AS DESIGNAÇÕES PARA “PROSTITUTA” EM TERRAS DO SEM FIM, OBRA DE JORGE AMADO
Resumo
As obras literárias são verdadeiros repositórios de informações não só de cunho literário mas de variações linguísticas, culturais, sociais e históricas. Neste sentido, trazem em seu bojo não apenas a visão de mundo de seus autores, mas recortes bem detalhados do modus vivendi de um determinado grupo sócio-histórico-cultural. Deste modo, o léxico representa o acervo no qual se depositam todas as manifestações linguísticas, literárias e culturais de uma dada sociedade. Neste sentido, desde que o homem passou a nomear os seres, animados ou inanimados, que os rodeia, o fez a partir dos fluxos sociais, culturais e históricos. No entanto, esse acervo e o modo de ver o mundo variam de língua para língua, de sociedade para sociedade, pois cada grupo tem sua maneira própria de conceber e de se expressar, sendo isso refletido na forma como categoriza as entidades componentes de sua realidade linguística e cultural. Seguindo nessa direção, Jorge Amado, escritor baiano que viveu no período compreendido entre os anos de 1912 a 2001, imprime em seus textos lexias representativas não só do falar baiano, mas da língua portuguesa, mais especificamente da variedade brasileira, as quais contam com teores semânticos bem peculiares. Enveredando pelo estudo do léxico da obra referida, foram encontradas variações lexicais para o termo “prostituta”, constando lexias como “puta”, “mulher dama”, “rameira”, “rapariga”, “mulher da vida”, “mulher fácil”, “mulher de má vida”, “amásia”, as quais revelam algumas das concepções inferidas na sociedade acerca da mulher que usa a sexualidade como instrumento de trabalho para obter o próprio sustento. Destarte, pretende-se com este trabalho apresentar o estudo dessas variações lexicais à luz da Lexicologia, a qual trata da estruturação e organização do léxico de uma dada língua, fazendo os devidos imbricamentos entre língua, literatura, cultura e sociedade.