A possibilidade da carta pessoal como indício de estética autoficcional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47250/intrell.v43i1.p103-116

Palavras-chave:

Autoficção. Pacto de leitura. Carta pessoal. Engajamento.

Resumo

O presente trabalho observa a carta pessoal como uma forma específica de estabelecimento de pacto de leitura, feito com um leitor-ideal particular. Se as mídias atuais permitem que biografemas sejam reconhecíveis pelo leitor, em épocas passadas o estabelecimento de um pacto ambíguo dependia de escritas de si, como a carta pessoal e o diário íntimo. Tomam-se como exemplos de estabelecimento de pactos de leitura particulares algumas cartas de Katherine Mansfield, Clarice Lispector e, com menos ênfase, Sylvia Plath. Mansfield e Plath também recorrem ao diário como possibilidade de pactos futuros. O pacto de leitura que se estabelece nas cartas, já como projeção da obra literária, procura Indicar modos de reconhecimento da ancoragem autobiográfica. Já o diário feito para ser lido projeta um leitor-ideal futuro. A estética autoficcional é marcada pelo engajamento como desvelamento do autor.

Submissão: 12 jun. 2025 ⊶ Aceite: 26 set. 2025

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Biografia do Autor

Edson Ribeiro da Silva, Centro Universitário Campos de Andrade - Uniandrade

Pós-doutor e doutor em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Teoria Literária no Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade), em Curitiba, Paraná. Autor de artigos e de obras teóricas, como A ficcionalidade da narrativa em primeira pessoa e A enunciação em A hora da estrela, dos livros de contos Diferenças iguais e Trevas contadas e do romance Morrer de novo.

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Publicado

2025-10-14

Como Citar

SILVA, Edson Ribeiro da. A possibilidade da carta pessoal como indício de estética autoficcional. Interdisciplinar - Revista de Estudos em Língua e Literatura, São Cristóvão-SE, v. 43, n. 1, p. 103–116, 2025. DOI: 10.47250/intrell.v43i1.p103-116. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/interdisciplinar/article/view/v43p103. Acesso em: 18 nov. 2025.

Edição

Seção

Estudos comparados: leituras e traduções das subjetividades identitárias