A FENOMENOLOGIA RESPONSIVA DE B. WALDENFELS DIANTE DE SARTRE: sobre o problema da liberdade

Diego Paim de Souza

Universidade Federal de Santa Maria

https://orcid.org/0000-0002-8632-7463

Palavras-chave: Fenomenologia, Ontologia, Filosofia Existencial,


Resumo

Este artigo propõe uma aproximação e uma confrontação do pensamento de Jean-Paul Sartre e Bernhard Waldenfels, na medida que ambos os autores pensam o problema da liberdade. Por um lado, Sartre é o filósofo que exime  o campo transcendental de qualquer conteúdo interior e estabelece a intencionalidade como o movimento espontâneo e vazio da consciência, que está sempre em direção a algo que ela não é. Desta forma, a consciência é constituída por uma distância, uma falta, o que mais tarde o filósofo demarca esta característica como o fundamento de um poder de recuo e de negação que informa a noção de liberdade sartreana. Waldenfels, por outro lado, busca substituir a noção de intencionalidade pela de responsividade, de forma que dê conta do fenômeno do alien. Nesta substituição, há uma aproximação com Sartre - uma concepção do ser humano como uma consciência não-fixada e portanto forçada a um determinado movimento - mas ao mesmo tempo uma divergência, pois, se para Sartre o homem é forçado a questionar e a escolher pela sua consciência espontânea e vazia em relação ao seu futuro, para Waldenfels o homem é forçado a responder diante do que interpela suas cadeias de sentido, e portanto não está em distância apenas em relação ao seu futuro, mas também ao seu passado, começa fora de si. Desta forma, Waldenfels aprimora uma concepção acerca da não-fixação humana, de seu descompasso constante com o ser, e portanto nos permite visualizar de outra forma o problema da liberdade.

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Biografia do Autor

Diego Paim de Souza, Universidade Federal de Santa Maria

Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal de Santa Maria.

Referências

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