Chamadas
Histórico das chamadas para publicação
As chamadas são semestrais e publicadas na aba Notícias, aqui é apresentado somente o histórico das chamadas.
Dossiês do volume 41 jan-jun 2024:
Ensino de Literatura: mediação literária no espaço escolar
Organizador/a: Claudio Mello (PPGL/Unicentro-PR) e Maria de Fátima Cruz (Pós-Crítica-Uneb)
O primeiro dossiê do volume 41 da Revista Interdisciplinar está voltado para o debate sobre Ensino de Literatura por diferentes perspectivas de mediação. O textos podem abordar tanto perspectivas dos estudos da recepção como das teorias do texto que privilegiem o sujeito leitor. Além desse recorte recebemos também artigos relacionados às reflexões didáticas a partir de propostas de intervenção que explorem aspectos do letramento literário e das abordagens antirracistas, próprias da mediação social-identitária. Também serão aceitos trabalhos que abordem o ensino de literatura infanto-juvenil ou juvenil e suas peculiaridades no processo de mediação literária no espaço escolar.
Dossiê: Estudos de gênero/sexualidade na literatura
Organizadoras: Jocelaine Oliveira dos Santos (IFS) e Manuela Rodrigues Santos (IFS)
O segundo dossiê Estudos de gênero/sexualidade na literatura recebe propostas de textos relacionadas aos Estudos de Gênero/Sexualidade com destaque para o debate em torno das diferentes formas de violências e sexualidades contra mulheres, gays, lésbicas, homens e mulheres trans, representadas em textos literários e outras artes. Serão aceitos trabalhos referentes aos questionamentos dos preconceitos e exclusões das identidades não hegemônicas e que valorizam representações de resistência conforme as diferentes performances de gênero.
Este volume também selecionará artigos para a Seção Livre recebidos nos últimos meses pela plataforma deste periódico.
Prazo final 30/08
CHAMADA Volume 40: jul-dez de 2023
Dossiê: Tradução em Perspectiva: teoria, prática, crítica e outros discursos
Organizadores: Profa. Dra. Mirella do Carmo Botaro (Sorbonne Université), Profa. Dra. Joyce Palha Colaça (UFS), Prof. Dr. Valter Cesar Pinheiro (UFS/PPGL)
O Conselho Editorial da Interdisciplinar: Revista de Estudos de Língua e Literatura e o Grupo de Pesquisa Transversal (Tradução Literária e outras Poiéticas Translacionais) abrem chamada para o volume 40, que terá o dossiê intitulado “Tradução em Perspectiva: teoria, prática, crítica e outros discursos”, organizado pelos professores Joyce Palha Colaça e Valter Cesar Pinheiro, da Universidade Federal de Sergipe, e Mirella do Carmo Botaro, da Sorbonne Université.
Os Estudos da Tradução são um campo disciplinar que tem progressivamente conquistado espaço e notoriedade no âmbito acadêmico. A pluralidade de reflexões – tanto teóricas quanto práticas – que essa área oferece possibilita a existência de uma vasta gama de trabalhos em que se destacam os aspectos contextuais, políticos e econômicos do processo tradutório. Assim, Casanova insere as circulações literárias que envolvem a tradução num vasto sistema de dominação centro-periferia (CASANOVA, 2002, 2021). Nesta mesma ótica, Sapiro e Lefevere consideram os diferentes fluxos de traduções como um espelho de hierarquias entre línguas dominadas e dominantes e analisam toda a cadeia de agentes envolvidos direta ou indiretamente nas circulações – editores, organizadores de coleções e antologias, críticos, mediadores e, é claro, os próprios tradutores (LEFEVERE, 1992; SAPIRO, 2014).
Às reflexões sobre a dimensão geopolítica de um texto em tradução acrescentam-se as de cunho teórico e filosófico, que, desde as últimas décadas do século XX, apontam para uma reorientação metodológica do ato de traduzir para além da binariedade fidelidade-traição. Essa nova visão ética da tradução é central no pensamento de Antoine Berman (BERMAN, 2002), de Lawrence Venutti (VENUTI, 2019, 2021) e, em certa medida, de Henri Meschonnic (MESCHONNIC, 2010), para quem a dimensão ética da tradução se dá como um respeito ao ritmo, à oralidade e à enunciação do texto. No Brasil, estas reflexões desdobram-se numa via de mão dupla que se estabelece entre reflexões de ordem teórica, prática e crítica e entre poesia e tradução (BRITTO, 2012; CAMPOS, 1967; CESAR, 1999; FALEIROS, 2012; LARANJEIRA, 1993).
