CCR – UFSM, Ano XIV, Jan – Dez de 2007.
GRISA, Cátia e SCHNEIDER, Sérgio. Três gerações de Políticas Públicas para a Agricultura Familiar e formas de interação entre sociedade e Estado no Brasil. RESR, Piracicaba, SP, Vol. 52, Supl. 1, p. S125-S146, 2014 – Impressa em fevereiro de 2015.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Censo Agropecuário 2006. Rio de Janeiro, 2006.
______. Censo Agropecuário 2017, Dados preliminares. Acesso em agosto de 2018.
MACIEL, Lucas Ramalho. Mercado Institucional de Alimentos: potencialidades e limites para a agricultura familiar. Brasília, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2008.
MENASCHE, Renata. Campo e cidade, comida e imaginário: percepções do rural à mesa. Ruris, Campinas, v. 3, n. 2, p. 195-218, ago. 2010.
MENEZES, Sonia de S. M. Alimentos Identitários: Uma Reflexão Para Além Da Cultura. Revista GEONORDESTE, Ano XXIV, n. 2, 2013.
ORTIGOZA, Silvia Aparecida Guarnieri. Alimentação e saúde: as novas relações espaço-tempo e suas implicações nos hábitos de consumo de alimentos. R. RA´E GA, Curitiba, Nº. 15, p. 83-93, 2008. Editora UFPR.
PREFEITURA MUNICIPAL DE CORURIPE/AL. Chamadas públicas nº 02/2016 e nº 01/2017. Publicadas em< www.coruripe.al.gov.br>
QEDU – Lista completa das escolas cidades e estados. www.qedu.org.br acesso em 2018.
RAU, Raquel. Modos de comer, modos de viver: um olhar sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar e suas interfaces com a cultura e o desenvolvimento local a partir de famílias rurais pomeranas de São Lourenço do Sul. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. 2016, p 194.
RIBEIRO, Cilene da Silva Gomes, PILLA, Maria Cecilia Barreto Amorim. Segurança alimentar e nutricional: interfaces e diminuição de desigualdades sociais. DEMETRA: ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO & SAÚDE, Nº 9, v. 1, p. 41-52, 2014.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002.
SARAIVA, Elisa B. SILVA, Ana Paula F. da. SOUSA, Anete A. de. CERQUEIRA, Gabrielle F. CHAGAS, Carolina M.S.TORAL, Natacha. Panorama da compra de alimentos da agricultura familiar para o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Ciência & Saúde Coletiva, 18(4):927-936, 2013.
SCHWARTZMAN, Flávia. Vinculação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) com a agricultura familiar: caracterização da venda direta e das mudanças para os agricultores familiares em municípios do estado de São Paulo. Tese (Doutorado), Programa de pós-graduação, Faculdade de saúde Pública, Universidade de São Paulo, 2015.
SILVA, Wilma Amâncio da; MIRA, Feliciano. Agricultura familiar e segurança alimentar em comunidades quilombolas do semiárido alagoano. Revista GeoSertões (Unageo/CFP-UFCG). vol.1, nº 2, jul./dez. 2016. p.60-79.
TRICHES, Rozane Márcia. Reconectando a Produção ao Consumo: a aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar para o Programa de Alimentação Escolar. Tese (doutorado em Desenvolvimento Econômico) Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
TRICHES, Rozane Marcia. SCHNEIDER, Sérgio. Desestruturar para construir: interfaces para a agricultura familiar acessar o programa de alimentação escolar. Estud. Soc. e Agric., Rio de Janeiro, vol.20, n. 1, 2012. p. 66-105.
TRICHES, Rozane Marcia; WERKHAUSEN, Angélica. O programa de alimentação Escolar como política de valorização da cultura alimentar. IN: MENEZES, S. de Souza M; CRUS, F. Thomé da. Estreitando o diálogo entre alimentos, tradição, cultura e consumo. São Cristóvão, Editora UFS, 2017.
VALANDRO, Keila. O papel do Programa Nacional de Alimentação escolar – PNAE para inserção da agricultura familiar em novos mercados: o caso da COOPAFI – Capanema. Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional. Pato Branco, 2014.
VILLA REAL, Luciana. SCHNEIDER, Sergio. Uso de programas públicos de alimentação na reaproximação do pequeno produtor com o consumidor: o caso do programa de alimentação escolar. ESTUDO & DEBATE, Lajeado, v. 18, n. 2, p. 57-79, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)
Você é livre para:
- Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato
- Adaptar - transformar e construir sobre o material
- O licenciante não pode revogar essas liberdades desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - Você deve dar crédito apropriado , fornecer um link para a licença e indicar se as alterações foram feitas . Você pode fazê-lo de forma razoável, mas não de forma que sugira que o licenciante o respalda ou o seu uso.
Não Comercial - Você não pode usar o material para fins comerciais .
- Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restringem legalmente os outros de fazer qualquer coisa que a licença permita.