A FILOSOFIA DE NIETZSCHE E O CINEMA DE GLAUBER ROCHA: A ESTÉTICA ENTRE A TRAGÉDIA GREGA E O SERTÃO BRASILEIRO
Vinícius Gomes Alves
Resumo
Este artigo tem por objetivo confrontar dois arquétipos estéticos distintos, a saber, a estética helênica e a estética sertânica na caracterização de um novo tipo, resultante da articulação desses dois arquétipos. Examinamos, primeiramente, a obra O Nascimento da Tragédia (2007), de Friedrich Nietzsche, procurando compreender alguns aspectos da Grécia trágica que nos aproximou do saber helênico. Em um segundo momento, procedemos a uma análise da obra cinematográfica e ensaísta de Glauber Rocha, nas quais se encontra aquilo que podemos chamar de saber sertânico e que remete ao Brasil sertão. Aqui, procuramos ampliar o entendimento das realizações estéticas no marco das produções humanas – o sujeito e o mundo – seja na história do pensamento político, social ou cultural. Ao evocar as especulações estéticas do helenismo (divino/trágico), através da compreensão de Nietzsche, e do sertanismo (divino/humano), mediada pela interpretação fílmica de Glauber Rocha, nós sustentamos a hipótese de que o tipo helênico-sertânico implica num “esbarrar” conceitual do arquétipo constituinte do sujeito grego no sujeito sertanejo.