Numa concepção mais ampla, antropológica, a tradução estaria na base das relações humanas. Neste sentido, ela remete a uma transferência (ESPAGNE, 2013; RIAUDEL, 2015), operação que implica deslocamento e reconfiguração de realidades, paradigmas e sistemas que regem a comunicação. Numa perspectiva intersemiótica, esta transferência ocorre entre textos de linguagens diferentes, verbais e não verbais (PLAZA, 2003; QUADROS, 2006; SEGALA, 2010). Na intersecção com outras áreas do conhecimento, a tradução pode lançar novas perspectivas à Psicanálise (ARROJO, 1993), aos Estudos Culturais (BHABHA, 1994), aos Estudos Pós-Coloniais (BANDIA, 2001; ZABUS, 2018; SUCHET 2009) e, enfim, aos Estudos Feministas e de Gênero (FLOTOW, 1991; SIMON, 1996).
A tradução é, portanto, um eixo vasto e complexo de pesquisa, conjugando muitas áreas de conhecimento para além da tradutologia, dentre as quais a História, a Antropologia, a Sociologia, a Estética e a Literatura Comparada. No intuito de refletir essa pluralidade, esse dossiê acolherá trabalhos que tratem da tradução em suas mais diversas formas, além de textos de outra natureza, como entrevistas com tradutores e traduções comentadas. Dentro dessa proposta, serão aceitos artigos individuais ou em coautoria, em português, inglês, francês e espanhol.
Referências
ARROJO, R. (1993). Tradução, Desconstrução e Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago.
BANDIA, P. (2001). Le concept bermanien de l’‘Étranger’ dans le prisme de la traduction postcoloniale. TTR: Traduction, Terminologie, Rédaction, v. 14, nº 2, p.123-139.
BERMAN, A. (2002). A prova do estrangeiro. Trad. Maria Emília Pereira Chanut. Bauru: Edusc.
BRITTO, P. H. (2012). A tradução literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
BHABHA, H. (1994). The location of culture. Londres, Nova York: Routledge.
CASANOVA, P. (2002). A República Mundial das Letras. Trad. Marina Appenzeller. São Paulo: Estação Liberdade.
CASANOVA, P. (2021). A língua mundial: tradução e dominação. Trad. Marie-Hélène Torres. Florianópolis: Editora da UFSC.
CAMPOS, H. (1992). Metalinguagem & outras metas. São Paulo: Perspectivas.
CESAR, A. C. (1999). Crítica e Tradução. São Paulo: Ática.
ESPAGNE, M. (2013). La notion de transfert culturel. Revue Sciences / Lettres, no 1, 2013.
FALEIROS, A. (2012). Traduzir o poema. Cotia: Ateliê Editorial.
FLOTOW, L. (1991). Feminist Translation: Contexts, Practices and Theories. TTR: Traduction,Terminologie, Rédaction, v. 4, nº 2, p. 69-84.
LEFEVERE, A. (1992). Translation, Rewriting and the Manipulation of Literary Fame. Londres, Nova York: Routledge.
LARANJEIRA, M. (1993). Poética da Tradução: do Sentido à Significância. São Paulo: Edusp.
MESCHONNIC, H. (2010). Poética do traduzir. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Perspectiva.
PLAZA, J. (2003). Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva.
QUADROS, R. M. (2006). Estudos surdos I. Petrópolis, RJ: Arara Azul.
RIAUDEL, M. (2015). Transfert et différence. Condition du traducteur, condition de la traduction. Écritures et Pratiques de la Traduction, E. Montel-Hurlin (org.). Neuville-sur-Saône : Chemins de tr@verse, p. 39-51.
SAPIRO, G. (2014). La guerre des écrivains. Paris: Fayard.
SEGALA, R. (2010). Tradução intermodal e intersemiótica / interlinguística: português escrito para a língua de sinais. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução), Universidade Federal de Santa Catarina.
SIMON, S. (1996). Gender in Translation: Cultural Identity and the Politics of Transmission. Londres, Nova York: Routledge.
SUCHET (2009). Outils pour une traduction postcoloniale: littératures héterolingues. Paris: Éd. Des Archives Contemporaines.
VENUTI, L. (2019). Escândalos da tradução: por uma ética da diferença. Trad. Valéria Biondo, Marileide Dias Esqueda, Laureano Pelegrin, Lucinéia Marcelino Villela. São Paulo: Editora da UNESP.
VENUTI, L. (2021). A invisibilidade do tradutor: uma história da tradução. Trad. Valéria Biondo, Laureano Pellegrin, Lucinéia Marcelino Villela, Marileide Dias Esqueda. São Paulo: Editora da UNESP.
ZABUS, C. J. (2007). The African palimpsest: indigenization of language in the West African europhone novel. Amsterdã: Rodopi.
Prazo para a submissão do volume 40: entre 01/05/2022 e 10/10/2023.
Meio de envio: pela plataforma da revista
https://www.seer.ufs.br/index.php/interdisciplinar/about/submissions
Obs: O/a autor/a precisa fazer o cadastro no site da revista e, logo após, submeter o texto para ser avaliado seguindo as normas da revista. Sem identificação.
Previsão de publicação: dezembro 2023.
CHAMADA Volume 39 - jan-jun de 2023 (PRORROGADA até 30/04/2022)
Dossiê: A autoetnografia e a literatura: A voz de quem lê e interpreta uma obra literária na atualidade
Organizadores:
Prof. Dr. Daniel Manzoni de Almeida - Université de Bretagne Occidentale (UBO)
Profª Drª Josalba Fabiana dos Santos - Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Ementa do DOSSIÊ
O Conselho Editorial da Interdisciplinar: Revista de Estudos de Língua e Literatura abre chamada para o volume 39 intitulado A autoetnografia e a literatura: A voz de quem lê e interpreta uma obra literária na atualidade. A autoetnografia aplicada aos estudos literários considera como central o processo de leitura. Questões de classes sociais, gêneros, sexualidades, nacionalidades, etnias, experiências de vida e, principalmente, das relações de poder de quem lê e interpreta são centrais, porque transbordam na autoetnografia. A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie [1977-] nos lembra, em seu poderoso O perigo de uma história única (2019), sobre a força de quem tem a voz para narrar uma experiência. Essa mesma lógica não costuma ser estendida a quem lê, interpreta e entrega à circulação social a crítica de um texto literário, apesar de processos interseccionais estarem presentes nesse sujeito. Quem é essa pessoa que lê e interpreta? De que lugar quem critica e estuda a literatura fala? Como a articulação com um contexto sócio-político-cultural da pessoa que lê e interpreta pode influenciar na construção da sua intepretação no estudo de um escrito literário? Como são registradas as impressões de quem lê? E, por fim, a pergunta incômoda: a subjetividade da pessoa que lê uma obra literária deve ser levada em consideração?
A autoetnografia pode se apresentar em diferentes metodologias e surge, em meados do século XX, em resposta contrária ao objetivismo estruturalista da antropologia e se dedica à valorização de uma investigação como um processo e como um produto da investigação em que o “objeto” central é o registro da subjetividade da pessoa pesquisadora. A autoetnografia se advoga como uma forma de investigação e de escrita em que há uma análise da experiência pessoal de quem pesquisa (auto) em conjunto com uma análise sistemática (grafia) da experiência cultural (etno). É uma metodologia qualitativa radical de investigação em que a pessoa pesquisadora registra em um diário ou em uma história de leitura, por exemplo, sua subjetividade e suas objetivações. Portanto, esse registro é posto no centro do processo investigativo, tornando-se assim o próprio objeto da pesquisa, conforme podemos observar em Autoethnography: an overview (ELLIS, ADAMS e BOCHNER, 2011). É, ainda, uma forma de investigação que tem como base um engajamento político radical da pessoa pesquisadora. Dessa forma, a autoetnografia se configura na realização de uma investigação cultural em que o próprio “eu” do sujeito que investiga se reconhece e se coloca como uma voz dialogando com vozes que estão, em muitos casos, por detrás ou que são marginalizadas da construção de significados nas sociedades.
Esses processos subjetivos e metodológicos que levam à observação do processo de construção da interpretação de um poema, de um conto, de um romance pela pessoa leitora ainda são pouco explorados no campo dos estudos literários. Daí surgirem algumas questões: Qual a importância dessas subjetividades na construção de significados e interpretações da obra literária nas sociedades? Como essas intepretações podem ser importantes na construção de um outro lado ou em conjunto com as intepretações canônicas? Como a autoetnografia, enquanto potencial metodológico, pode ser importante nas investigações sobre os processos de subjetivação e interpretação de um poema, de um conto, de um romance pela pessoa pesquisadora em estudos literários?
Seguindo essa perspectiva, serão bem vindos textos frutos de pesquisa que cruzam autoetnografia e estudos literários: 1) análises autoetnográficas de leituras de romances, contos e poemas estrangeiros; 2) análises autoetnográficas de leituras de romances, contos e poemas brasileiros; 3) estudos teóricos da metodologia autoetnográfica como ferramenta de análise literária; 4) estudos de diários e histórias de leitura como fonte de pesquisa em estudos literários; 5) estudos de autoetnografias de processos de escritas literárias; e 6) estudos que relacionem a autoetnografia à teoria literária.
Prazo para recebimento de artigos para o volume 39: entre 01/10/2022 e 30/03/2023. (PRORROGADO até 30/04/2023)
Meio de envio: pela plataforma da revista https://www.seer.ufs.br/index.php/interdisciplinar/about/submissions
Obs: O/a autor/a precisa fazer o cadastro no site da revista e, logo após, submeter o texto para ser avaliado seguindo as normas da revista. Sem identificação.
Previsão de publicação: até julho 2023.